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Conselhão e Ação da Cidadania discutem formas de ampliar participação da iniciativa privada no combate à fome
Foto: Breno Lima/Ação da Cidadania
Rio de Janeiro (RJ), 24/05/24 – A criação de uma força-tarefa – a exemplo do que foi o programa Fome Zero, em 2003 - que reúna governos, associações e iniciativa privada foi defendida nesta sexta-feira (24), durante o encontro “Diálogos sobre Estratégias de Combate à Fome no Brasil”, realizado na sede do Ação da Cidadania, no Rio de Janeiro (RJ). Promovido pelo Conselhão - Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), em parceria com a Ação da Cidadania, a ação teve como objetivo reunir atores políticos e sociais dos mais diversos setores para consolidar propostas de combate à fome que, posteriormente, serão apresentadas ao Presidente da República como recomendações.
A secretária-executiva adjunta do Conselhão, Raimunda Nonata Monteiro, explicou como funciona o trabalho do Grupo de Trabalho (GT) de combate à fome no âmbito do colegiado, e destacou a importância de a questão do combate à fome ser debatida neste momento em que o Brasil discute um plano de transformação ecológica que seja capaz de mudar as bases industriais do país. “Como é importante o envolvimento do setor privado, e o GT está vendo de que forma isso pode ser feito, e quais entraves ainda existem nessa parceria”, disse. “O GT de combate à fome priorizou exatamente isso: como arregimentar forças na sociedade para que o ataque contra a fome seja fortalecido entre governo e sociedade”, afirmou.
Apresentadora e culinarista, Bela Gil, que também integra o CDESS, destacou, em sua fala, que, se por um lado temos 8 milhões de pessoas passando fome no Brasil, existem mais de 60 milhões de pessoas morrendo por doenças como diabetes e hipertensão, que estão relacionadas à alimentação rica em alimentos ultraprocessados. “A pauta da alimentação saudável tem que caminhar junto da pauta de combate à fome”, defendeu. “Não é só dar comida, mas comida de qualidade, com a comida de qualidade, a gente consegue melhorar a saúde da população e isso a gente faz com vontade política”, disse.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 24,4 milhões de pessoas saíram do mapa da fome em 2023, porém, 8 milhões de brasileiros ainda sofrem com o problema.
Para a conselheira Geyze Diniz, cofundadora do movimento Pacto Contra a Fome, há pelo menos 60 anos o Brasil discute o problema, já tendo entrado e saído algumas vezes do mapa da fome no Brasil.
“Esse governo está fazendo um trabalho brilhante de combate à fome, mas, precisamos acabar com a fome de forma estruturante, para que esse problema não volte”, afirmou.
Para Kiko Afonso, diretor-executivo da Ação da Cidadania, as doações da iniciativa privada costumam ser elevadas em momentos de crise, como enchentes e outras calamidades, mas, lamentou que passado o momento de impacto, as doações entram numa tendencia de queda. Por isso, Kiko defendeu a criação de leis que possam ampliar as doações de forma perene no Brasil. “Nos Estados Unidos as doações são maiores, mas não porque eles são mais solidários do que nós, e sim porque tem muito mais incentivo fiscal para isso”, explicou. “Precisamos de uma campanha que mantenha uma continuidade de doação, porque a fome não é só no momento da enchente, a fome é todo dia”, afirmou.
A secretária de Combate à Fome do Ministério do Desenvolvimento Social, Valéria Burity, destacou como o governo. “Através do CadÚnico, podemos fazer o mapeamento de quem pode estar com fome, e, com isso, um protocolo para identificar essas pessoas e caminhar para a construção de políticas públicas”.
O ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) da Presidência da República, Alexandre Padilha, fez o encerramento do encontro e falou sobre a atuação do Conselhão na reforma tributária e na regulamentação da cesta básica.
“A gente sai daqui hoje com o compromisso de levar para a Câmara dos Deputados, que vai regulamentar a reforma tributária, a importância da cesta básica nacional para o combate à fome, na promoção da alimentação saudável e na agricultura familiar. Se a gente cobrar menos impostos de produtos saudáveis e garantir mais acesso à alimentação no nosso país, podemos superar o problema da fome”, concluiu o ministro.