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Sudene discute inovação em produtos da biodiversidade da Caatinga
Fotos: Assessoria de Comunicação (Sudene)
Bioma exclusivo do Brasil, a caatinga oferece diversos recursos que podem fomentar cadeias produtivas e ambientalmente sustentáveis na área de atuação da Sudene. Sensível à necessidade de colaborar estrategicamente com ações voltadas a esta questão, a autarquia reuniu nesta quinta-feira (30) uma rede de instituições parceiras para discutir inovação em produtos da biodiversidade da caatinga. Na ocasião, foi feita uma revisão de alguns projetos em curso que avaliam os potenciais econômico e social deste ambiente. O evento, que constituiu mais uma edição do Café com Sustentabilidade, foi promovido pela Coordenação-Geral de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente.
Participaram do encontro pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Instituto Tecnológico das Cadeias Biossustentáveis (ITCBio), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Instituto Nacional do Semiárido (INSA). De acordo a apresentação de Renato Arruda, engenheiro ambiental da Sudene, a ideia da autarquia ao reunir organizações com expertise em transformar a riqueza da biodiversidade da caatinga em importante ativo social e econômico para a região é reforçar o alto valor agregado dos produtos desenvolvidos a partir de plantas nativas deste ambiente. Desta maneira, é possível construir um contexto de promoção à saúde, preservação ambiental, geração de emprego e inovação.
INVENTÁRIO BOTÂNICO
Um dos projetos apresentados no encontro de hoje foi o inventário de plantas medicinais da caatinga, iniciativa que conta com investimentos da Sudene e participação da UFPE e o INSA. A iniciativa analisa a cadeia produtiva dos fitoterápicos e outros produtos que podem ser desenvolvidos pela biodiversidade do bioma. Coordenadora do departamento de bioquímica da UFPE, a Dra. Márcia Vanusa explicou que o projeto resultou em vasto material para análise.
O inventário foi produzido a partir das análises do uso de plantas medicinais pelas comunidades do entorno de Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista e Buíque, municípios do sertão de Pernambuco. Além do mapeamento socioeconômico dos trabalhadores envolvidos nas atividades de cultivo e comercialização de fitoterápicos, o estudo pôde comprovar a indicação de uso terapêutico popular, investigando o potencial antioxidante das plantas estudadas e sua colaboração para reduzir a atividade microbiana. Houve, ainda, a socialização dos resultados do projeto em escolas municipais das localidades percorridas: foram aplicados 213 questionários aplicados, 143 plantas citadas pelos cidadãos entrevistados e 107 espécies verificadas. Márcia Vanusa explicou que é possível, ainda, identificar outras cadeias produtivas além da produção de fitoterápicos, como defensivos agrícolas naturais, cosméticos, alimentos e turismo ecológico.
AÇÕES E PARCERIAS
Outras instituições que participaram do Café com Sustentabilidade desta quinta-feira trouxeram suas colaborações sobre o tema do encontro. O Instituto Tecnológico das Cadeias Biossustentáveis (ITCBio) apresentou o andamento de duas iniciativas desenvolvidas em parceria com a Sudene: “Desenvolvimento das Cadeias Biossustentáveis de Plantas Medicinais e Fitoterápicos em Pernambuco” e “Cadeia Biossustentável de Plantas Medicinais, Fitoterápicos e Produtos Orgânicos de interesse econômico em Arranjos Produtivos Locais do Semiárido Nordestino”. O primeiro consiste em estabelecer padrão de qualidade botânica, química, microbiológica e molecular a laboratórios produtores de plantas medicinais e fitoterápicos que funcionam em comunidades da Região Metropolitana do Recife. O segundo, por sua vez, prevê o estabelecimento de ações de controle de qualidade (químico, microbiológico e molecular) para comprovar as propriedades dos bioprodutos desenvolvidos no semiárido. Os projetos contam com investimentos da Sudene na ordem de R$ 3 milhões.
Já a apresentação do Instituto Nacional do Semiárido (INSA) reforçou o compromisso da instituição em promover a integração entre instituições de ciência e tecnologia, indústrias e a sociedade em geral para avaliar recursos genéticos e bioquímicos do bioma Caatinga. A instituição é parceira da Sudene no projeto de identificação da cadeia biossustentável de plantas medicinais no semiárido brasileiro.
Por fim, a RedesFito, unidade ligada à Fiocruz, trouxe colaborações ao debate tratando do tema “Inovação em medicamentos da biodiversidade”. Coordenador do Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde (NGBS/RedesFito) de Farmanguinhos, Glauco Villas Boas, defendeu que os investimentos relacionados à pesquisa e parcerias sobre a temática representa um novo caminho para o desenvolvimento tecnológico de medicamentos no Brasil, com vistas a criar perspectivas agroecológicas sustentáveis tanto para o desenvolvimento simultâneo de diversos setores da economia como para o reforço das questões sustentáveis como estratégia das políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil.
Confira o álbum de fotos do evento de hoje: