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Palma forrageira é apontada como estratégia de convivência com o semiárido
Esteve em pauta um projeto do pesquisador Alberto Suassuna, intitulado “Uma oportunidade de pesquisas e agronegócios para o semiárido não irrigável brasileiro”. O trabalho aborda a relação entre o sertanejo e o meio ambiente; características e cadeia produtiva da palma forrageira; e as possibilidades que o cultivo adensado pode trazer para a população do semiárido, especialmente nos períodos de seca, com foco na alimentação dos animais. A atual estiagem que vem sendo enfrentada pelo Nordeste se estende desde 2010.
Além da função forrageira, a palma também pode ser utilizada como matéria-prima para geleias, mel, picles, doce em calda, sucos, licores, cosméticos e outros produtos. Suassuna defende a aplicação da produção de palma forrageira plantada de forma adensada – utilizada em outros países – no semiárido. O pesquisador vem realizando uma série de pesquisas sobre enriquecimento proteico da palma forrageira por processo biotecnológico para alimentação animal. A ideia é adicionar valor nutritivo/proteico e potencializar o volume produzido.
Suassuna enfatiza que a água não é um fator limitante na produção da palma forrageira, sendo o semiárido provido de água para o cultivo da planta em escala empresarial. Como a falta de uma logística adequada para a colheita da palma e as pragas que atingem as plantações são dois entraves ao desenvolvimento do projeto, a Sudene convidou dois especialistas nesses assuntos para apontarem as possíveis soluções.
Saulo Guerra, engenheiro florestal da Unesp e especialista em mecanização, apresentou um protótipo de colheitadeira de palma mecanizada, que pode ser viabilizada através de uma parceria entre a Universidade Estadual Paulista e um fabricante. O superintendente da Sudene, Marcelo Neves, afirmou que a Autarquia pode contribuir através de recursos do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) e dos incentivos fiscais. Como a ideia é transferir o know-how para a cultura da palma forrageira, Guerra apresentou como exemplo uma máquina que faz a colheita de eucalipto, café e laranja, responsável pela economia no processo de colheita, beneficiamento e transporte. O uso do equipamento – que colhe, processa e tritura – reduziu os custos de R$ 22 por m³ para R$ 12,79.
Em relação ao combate às pragas, Diogo Carvalho, da Bug Agentes Biológicos, fez uma explanação sobre a experiência da empresa, que trabalha com a produção de insetos para controle biológico e que pode contribuir com o projeto da palma forrageira. Foram apontadas como vantagens desse método, quando comparado com o controle químico, um custo 30% menor, fácil manuseio, ausência de casos resistentes, ciclo curto, além do controle dos ovos (evita danos), inclusive ao longo da safra (o químico é pontual).
A empresa trata 1,2 milhão de hectares por ano no Brasil e produz cinco mil hectares/dia de lagartos. A BUG se propõe a realizar uma pesquisa e desenvolver uma tecnologia específica para a praga que atinge as palmas forrageiras. Nesse caso, os recursos do FDNE e os incentivos fiscais da Sudene também podem ser utilizados.
Cadeia Produtiva da Palma Forrageira
O superintendente da Sudene, Marcelo Neves, destacou que a Autarquia tem interesse no desenvolvimento de uma cadeia produtiva da palma forrageira e que assumirá o papel de interlocutora institucional, com o objetivo de reunir os diversos atores que atuam na Região para alavancar o projeto, considerado como “uma das saídas para o Semiárido”.
Estiveram presentes ao encontro representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC) e Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp (FCA/Unesp), que foram unânimes no apoio ao projeto, ressaltando a importância do mesmo para a pecuária nordestina.