Notícias
Dívida externa recua em fevereiro e estrangeiros mostram interesse por títulos longos
Segundo o Tesouro Nacional, mês foi marcado por emissões líquidas, vencimentos de NTN-Bs e aumento da participação do grupo Previdência
O estoque da Dívida Pública Federal (DPF) aumentou 2,53% em fevereiro na comparação com janeiro, para R$ 2,819 trilhões, informou,nesta segunda-feira (28/03), o Tesouro Nacional. A expectativa é a de que até o fim do ano o volume fique dentro do intervalo definido pelo Plano Anual de Financiamento (PAF), ou seja, uma variação entre R$ 3,1 trilhões e R$ 3,3 trilhões.
Esse crescimento resultou do avanço de 2,73% da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi), para R$ 2,678 trilhões. A Dívida Pública Federal externa (DPFe) diminuiu 1,16%, para R$ 141 milhões, graças, principalmente, à valorização do real na comparação com o dólar.
Conforme explicou o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Leandro Secunho, enquanto janeiro é um mês sazonalmente forte em resgates, já que concentra um volume elevado de vencimentos, em fevereiro os volumes vincendos geralmente são menores. Assim, no balanço do mês passado, as emissões superaram os resgates em R$ 39,07 bilhões. Como em janeiro os regastes líquidos somaram R$ 78,38 bilhões, no bimestre a conta é favorável aos regastes em R$ 39,31 bilhões.
No caso específico de fevereiro deste ano, os resgates totalizaram R$ 16,677 bilhões, sendo que 97,44% desse valor referem-se a títulos atrelados a índices de preços. "Foram quase que integralmente cupons de NTN-B", disse Secunho. Por causa desse vencimento, a parcela de papéis atrelados a índices de preços na composição da DPF diminuiu de 33,63% em janeiro para 33,05% em fevereiro.
A participação de títulos prefixados, em contrapartida, aumentou de 36,08% para 36,56%. Esse percentual ainda está um pouco acima do intervalo definido pelo PAF, que vai de 31% a 35%, mas até o fim do ano convergirá para esses níveis, disse Secunho. O mesmo ocorrerá para os títulos a taxas flutuantes, que respondiam por 25,09% em fevereiro, enquanto o PAF prevê algo entre 30% e 34%.
RECOMPRA DE DÍVIDA EXTERNA
O relatório do Tesouro apontou que, nos meses de janeiro e fevereiro, foram recomprados R$ 161,79 milhões em títulos da dívida externa. "O Tesouro compra títulos sempre que entende que há uma oportunidade relevante em termos de preço", afirmou Secunho, acrescentando que o programa existe desde 2006 e que o volume recomprado não é significativo.
Sobre a emissão de US$ 1,5 bilhão do bônus Global 2026, realizada em 10 de março, Secunho disse que o Tesouro identificou uma janela de oportunidade e quis aproveitá-la, embora não tivesse necessidade de financiamento em moeda estrangeira.
"Houve um movimento de melhora das taxas, não só dos nossos títulos soberanos, mas também de outros países. Entendemos que aquele era o momento, havia demanda e uma janela em termos de custo", disse Secunho. Foi, portanto, uma emissão qualitativa que possibilitou que o Tesouro voltasse ao mercado após 18 meses, provendo uma referência de preço para emissões corporativas, explicou ele.
Secunho reiterou que, como o Tesouro não tem necessidade de fazer emissões para cumprir com suas obrigações externas durante todo este ano e o início de 2017, quaisquer novas atuações continuarão sendo qualitativas. "Uma vez identificadas as janelas de oportunidade, vamos reconsiderar acessar o mercado, mas não há necessidade."
PARTICIPAÇÃO DOS NÃO RESIDENTES
A participação dos não residentes na DPMFi recuou de 18,91% em janeiro para 17,72% em fevereiro, mostrou o relatório do Tesouro. "Essa queda ocorreu basicamente em títulos de curtíssimo prazo. Então não houve nenhum tipo de ruptura ou estresse, os mercados de juros e câmbio absorveram muito bem essa saída", disse Secunho.
O coordenador disse ainda que, olhando apenas para as NTN-Fs, que em geral possuem prazo mais longo, houve aumento da participação de não residentes em fevereiro e sinais de que o interesse continuou em março.
Ele citou como exemplo o fato de que, no leilão de NTN-F 2027 realizado no último dia 24, o papel foi colocado a 14,24%, uma taxa mais de um ponto percentual abaixo da verificada na operação anterior, realizada no fim de fevereiro. "Houve forte queda nas taxas desses títulos, em parte explicada pela entrada de estrangeiros na compra de papéis mais longos. E em ambos os leilões, foram vendidos volumes significativos", afirmou.
O coordenador chamou atenção ainda para o crescimento da participação do grupo Previdência, que geralmente possui aplicações de prazo longo, de 22,49% em janeiro para 22,71% em fevereiro. "Da carteira do grupo Previdência, 62% dos títulos têm prazo maior que cinco anos. Ou seja, temos um perfil de dívida bastante diversificado e com participação crescente do investidor de longo prazo", destacou Secunho.
Outro sinal do interesse dos investidores por títulos de prazo mais longo veio do Tesouro Direto. O programa registrou emissão líquida de R$ 931,77 milhões em fevereiro e 57,11% do montante vendido foram de títulos remunerados por índices de preços, tradicionalmente mais longos. O total de investidores cadastrados cresceu em 23,7 mil no mês passado, para 675,2 mil.
VENCIMENTOS E PRAZOS
O relatório do Tesouro mostrou também que a parcela de títulos da DPF com vencimento em até 12 meses apresentou queda marginal de 22,69% em janeiro para 22,42% em fevereiro. O prazo médio diminuiu de 4,76 para 4,69 anos, principalmente porque o prazo médio das emissões realizadas em fevereiro foi menor que o do estoque. Com a diminuição, o indicador ficou no limite superior do intervalo definido pelo PAF, que vai de 4,50 a 4,70 anos.
A vida média da DPF cedeu de 6,79 para 6,68 anos, enquanto o custo médio do estoque diminuiu de 16,40% ao ano para 15,81% ao ano, em grande parte por causa da queda do custo da dívida externa.