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Dívida Pública Federal apresenta queda de 0,87% e encerra janeiro em R$ 7,253 trilhões
O estoque da Dívida Pública Federal (DPF) encerrou janeiro em R$ 7,253 trilhões, representando retração de R$ 63,39 bilhões em relação a dezembro (R$ 7,316 trilhões), ou seja, queda de 0,87% em termos nominais. Essa variação reflete resgate líquido de R$ 109,76 bilhões no mês, neutralizado em parte pela apropriação positiva de juros, em R$ 46,37 bilhões.
A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) teve seu estoque reduzido em 0,23%, ao passar de R$ 6,966 trilhões em dezembro para R$ 6,950 trilhões em janeiro. Essa movimentação ocorreu devido ao resgate líquido de R$ 79,97 bilhões, neutralizado em parte pela apropriação positiva de juros, em R$ 63,97 bilhões
Com relação ao estoque da Dívida Pública Federal externa (DPFe), houve variação negativa de 13,57% sobre o estoque de dezembro, encerrando janeiro em R$ 301,81 bilhões (US$ 51,77 bilhões), sendo R$ 249,21 bilhões (US$ 42,75 bilhões) referentes à dívida mobiliária e R$ 52,59 bilhões (US$ 9,02 bilhões) relativos à dívida contratual.
As informações constam do Relatório Mensal da Dívida (RMD) referente a janeiro de 2025, produzido pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Os dados do material foram detalhados nesta quarta-feira (26/02) em coletiva de imprensa virtual, transmitida ao vivo pelo canal do Tesouro Nacional no YouTube.
Participaram da entrevista o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Helano Borges; o coordenador-geral de Controle e Pagamento da Dívida Pública, Leonardo Canuto; o coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Luiz Fernando Alves; e o coordenador-geral do Tesouro Direto, Paulo Moreira Marques.
Conjuntura
Em análise de conjuntura, indicando os principais fatores que impactaram na gestão da dívida em janeiro, o RMD destaca que os sinais mais amenos na guerra comercial do presidente norte-americano, Donald Trump, produziram impacto positivo nos mercados emergentes.
O Tesouro ressalta, ainda, que em janeiro, a curva de juros local perdeu nível e inclinação, corrigindo parte da forte alta de dezembro e acompanhando o movimento do dólar. O CDS Brasil [Credit Default Swap, indicador que reflete o risco-país] alcançou 179 pontos-base em janeiro, ante patamar próximo a 215 pontos-base, no final de 2024.
“O mês de janeiro foi marcado por uma melhora significativa dos mercados, depois do aumento de estresse e volatilidade observado em dezembro, no fechamento do ano. Destaque para o CDS 5 anos do Brasil e dos principais pares internacionais, em função de uma visão mais positiva em relação a um impacto da guerra comercial prevista com o início do novo governo nos Estados Unidos”, detalhou o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública. “Também sentimos maior apetite dos investidores do mercado local, melhora da percepção de risco e redução da curva de juros, que perdeu nível e inclinação”, completou Helano Borges, ao falar sobre o cenário doméstico.
→ Acesse material técnico referente ao Relatório Mensal da Dívida de janeiro de 2025: https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/relatorio-mensal-da-divida-rmd/2025/1
Emissões e resgates
No mês de janeiro, as emissões da DPF corresponderam a R$ 145,51 bilhões, enquanto os resgates alcançaram R$ 255,28 bilhões, resultando em resgate líquido de R$ 109,76 bilhões. Nesse total, houve parcela de R$ 79,97 bilhões referentes resgate da DPMFi e de R$ 29,79 bilhões de resgate na DPFe.
Do total das emissões da DPMFi em janeiro, houve R$ 65,37 bilhões em títulos remunerados por taxa flutuante; R$ 53,27 bilhões em títulos prefixados e R$ 26,68 bilhões por índice de preços.
“Foi um mês positivo. Fizemos alocação substancial de emissões, com R$ 145,5 bilhões, principalmente no mercado doméstico. Chamo atenção para a emissão de flutuantes, que continuaram predominantes, mas observamos uma redistribuição em relação à média do ano passado, que estavam bastante concentradas em LFTs”, comentou Helano Borges.
“Do lado dos resgates, tivemos um resgate significativo de prefixados, notadamente as NTN-Fs, no total de R$ 255 bilhões na dívida doméstica. O principal destaque é o vencimento de prefixado de R$ 213 bilhões, mas também chamo a atenção para um vencimento importante de praticamente R$ 30 bilhões da dívida externa. E aqui é sempre bom lembrar que o Tesouro tem mais de um ano de dólares comprados para fazer frente aos pagamentos da dívida externa”, explicou coordenador-geral de Operações da Dívida Pública.
Custo médio
O custo médio do estoque da DPF acumulado em 12 meses recuou de 11,80% ao ano, em dezembro, para 11,40% anual, em janeiro. No mesmo período, o prazo médio da DPF apresentou elevação: saltou de 4,05 anos (dezembro) para 4,11 anos (janeiro).
O custo médio do estoque da DPMFi acumulado em 12 meses ficou estável, em 10,88%, entre dezembro e janeiro.
O custo médio do estoque da DPFe caiu de 33,77% ao ano, em dezembro, para 23,48% anual, em janeiro devido, principalmente, à depreciação de 5,85% do dólar em relação ao real, em janeiro de 2025, contra a apreciação de 2,32% ocorrida em janeiro de 2024.
Colchão de liquidez
A reserva de liquidez apresentou queda, em termos nominais, de 13,51%, passando de R$ 860,15 bilhões, em dezembro, para R$ 743,92 bilhões, em janeiro.
O índice de liquidez correspondeu, portanto, a 6,72 meses em janeiro, ante 6,24 meses, em dezembro. Está assegurada, portanto, a manutenção do caixa prudencial acima de três meses de vencimentos à frente.
“Apesar da redução nominal, como superamos uma grande torre de vencimentos, aumentou o índice de liquidez”, comentou Helano Borges.
Tesouro Direto
O Tesouro Direto (TD) contabilizou vendas de R$ 8,76 bilhões e resgates de R$ 7,18 bilhões em janeiro, resultando em emissão líquida de R$ 1,58 bilhão no período. O título mais demandado foi o Tesouro Selic (44,09%).
“Chamo atenção para o volume recorde de compras dos investidores em janeiro. Também tivemos um volume significativo de resgate. Isso ajuda a explicar um pouco esse volume de compras, dado o vencimento do Tesouro prefixado 2025. Tivemos quase R$ 4 bilhões de vencimentos e boa parte desses investidores reinvestiram, comprando títulos do Tesouro Direto. E aí alcançamos, consequentemente, esse patamar de vendas de R$ 8,8 bilhões, que foram emitidos pelo Tesouro Nacional”, apontou o coordenador-geral do Tesouro Direto, Paulo Moreira Marques.
O estoque do Tesouro Direto alcançou R$ 159,88 bilhões em janeiro, alta de 1,92% em relação a dezembro. Os títulos indexados à inflação representaram 50,73% do total. As operações até R$ 5 mil responderam por 78,09% das compras no Tesouro Direto em janeiro.
O Tesouro Direto registrou 3,01 milhões de investidores ativos em janeiro, o que representa elevação de 19,24% nos últimos 12 meses. O número total de investidores cadastrados alcançou a marca de 31,49 milhões, alta de 14,99% nos últimos 12 meses. Foi apurada marca de 449.329 novos investidores cadastrados no Tesouro Direto em janeiro.
Fevereiro
O Tesouro Nacional destaca que, em fevereiro, a postergação na implementação de tarifas pela administração de Donald Trump favoreceu o apetite por risco, com fechamento dos prêmios de mercados emergentes.
No cenário doméstico, a curva de juros local perdeu nível e inclinação em fevereiro, em função de expectativas de diminuição no ritmo de elevação da taxa básica de juros.
Acesse a íntegra da entrevista coletiva concedida pelo Tesouro Nacional sobre o Relatório Mensal da Dívida de janeiro de 2025 — https://www.youtube.com/live/uxd1KM_g_-8?t=350s