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15.06.2015 - Governo chama centrais sindicais para ouvir e apresentar cenários da Previdência para as próximas décadas
Foto: Naiara Pontes/SG
Governo e sindicalistas se reuniram nesta segunda-feira (15/06) em torno de estatísticas e análises que compõem o cenário da Previdência Social para as próximas décadas com base nas alterações da estrutura demográfica brasileira. Os dados apresentados às Centrais Sindicais subsidiarão a decisão do governo a respeito da emenda aprovada pelo Congresso Nacional, na MP 664, que altera as regras para aposentadoria por tempo de contribuição –a chamada fórmula 85/95.
O ministro Miguel Rossetto (Secretaria-Geral) afirmou que o governo chamou as centrais para ouvir. “As centrais sinalizaram de maneira clara que valorizam a fórmula 85/95 e também a sustentabilidade da Previdência, do regime solidário. Temos acordo que é preciso continuar o debate de temas estruturantes, a partir das grandes mudanças do país e criar um novo modelo de financiamento para esse novo perfil demográfico. O fato é que o brasileiro vive mais, e isso é bom”.
Durante a apresentação, o ministro Carlos Eduardo Gabas (Previdência Social), mostrou a dificuldade que o país enfrentará em alguns anos com a transição demográfica que ocorre em todo o mundo. Os dados mostram que a expectativa de vida ao nascer tem aumentado a cada ano e a taxa de natalidade, diminuído. Na década de 80, por exemplo, a expectativa de vida era de 65,2 anos. Em 2030, será de 78,6 anos. A consequência disso, de acordo com Gabas, será a redução do número de trabalhadores ativos, que contribuem com o sistema previdenciário, e o número de idosos aposentados. Segundo o ministro, no ano 2000, eram 11,5 trabalhadores ativos para cada idoso. Em 2030, a projeção é de que sejam 5,1 e, em 2060, apenas 2,3 ativos por idoso.
Outro aspecto abordado pelo ministro foi a idade média de aposentadoria que entre os brasileiros é muito baixa se comparada aos demais países. Em 2014, a idade média de aposentadoria das mulheres foi 52 anos e a dos homens, 55 anos. Segundo Gabas, 83% das aposentadorias por tempo de contribuição são concedidas entre 55 e 59 anos. “O nosso é um dos raros países que possui aposentadoria por tempo de contribuição sem exigência de idade mínima”, enfatizou. Além do Brasil, apenas Irã, Iraque e Equador têm o mesmo benefício nesses moldes.
Sobre a emenda aprovada pelo Congresso Nacional, o ministro observou que a fórmula 85/95 fixa, sem acompanhar o aumento da expectativa de vida da população, “inviabilizará nosso regime de repartição, solidário, que é o mais vantajoso em todo o mundo”. Gabas defendeu que o tema seja discutido com mais profundidade no Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e Previdência Social. “Nós acreditamos que é preciso debater o futuro da Previdência com os aposentados, empregadores e trabalhadores para chegarmos a uma regra definitiva capaz de manter os direitos e a sustentabilidade do regime”, afirmou.
Também participaram da reunião no Palácio do Planalto, os ministros Nelson Barbosa (Planejamento) e Ricardo Berzoini (Comunicações), ex-ministro da Previdência Social no governo Lula. Os trabalhadores foram representados pela CUT, Força Sindical, CTB, NCST, UGT e CSB, além da Contag.