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Nota de Conselheiros e Conselheiras do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável sobre as queimadas no Brasil
Reunião extraordinária liderada pelo presidente Lula, no último domingo (25), debateu medidas de combate aos incêndios que acontecem em São Paulo. Foto: Ricardo Stuckert
O Brasil enfrenta em 2024 uma grave emergência ambiental com o aumento alarmante das queimadas, que já somam mais de 104 mil focos de incêndio até agosto. Este cenário exige uma resposta firme, coordenada e colaborativa de todos os setores da sociedade. Esses acidentes ambientais não apenas devastam nossos ecossistemas mais valiosos, como a Amazônia e o Pantanal, mas também contribuem para o agravamento das mudanças climáticas, afetando a biodiversidade, os ciclos hidrológicos e a qualidade de vida das populações.
No último ano, o desmatamento anual apresentou uma queda de 19,5% na Amazônia Legal e 9,2% no Pantanal, refletindo o impacto positivo das políticas públicas de controle ambiental. Continuar avançando nesses aspectos é essencial para consolidar o legado de proteção ambiental e assegurar a sustentabilidade dos ecossistemas brasileiros.
Diante desses desafios, o CDESS destaca a importância da adoção de tecnologias avançadas como uma solução crucial para o monitoramento e o combate aos incêndios florestais. O uso de inteligência artificial (IA) e machine learning (ML), já implementado com sucesso em outros países, pode ser uma ferramenta poderosa para prever e detectar incêndios precocemente em áreas de risco. Sensores equipados com IA, instalados em regiões vulneráveis, poderiam detectar sinais de fumaça e calor, alertando as autoridades em tempo real, como sugerido em estudos recentes do Fórum Econômico Mundial. Além disso, drones, incluindo modelos de carga pesada capazes de transportar materiais de combate a incêndios, podem facilitar a intervenção em áreas de difícil acesso, melhorando significativamente a eficácia das operações.
É importante direcionar a inovação tecnológica para enfrentar o combate ao fogo e aos demais desafios da emergência climática. Precisamos de um pacto multissetorial que envolva as empresas, o poder público, a ciência e a sociedade civil para dar respostas rápidas aos desafios de curto prazo e de longo prazo. Os efeitos mais agudos da crise climática já afetam a população e prejudicam os negócios no presente, não são mais projeções para o futuro.
Nesse sentido, apoiamos as iniciativas do governo federal que incluem a intensificação da fiscalização ambiental, a criação de bases interfederativas e a destinação de recursos significativos para combater o fogo nas regiões mais afetadas. Reconhecemos os esforços na reestruturação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais – CEMADEN e a luta pela reestruturação das políticas e sistemas de monitoramento e controle do desmatamento e de prevenção de incêndios. O fortalecimento do CEMADEN, com investimentos em tecnologia de ponta e ampliação da capacidade de monitoramento, tem sido crucial para a redução dos índices de desmatamento nos biomas brasileiros, especialmente na Amazônia.
Reafirmamos apoio e compromisso com a promoção de um modelo de desenvolvimento sustentável para o Brasil, baseado em uma cidadania responsável e na preservação dos nossos recursos naturais. Convocamos a sociedade civil, o setor agropecuário, industrial, os governos locais e a comunidade internacional a unirem esforços na implementação de práticas que respeitem o meio ambiente e combatam, de forma eficaz, as causas das queimadas.
No CDESS, estamos envolvidos no compromisso de continuar articulando políticas públicas que integrem crescimento econômico e sustentabilidade, incentivando práticas agrícolas responsáveis, programas de educação ambiental e cooperação internacional focada na preservação de nossos biomas.
Este é um momento decisivo para o Brasil. A crise das queimadas e a emergência climática exigem respostas imediatas e, sobretudo uma estratégia de longo prazo que una todos os setores em prol de um desenvolvimento sustentável. A combinação de tecnologias avançadas com políticas públicas bem estruturadas pode reduzir significativamente os danos causados pelas queimadas, protegendo o meio ambiente, as comunidades locais e as cidades afetadas com seus efeitos. Juntos, podemos transformar o Brasil em um modelo global de sustentabilidade, garantindo um futuro mais justo e equilibrado para as próximas gerações.
Comissão Temática de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
Ademir Venturin
Alcielle dos Santos
Ana Carolina Lima
André Villas-Boas
Braulina Aurora
Caio Magri
Clemente Ganz
Douglas Belchior
Elisa Vandelli
Esther Bemerguy
Guto Quintella
Jeanine Pires
Jeovani Salomão
Joseph Couri
Marcel Fukayama
Marilene Corrêa
Marina Grossi
Rodrigo Sabatini
Rosilane Jardim
Virgílio Viana