Notícias
Pesquisa
Empreendedores dos setores têxtil e de confecções querem fortalecer ambiente de negócios e ter crédito facilitado, revela pesquisa da Sudene
Caruaru (PE) - A Sudene apresentou o Estudo de Competitividade dos Setore Têxtil e de Confecção em sua área de atuação durante o 1º Encontro Regional dos Setores Têxtil e de Confecção, promovido hoje (28), no Agreste pernambucano. A alta empregabilidade, especialmente das mulheres, o número de municípios envolvidos na cadeia produtiva e a participação no Produto Interno Bruto (PIB) são alguns dos elementos elencados na pesquisa.
O estudo encomendado pela Sudene constatou que os setores têxtil e de confecções concentram 13% do total de empregos da indústria e 8,2% da remuneração média mensal. A força de trabalho é predominantemente feminina (52,7%), cuja variação média da remuneração é inferior a dos homens (-17,9%). A pesquisa é resultado de uma parceria da Autarquia com o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e o Consórcio América de Fato. O estudo teve como principal escopo analisar os desafios, as potencialidades e as estratégias para aumentar a competitividade, ampliar a capacidade produtiva, o emprego e a geração de renda do setor.
Em relação a mercados, os setores têxtil e de confecções participou com 6% do valor gerado pela indústria brasileira em 2021. De acordo com o estudo, o Brasil não é exportador e a produção brasileira se volta ao mercado interno, concorrendo com a produção chinesa e asiática. Foi destacado que a partir de 2005, com a liberação do comércio e a formação da Cadeia Global de Vestuário, o Brasil – juntamente com a América Latina – tem reduzido a competitividade da indústria têxtil e de confecções. O cenário traz desafios a serem vencidos, a exemplo do elevado grau de protecionismo, quando comparado à média mundial; estrutura setorial pouco integrada à cadeia global de produção; e poucos acordos comerciais com o restante do mundo.
As feiras realizadas pelos setores foram consideradas importantes para possibilitar o acesso a mercados a pequenos produtores. Outra constatação do estudo é que “as feiras de maior sucesso criaram uma referência regional que atrai compradores (pequeno varejo e atacado), diminuindo o custo de distribuição”. Por outro lado, elas estão sendo desafiadas a melhorar a infraestrutura e a articular o comércio digital com o presencial, vencendo a reduzida capacitação dos produtores para participação no comércio eletrônico.
Sobre crédito e financiamento, foi apontado pelo estudo que há oferta de crédito subsidiado e direcionado, mas o custo é muito elevado, principalmente para pequenos empreendimentos. Outra informação levantada é que existe financiamento próprio das empresas que atrela investimento à disponibilidade de recursos da empresa e anula o papel de alavancagem do crescimento em conjunturas desfavoráveis. Quanto as fintechs, elas se apresentam como tendência para agilizar e reduzir os custos de transação do crédito.
No quesito inovação e evolução tecnológica dos setores, ficou evidenciada uma reduzida cooperação entre elos da cadeia e área de conhecimento, além de um baixo acesso a políticas públicas de apoio e incentivo à inovação no triênio 2015 a 2017 (dados do IBGE, Pintec). Um ponto levantado é que a inovação tecnológica é essencialmente incremental, com atualização regular do parque de máquinas e tendo como referência a tecnologia usada no mercado nacional. O financiamento da inovação é feito, em sua maioria, com recursos das próprias empresas (têxtil 98,9% e confecções 92,9%, maior que o da indústria da transformação). As microempresas têm maior dificuldade para acompanhar evolução tecnológica, mesmo sendo tecnologia incremental, especialmente devido ao custo e ritmo acelerado da inovação.
A governança conta com diversas iniciativas em nível regional, como o Projeto Nordeste Forte; Mais RN; NTCPE; Observatório da Indústria/CE; Rotas Estratégicas para a Indústria 2035/ES. Quanto à representação por parte de federações, sindicatos e Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT), ela está mais ligada às grandes empresas e a sua pauta de demandas. Foi apurado, ainda, que é reduzida a participação, a integração e a cooperação entre as empresas dos setores.
A pesquisa levantou, entre os participantes, os fatores de sucesso para as empresas nos próximos anos e ficou em primeiro lugar o ambiente de negócio favorável (79%), vindo em seguida colaboradores capacitados ((64,7%), acesso a financiamento e incentivos (62,7%), utilização de tecnologias e inovação (58,1%), boas práticas ambientais (51,8%), logística mais eficiente (49,9%), produtos diferenciados (45,9%), certificações técnicas (42,4%), plataformas de e-commerce (36,7%) e preços competitivos (36,7%).
Em linhas gerais, os principais desafios enfrentados pelo setor são aumento da concorrência com produtos importados; limitada governança econômica; reduzida cooperação e integração entre as empresas; crédito com custo elevado; investimento reduzido; parcela significativa do setor concorrendo no padrão de competição de preço, em posição desvantajosa; custos e burocracia para vendas fora do mercado regional.
A pesquisa é resultado de uma parceria da Autarquia com o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e o Consórcio América de Fato. O estudo teve como principal escopo analisar os desafios, as potencialidades e as estratégias para aumentar a competitividade, ampliar a capacidade produtiva, o emprego e a geração de renda do setor.
Por Carla Pimentel