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Brasil discute adoção de economia do bem-estar em parceria com WEGo
Canadá, Islândia, Finlândia, Nova Zelândia, Escócia e País de Gales fazem parte da instituição, que compartilha práticas inovadoras. A iniciativa busca conciliar desenvolvimento econômico com responsabilidade ambiental e inclusão social
A Comissão de Assuntos Econômicos do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS – Conselhão) recebeu na reunião de outubro, realizada na segunda-feira (21/10), a fundadora da Wellbeing Economy Alliance, Katherine Trebeck, e o economista-chefe do governo escocês, Gary Gillespie, para discutir com os conselheiros a possibilidade de o Brasil se tornar membro observador no Wellbeing Economy Governments (WEGo) – uma parceria entre governos que adotaram a abordagem de economia do bem-estar. Participam do WEGo países como Canadá, Finlândia, Islândia, Nova Zelândia, País de Gales e Escócia.
Índice de Bem-Estar Interno Bruto
Durante a discussão, a comissão avaliou a adoção de um Índice de Bem-Estar Interno Bruto, que oriente as tomadas de decisões governamentais, visando atingir metas sociais e ambientais sem negligenciar o crescimento econômico, mas com foco nas necessidades humanas. Para Marcel Fukayama, coordenador da comissão, o Brasil possui grande potencial para liderar a construção de uma economia mais justa e sustentável. “Somos o que medimos, e o Bem-Estar Interno Bruto é uma ferramenta fundamental para harmonizar o crescimento econômico com o bem-estar social e a preservação do planeta”, afirmou Fukayama.
Desigualdade e Sustentabilidade
A economista política e PhD pela Australian National University, Katherine Trebeck, destacou que a principal questão é a distribuição de riqueza, em que as conquistas do desenvolvimento não são acessíveis a todos. “Não é uma questão de direita ou esquerda, é sobre fazer a economia funcionar para mais pessoas”, ponderou. Ela lembrou que há uma premissa de que a riqueza gerada teria efeito cascata, porém isso não é o que ocorre. “A Austrália está entre os cinco países com mais pessoas extremamente ricas, mas, ao mesmo tempo, temos um número crescente de pessoas dormindo em barracas sob pontes.”
Katherine também alertou que o meio ambiente está cobrando décadas de exploração. Segundo ela, há uma relação direta entre desigualdade e destruição ambiental. De acordo com dados da Oxfam (2023), 10% das pessoas mais ricas do mundo foram responsáveis por 50% das emissões de carbono em 2019. “Precisamos de um sistema econômico projetado para as pessoas e para o planeta”, afirmou.
Com base nos exemplos apresentados, a conselheira Kátia Maia destacou que a sociedade brasileira é racista e machista, e esses fatores precisam ser considerados na elaboração do Índice de Bem-Estar Interno Bruto. “Precisamos pensar em uma forma de fazer diferente, envolvendo a Educação e a Cultura”, sugeriu.
Estratégia Nacional para Negócios de Impacto
O encontro também contou com a participação de Giselle Vianna, coordenadora-geral do Departamento de Novas Economias do MDIC. Ela apresentou os avanços na promoção de negócios de impacto — empreendimentos que visam gerar resultados socioambientais positivos, além de retorno financeiro — por meio da Estratégia Nacional da Economia de Impacto (Enimpacto).
O plano nacional, que vai de 2023 a 2032, divide-se em cinco eixos, cada um com um grupo de trabalho específico, metas e ações a serem executadas:
- Ampliar a oferta de capital para negócios de impacto;
- Aumentar a quantidade de negócios de impacto;
- Fortalecer as organizações intermediárias;
- Promover um ambiente institucional e normativo favorável à economia de impacto;
- Promover articulação interfederativa para fomentar a economia de impacto.
Nas próximas reuniões da CAE, os conselheiros deverão discutir possíveis medidas de incentivo aos negócios de impacto social, como compras públicas, e um possível decreto que crie o Wellbeing Framework, avançando na mensuração subjetiva por parte dos cidadãos para criar políticas públicas baseadas nesses resultados.