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Troca de experiências sobre microcrédito marca tarde em workshop
As apresentações do "Workshop sobre microcrédito" continuaram na tarde desta quarta-feira (5). Durante o evento, promovido pela Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), representantes de instituições públicas e privadas contaram suas vivências com esse tipo de financiamento e debateram o assunto. A intenção dos gestores da autarquia é fazer um projeto piloto de microcrédito, pelo qual o município de Flores de Goiás (GO) será o primeiro contemplado.
As apresentações no turno vespertino foram retomadas pelo representante da Credimais, Miguel Gomes. Ele disse que a política da instituição é só liberar crédito mediante visita ao empreendimento do cliente. "Este também é o propósito do microcrédito, acompanhar o cliente e orientá-lo no decorrer do processo. Este empréstimo é, muitas vezes, a única oportunidade que um pai ou mãe de família tem para sustentar o seu lar", afirmou emocionado.
John Carth, representante do Ministério da Educação (MEC), destacou a importância de direcionar os cidadãos, no que tange à capacitação, de acordo com seus potenciais. "Não adianta oferecer crédito se a pessoa não sabe no que investir. Outro ponto é conceder financiamento, preferencialmente, para projetos que atrairão clientes para fomentarem o comércio e serviço da região", orientou.
Os pontos mais relevantes das apresentações foram anotados em um quadro, para serem comentados na roda de discussões que se formaria a seguir. "Observamos uma tendência de contratação do crédito por mulheres, que são mais estáveis operacionalmente, melhores consumidoras e pagadoras. Vimos também que o acesso ao crédito configura um direito à cidadania, é uma política econômica, mas também social. Desse modo, o microcrédito deve ser um indutor do desenvolvimento regional, ágil, desburocratizado e confiável. Essas são as anotações que devem ser discutidas pelo grupo", pautou a assessora do senador Cristovam Buarque (PPS-DF) e sua representante nesta reunião, Denise Paiva.
A assessora técnica da Sudeco e uma das idealizadoras do projeto, Valéria Maria Pinheiro, propôs os seguintes eixos temáticos para o debate: questões técnicas sobre microcrédito e como trabalhar com os quilombolas.
O trabalho foi iniciado após ressalva do superintendente da Sudeco, Antônio Carlos Nantes de Oliveira, para não segregar os quilombolas neste projeto piloto. "O negro ainda é exceção e eu não concordo com isso, é preciso incluí-los. Então, quero que os negros quilombolas e o restante da população de Flores sejam tratados de forma igualitária", solicitou.
Domingos Barbosa dos Santos, da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), enfatizou as diferenças de emancipação entre negros e brancos, já que os negros não foram preparados para o mercado de trabalho ou indenizados após a escravidão. "O nosso desafio é como fazer esta correção sem gerar segregação. A nossa luta deve ser para dar oportunidades aos pobres, aos assentados, sejam eles negros ou brancos. Observar a questão psíquica, de pensamento e comportamento deste povo, que é diferente do branco, também é fundamental", ressaltou.
A assessora da Secretaria Especial de políticas para as Mulheres, Wilma Andrade, lembrou que "não é preciso inventar a roda". Segundo ela, é necessário apenas que haja integração. "Devemos trabalhar a transversalidade, pegar um piloto como exemplo e mostrar que isso pode servir para todos. Temos que pensar o que já temos de políticas e como, por intermédio delas, vamos levar o direito ao microcrédito para todos".
Possibilidades de parcerias e colaborações interinstitucionais foram abordadas. O superintendente finalizou o encontro combinando uma roda de conversa com os participantes, para ocorrer em Flores de Goiás, no próximo domingo (9). "Para tocar isso é preciso pensar grande e olhar lá na frente, nós da Sudeco olhamos", encerrou.
O PROJETO DE MICROCRÉDITO
O público alvo do projeto piloto de microcrédito da Sudeco são os quilombolas e outras populações que se encontrem em situação de vulnerabilidade. A ideia é formular uma política pública que vinculará o microcrédito à centros de capacitação, sendo Flores de Goiás a primeira cidade a ser atendida. A união dessas duas vertentes (microcrédito e capacitação) permitirá emancipar comunidades vulneráveis a partir de suas culturas.