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Trabalho escravo
Grupo Móvel resgata trabalhador em fazenda no norte de Goiás
Um trabalhador foi resgatado, no último dia 11, pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) do Ministério do Trabalho e Emprego, de condições análogas à escravidão, em Monte Alegre de Goiás (GO). Ele estava no local há 16 anos, sem nunca ter recebido salário, mantendo-se por meio de benefícios sociais e de dinheiro que recebia de terceiros. Notificado, o empregador ainda não compareceu para prestar esclarecimentos sobre o caso à auditoria fiscal.
Na terça-feira (11), a equipe de fiscalização ingressou na propriedade, denominada Fazenda Santa Rita, zona rural do município, onde encontrou o trabalhador de 43 anos, responsável pelo trato de búfalos e outros afazeres. A equipe constatou que seu vínculo empregatício não foi formalizado, ou seja, não havia registro em Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS. Além disso, não lhe foram garantidos os depósitos de FGTS e o acesso à Previdência Social, gozo de férias remuneradas, adicional de férias, décimo terceiro salário, entre outros direitos trabalhistas.
A vítima ficava em uma casa em condições precárias de conservação e higiene. Nunca foi submetido aos exames médicos e não recebeu os equipamentos de proteção individual – EPI, tendo de adquirir suas próprias ferramentas para trabalhar. A água consumida vinha de um córrego e não passava por nenhum processo de tratamento. Para beber, o trabalhador tinha que coar e ferver a água. Muitos animais tinham acesso ao ponto de retirada de água, fato que contribui para a contaminação, como fezes, urina ou microrganismos patogênicos.
Havia um fogão a gás, porém, por ocasião da inspeção, o trabalhador estava sem botijão, de modo que suas refeições eram preparadas num fogão à lenha improvisado no piso da área externa da casa. As refeições eram preparadas pelo próprio trabalhador, em condições precárias de higiene.
Diante das constatações, a equipe promoveu o resgate do trabalhador, que foi alojado na casa de parentes, recebendo dos auditores fiscais do Trabalho, a guia para recebimento do Seguro-Desemprego, num total de três parcelas de um salário-mínimo, para arcar com suas despesas essenciais e imediatas. O trabalhador também contará com assistência por parte do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) do município.
A ação, coordenada pela Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), contou com a participação do Ministério Público do Trabalho (MPT), da Defensoria Pública da União (DPU) e da Polícia Federal (PF).
Somente neste ano, a Inspeção do Trabalho resgatou 1.200 trabalhadores de condições análogas à escravidão, em 94 ações fiscais de combate ao trabalho escravo concluídas, sendo pagos R$ 4,2 milhões aos trabalhadores em razão das ações do MTE, a título de reparação de direitos trabalhistas (verbas salariais e rescisórias).
Denúncias de trabalho análogo ao de escravo podem ser feitas de forma anônima no Sistema Ipê, no seguinte endereço: https://ipe.sit.trabalho.gov.br/.