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Fórum Mundial de Educação Popular foi realizado nos dias 17, 18 e 19 de janeirom Porto Alegre
Educação popular realiza primeiro fórum mundial em Porto Alegre
O Fórum Mundial de Educação Popular teve como tema central A educação popular e Universidades: experiências e desafios e o objetivo de traçar caminhos possíveis para que a educação seja voltada para as questões concretas do cotidiano da população, envolvendo mais os saberes populares e superando a hierarquia dos saberes científicos sobre os populares.
O Fórum contou com a presença de educadores e educadoras do país e do exterior. Foram apresentadas diversas iniciativas de educação de universidades, universidades populares, escolas de formação e projetos educacionais.
Representantes do Departamento de Educação Popular e Mobilização Cidadã da Secretaria Nacional de Articulação Social (SNAS) da Secretaria de Governo da Presidência da República (SG/PR) participaram ativamente do Fórum. Os diálogos giraram em torno do atual momento histórico da relação entre a Universidade e a Educação Popular e o saber popular na produção do conhecimento – sistematização como princípio educativo.
O sociólogo e educador popular Oscar Jara, do Conselho de Educação Popular da América Latina e Caribe (CEAAL), debateu com os/as participantes, a diferença entre sistematização de informações e sistematização de experiências. Tendo como ponto de partida a experiência vivida, Oscar Jara propõe aos educadores uma postura de observação crítica para identificar as etapas desenvolvidas na experiência e as possíveis tensões, assim como, a valorização dos saberes das pessoas. Esta prática, segundo Jara, possibilitará a melhoria da própria experiência, o compartilhamento de aprendizagens, a contribuição para a construção da concepção teórica e, finalmente, apoio na formulação de políticas públicas a partir deste aprendizado.
O professor Boaventura de Sousa Santos, um dos idealizadores da Universidade Popular dos Movimentos Sociais (UPMS) - criada no âmbito do Fórum Social Mundial de 2003 – e diretor do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra defende a tese da “dessistematização” da experiência após sistematizá-la “senão vamos esquecer o que ainda nos falta fazer para gerar as transformações sociais”, afirmou.
A UPMS surgiu a partir do princípio de que é necessário criar um diálogo intercultural entre os movimentos, já que os conhecimentos populares foram deixados de lado nas universidades tradicionais. Assim, cada movimento social cria seu próprio conhecimento, a partir das suas ações, práticas e formulação de estratégias.
“Chamamos estas ações de políticas emancipatórias que levam benefícios para a população e, ao mesmo tempo, incentivam o protagonismo das pessoas na reivindicação de direitos, melhoria das condições de vida e conscientização, acima de tudo”, afirmou Marcel Farah, coordenador-geral de Processos Formativos do Departamento de Educação Popular e Mobilização Cidadã da SNAS/SG.
Também participaram do Fórum Mundial de Educação Popular Salete Valesan Camba (Flacso), Pablo Gentili, (Clacso), Selvino Heck, diretor do Departamento de Educação Popular e Mobilização Cidadã da SNAS/SG, Vera Lúcia Barreto, coordenadora-geral de Educação Popular e Mobilização Cidadã, Gilberto Carvalho (CNS), Wilson Conciani (IFB), dentre outros.
Sobre o Departamento de Educação Popular da SNAS/SG
O Departamento de Educação Popular e Mobilização Cidadã da Secretaria Nacional de Articulação Social (SNAS) da Secretaria de Governo (SG) busca desenvolver ações de educação popular para fortalecer a participação social. O objetivo é que as políticas públicas do governo federal além de trazerem benefícios reais à população também incentivem a reflexão sobre a cidadania, a participação social, os direitos humanos e o funcionamento do Estado, estimulando a organização popular e propiciando espaços de aprendizagem.
A educação popular pauta como metodologia a articulação dos diferentes saberes e práticas, considera as dimensões da cultura e dos direitos humanos, o compromisso com o diálogo e com o protagonismo das classes populares nas transformações sociais.
A educação popular é inspirada nas ideias do educador e autor da Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire, e consolidou-se no campo das práticas sociais e vem ganhando relevância nos espaços institucionais.
O Departamento de Educação Popular e Mobilização Cidadã atua em todo o país em parceria com a Rede de Educação Cidadã (RECID), composta por 550 organizações e entidades da sociedade civil. Com o novo desafio assumido pelo Brasil na Cúpula das Nações Unidas, em 25 de setembro de 2015, de implementar políticas públicas para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o Departamento também deverá orientar as suas ações na qualificação das organizações com foco nos ODS e, principalmente, no ODS 4: Assegurar a educação inclusiva e equitativa, e promover oportunidade de aprendizagem ao longo da vida para todos.
Por Ivonne Ferreira