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Fiscalização
21 trabalhadores são resgatados de condições degradantes de trabalho no noroeste de MG
O Grupo Especial de Fiscalização Móvel, da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho, realizou uma operação no noroeste de Minas Gerais, entre os dias 6 e 14 de outubro, com o objetivo de erradicar o trabalho em condições análogas às de escravo, em carvoarias da região. A ação contou com o apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF),
No município de João Pinheiro, os auditores-fiscais do Trabalho flagraram 15 trabalhadores submetidos a condições degradantes de trabalho exercendo atividades em carvoaria existente no interior da fazenda de uma siderúrgica de Sete Lagoas. Entre esses trabalhadores, estavam dois com menos de 18 anos, que laboravam na derrubada de mata - um deles com o uso de motosserra e outro com uma machadinha - atividades relacionadas na Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP), conforme o Decreto n° 6481/2008.
Os trabalhadores estavam alojados em duas edificações da propriedade, ambas sem energia elétrica. Não havia meios de refrigeração de refeições. Também não havia espaço para todos os trabalhadores e alguns dormiam nas varandas, no chão, sem proteção adequada contra intempéries e animais peçonhentos. A água disponível para consumo era retirada de uma represa próxima à sede da fazenda com o uso de carro pipa que abastecia a caixa d’água do alojamento. Ela era turva e amarelada, e os trabalhadores precisavam deixá-la decantando para reduzir as impurezas.
“O recrutamento dessa mão-de-obra ocorrera nas cidades de São Francisco, Bonito de Minas e Bocaiúva, todas no estado de Minas Gerais, com promessas de trabalho com alojamento confortável, mas, ao chegarem à fazenda, os trabalhadores foram surpreendidos com as condições oferecidas”, afirmou a auditora-fiscal do Trabalho Andreia Donin, coordenadora da equipe do GEFM.
Após notificado, o empregador pagou as verbas rescisórias devidas e providenciou o retorno dos trabalhadores para os respectivos municípios de residência. A siderúrgica ainda celebrou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) perante o Ministério Público do Trabalho, comprometendo-se com o cumprimento de obrigações trabalhistas e pagamento de danos morais.
A equipe de auditores-fiscais do Trabalho também entregou aos trabalhadores as guias de seguro-desemprego do trabalhador resgatado, que dão direito ao recebimento de três parcelas de um salário-mínimo (R$ 1.100) cada.
Ainda no curso da operação, foram resgatados outros seis trabalhadores em carvoaria no município de Buritizeiro e a PRF fez a condução de um suspeito para a Polícia Civil local em virtude de possível violação de medida judicial.
Números da Operação
Durante todo o período da operação, 21 trabalhadores foram resgatados, 27 empregados foram flagrados sem o devido registro e R$ 103.340 foram pagos em verbas rescisórias.
Os empregadores deverão arcar com as multas aplicadas pelo desrespeito à legislação trabalhista e, após o término do processo administrativo, aqueles que submeteram os trabalhadores a condições análogas às de escravo estarão sujeitos a terem os nomes inscritos no Cadastro de Empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas à de escravo.
Radar SIT
Os dados consolidados e detalhados das ações concluídas de combate ao trabalho em condições análogas às de escravo estão no Radar do Trabalho Escravo da SIT, no seguinte endereço: sit.trabalho.gov.br/radar.
Denúncias
Denúncias de trabalho escravo podem ser feitas, de forma remota e sigilosa, no Sistema Ipê (ipe.sit.trabalho.gov.br).