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Sudene inicia estudos sobre interiorização do ensino superior no NE

A Sudene, por meio da Diretoria de Planejamento e Articulação, iniciou pesquisa sobre a interiorização do ensino superior na sua área de atuação. Para elucidar debates sobre o tema, técnicos e diretores da autarquia receberam, na tarde dessa segunda (13), os pesquisadores Patrícia Bandeira de Melo e Luís Henrique Romani de Campos, da Fundação Joaquim Nabuco, que apresentaram o estudo “A interiorização recente das instituições públicas e gratuitas de ensino superior no Nordeste: efeitos e mudanças”, desenvolvida entre 2011 e 2014. A partir das observações trazidas pelos estudiosos, foi possível traçar um panorama geral sobre o tema.
Contando com uma abordagem multidisciplinar, a pesquisa traçou perfis sociais e econômicos da população pesquisada, buscando compreender os impactos e os desdobramentos do processo de interiorização das universidades federais. O levantamento foi realizado em 15 cidades do interior da região e considerou os dados obtidos por meio de entrevistas com 256 professores, 1628 alunos e 201 egressos das universidades situadas nos campi dessas localidades.
Segundo dados da pesquisa, 35,7% das mães dos universitários matriculados têm até o ensino fundamental completo e os pais de 83,1% dos estudantes não tiveram acesso à universidade. Mesmo pertencendo a um perfil socioeconômico próprio das classes de renda baixa, os universitários acreditam em perspectivas mais positivas para seu futuro. O caráter transformador da interiorização teve impacto direto na elevação de renda substantiva, pois 94,7% dos jovens têm percepção positiva quanto a sua ascensão social.
Quanto aos discentes entrevistados, 46,9% possuíam doutorado e 39,8% eram mestres. Para mais da metade (55,5%), seu padrão de vida é superior ao dos pais. Quando perguntados sobre as instalações para laboratórios, salas para grupos de pesquisa, núcleos e atendimento a alunos, 44,5% as classificaram como razoáveis, mas ainda identificam a necessidade de ajustes e reformas em alguns espaços dos campi.
Na avaliação da pesquisadora Patrícia Bandeira de Melo, uma nova socialização está se estabelecendo com a interiorização das universidades federais. “Ocorre a aquisição de um capital cultural legitimado socialmente, melhorando a autoestima e apresentando uma visão de futuro positiva para estes jovens, sendo uma nova forma de olhar o mundo. E isso os retira de uma condição subalterna e acaba por contaminar quem está ao redor deles”, opina.
A partir das discussões da reunião, a Sudene poderá estabelecer acordos de cooperação técnica para ampliar os estudos apresentados pela Fundaj. Outros encontros com parceiros estratégicos devem ser marcados nas próximas semanas. Para o economista Lautemyr Canel, da Coordenação-Geral de Estudos e Pesquisas, Avaliação, Tecnologia e Inovação da Sudene, "as pesquisas a serem desenvolvidas trarão dados de relevância significativa para o Plano de Desenvolvimento Regional do NE, já que os progressos advindos dos investimentos em educação na região trazem impactos notáveis as condições sociais da população". A ideia é, ao final do trabalho, apresentar um relatório que avalie a efetividade, eficiência e eficácia da política de interiorização das unidades de ensino federais.
Confira mais informações sobre a pesquisa desenvolvida pela Fundaj clicando aqui.