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Sudene marcará presença na COP 16, que vai debater o combate à desertificação
Segundo Heitor Freire, diretor da Sudene, a COP 16 será um espaço para debater políticas públicas e buscar mecanismos de financiamento para enfrentar a desertificação. Foto: Daniel Aguiar
Recife (PE) – A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste participa da Conferência das Partes (COP) da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (UNCCD) e será representada pelo diretor Heitor Freire e pelo coordenador geral de Cooperação e Articulação de Políticas, Danilo Campelo. A COP 16, que será realizada em Riad (Arábia Saudita), vai reunir representantes de diversos países para, juntos, apontarem soluções que combatam a desertificação.
Os países participantes firmaram o compromisso coletivo de estabelecer ações coordenadas em busca de soluções que atendam as necessidades socioambientais dos espaços prejudicados pela desertificação, caracterizados pelo clima árido, semiárido e seco. “Vamos debater políticas públicas e buscar mecanismos de financiamento para enfrentar a desertificação, uma ação relevante para o mundo, o Brasil e o Nordeste, porque quando falamos em desertificação não estamos falando apenas de clima quente, mas também de um solo pobre que não tem vegetação, de desmatamento, seca, falta d'água e, consequentemente, pobreza, problemas que afetam o Nordeste brasileiro”, afirma Heitor Freire, que é do Ceará, um dos estados que compõem a Região. Em relação ao aporte financeiro para o combate à desertificação, uma das apostas do diretor da Sudene é o Fundo da Caatinga, cuja criação vem sendo proposta pelos governadores da área de atuação da Autarquia.
As regiões áridas e semiáridas do Brasil estão concentradas na área abrangida pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste e afetam diretamente a caatinga, bioma exclusivamente nacional. O semiárido brasileiro ocupa 12% do território nacional e abriga cerca de 28 milhões de habitantes divididos entre zonas urbanas (62%) e rurais (38%), sendo um dos mais povoados do mundo. Segundo a UNCCD, até 40% dos territórios globais estão degradados pela desertificação, ameaçando cerca de metade do PIB global (US$ 44 trilhões), aumentando a duração das secas em 20% desde o ano 2000. Ainda de acordo com a UNCCD, sem que haja uma ação urgente e intermediadora, as secas podem afetar mais de três quartos da população mundial até 2050.
Durante seminário nacional preparativo para a COP 16, realizado mês passado na Sudene, o correspondente científico do Brasil na UNCCD, Aldrin Perez, classificou o movimento de articulação científica como um processo urgente para atender o processo de restauração dos biomas suscetíveis aos efeitos críticos da desertificação, como a caatinga. “Sinto que o nosso chamado foi acolhido internacionalmente. Os cientistas brasileiros precisam de um papel protagonista neste cenário, agindo de forma organizada para estimular o diálogo com as comunidades que vivem nestes territórios”, comentou o pesquisador, que integra a equipe do Instituto Nacional do Semiárido.
A Sudene vem formando parcerias para encontrar caminhos que reduzam os impactos das mudanças climáticas, inclusive com apoio a estados e municípios para que eles efetivem políticas públicas para enfrentar o problema. A partir de uma parceria com o Ministério do Meio Ambiente e a Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), a Autarquia está financiando a atualização dos Planos Planos de Ação Estaduais de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca.
Além disso, o encontro mais recente do Comitê Regional das Instituições Financeiras Federais (Coriff), presidido pelo superintendente da Sudene, Danilo Cabral, tratou sobre aporte financeiro para a caatinga. Na ocasião (dia 27 deste mês), foi anunciado que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) vão financiar, com um total de R$ 8,8 milhões, até quatro projetos para implementar ações de restauração ecológica e fortalecimento da cadeia produtiva da restauração em unidades de conservação da caatinga, suas áreas de influência e municípios com clima árido, com área mínima de 100 hectares cada.
Por Carla Pimentel