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Antônio Carlos acentua falta de planejamento como causa das mazelas do País
- "A crise econômica veio, todos nós sentimos, deixou as prefeituras municipais em estado de penúria, mas no Centro-Oeste foi muito menor. Não por causa das três esferas de Governo - a federal, a estadual e a municipal - e sim devido ao setor privado".
Foi o comentário em tom de desabafo do superintendente da Sudeco, Antônio Carlos Nantes de Oliveira, na abertura da reunião do COARIDE (Conselho de Administração da RIDE - Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno), que serviu de pano de fundo para constatações dos um ano e um mês em que está à frente da autarquia.
-" Já estou muito velho para vender ilusão e comprar ilusão. Na minha idade me dou o direito de dar ao bicho o nome que o bicho tem. Vamos deixar de lado a hipocrisia. Essa República que foi chamada República Nova. Dou ao bicho o nome que o bicho tem: ela acabou."
Como causa principal do definhamento do espírito da Nova República ele citou a falta de planejamento. " Uma República sem planejamento, um Estado sem planejamento, e o pior - um governo sem planejamento".
Recordou que a chegar em Brasília em 75 já se falava em Reforma da Previdência, Reforma Tributária e em Reforma Trabalhista, tendo à frente a Reforma Política.
- "Hoje, está a mesma coisa. Mas hoje o buraco é muito mais fundo, e o pior é que continuam furando."
Antônio Carlos, ao citar a falta de planejamento como uma das principais causas das distorções estruturais brasileiras, recordou a visita a Cristalina (GO) atraído pela excelência de sua produção irrigada de frutas como maçã e uva, que havia sido destacada em reportagem no jornal Folha de S.Paulo.
- "Tomei meu carro e fui a Cristalina no dia seguinte ver de perto a razão desse êxito quando tidos só falam em crise. E ao entrar em contato com os produtores locais da agricultura irrigada ouvi do líder do sindicato empresário:
- "Estamos passando bem, produzindo bem, apesar dos poderes federal, estadual e municipal. E ele estava ao lado do prefeito".
Por falta crônica de planejamento estatal nos três níveis de gestão é que o País se encontra na sua atual situação, segundo ele.
- "Temos no Centro-Oeste 466 municípios. Vamos tirar apenas 30 em condições de progresso. Sobram 436 que estão de pires na mão. Todos em estado de penúria. Repito a seus prefeitos e produtores esse mesmo discurso, quando os visito."
Relembrou que durante seus um ano e um mês de gestão na Sudeco por conta do programa FCO Itinerante fez 56 viagens a municípios do Centro-Oeste, a maioria de Goiás. Das viagens, 40 foram feitas dirigindo seu próprio carro.
- "O Banco do Brasil, por sua vez, empreendeu mais de 100 visitas do FCO Itinerante. É o nosso principal agente financeiro, que decide onde aplicar os recursos do Fundo".
Mas, apesar dos Fundos Constitucionais terem sido criados para fomentar o setor privado, e essa cláusula estar na Constituição, o Governo Federal decidiu por Medida Provisória alterar essa regra para destinar 10% dos recursos de três Fundos - FCO, FNE e FNO - para o Programa FIES, do Ministério da Educação.
- "Isso é um absurdo, é flagrantemente inconstitucional. Os recursos são para o setor privado, não para atender uma área de Governo, por mais meritória que seja a Educação. Só uma PEC (Projeto de Emenda Constitucional) poderia alterar a regra", reagiu o superintendente com ênfase.
- "Fomos surpreendidos por essa Medida Provisória apenas quando foi publicada pelo Diário Oficial, quando foi publicada. Ela retirará recursos que iriam melhorar a condição de penúria dos municípios através da injeção de financiamento na produção rural e empresarial. Digo e repito: dou ao bicho o nome que o bicho tem: falta de planejamento, o que leva a cometer até mesmo inconstitucionalidades", finalizou o superintendente sua aplaudida fala.