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16.07.2015 - Eixo 2: Mais Direitos – Painel III: Igualdade, Direito e Participação das Mulheres no Mercosul
“Queremos que o Mercosul assuma um observatório do mundo do trabalho com um recorte para a mulher trabalhadora. Vamos propor ao bloco uma campanha na região pelo salário igual para trabalho igual”, conclamou Márcia Campos, presidente da Federação Democrática Internacional da Mulher, na abertura do Painel “Igualdade, Direito e Participação das Mulheres no Mercosul”, parte do Eixo 2: “Mais Direitos”, na 18ª Cúpula Social do Mercosul, realizada em Brasília nos dias 14 a 16 de julho de 2015.
As conquistas sociais das mulheres em países latino-americanos referenciam políticas para outros países do bloco. “As mulheres venezuelanas conquistaram a paridade na lista eleitoral, e nós também queremos. Na Colômbia as mulheres propõem uma saída negociada ao conflito. Em 2016 faremos nosso congresso nesse país, em apoio à luta delas contra o confronto armado”, disse Marcia.
Entretanto, qual seria o marco político ideal para levar adiante as lutas das mulheres, e como empoderá-las enquanto sujeitos políticos? Estas foram duas indagações de Adriana Monzón, do Conselho consultivo da sociedade civil, da Argentina, ao público do painel.
Respondendo, em parte, a essa pergunta, Nalu Farias, da Marcha Mundial de Mulheres afirma que as mulheres devem olhar para o próprio movimento, e ver sua construção como sujeitos políticos. “Um dos nossos grandes desafios, não só na América Latina, mas no mundo, é pensar nossa unidade em nossa diversidade. Pensar o debate da integração sempre olhando para qual sociedade queremos construir, pensar dimensões que temos que trabalhar na questão das políticas públicas e integração, para que possamos a partir dos avanços e diferenças entre os países, e uniformizar pelo mais avançado”, pondera Nalu.
Disputar espaço nos instrumentos de luta, como os sindicatos, com ampla maioria de homens, é a sugestão de Maria Ezilene Nogueira, do Fórum das Mulheres da Central Sindical: “temos que fazer com que as companheiras do chão de fábrica se envolvam na política. Falamos um pouco do salário igual pra trabalho igual. Esse problema afeta a economia de um país, essa é uma luta do movimento sindical há muito tempo”.
Já Nilma Bentes, coordenadora da Articulação de Mulheres Negras Brasileiras, levantou a questão da superação do preconceito e da violência contra a mulher como forma de evolução política. “A única coisa no Brasil que une todas as mulheres é a violência, porque apanham brancas, ricas, universitárias, e também muitas mulheres negras e indígenas são oprimidas por mulheres brancas. O movimento de mulheres negras leva em consideração que o racismo e o preconceito estão no campo das ideias, por isso lutamos contra a prática do racismo e preconceito, ou seja, a discriminação racial. O uso da palavra raça é uma questão política”, concluiu Nilma.
Bruno De Vizia - Ascom/SG