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07.05.2014 - Artigo: "Gastos com a Copa não prejudicaram investimentos em saúde e educação" (Gilberto Carvalho)
Infelizmente, porém, tem faltado informação. É exatamente para levar informações precisas e ouvir um amplo leque de opiniões que tenho ido, como representante do governo brasileiro, a todas as cidades-sede para debater com os representantes dos movimentos sociais a importância e as repercussões da Copa para o Brasil.
A "crítica" que mais ouvi até agora é que os gastos do governo federal com a Copa do Mundo prejudicaram os investimentos do país em saúde e educação. Entretanto, esse é um mito que não tem lógica nem fundamento. Não houve gastos do orçamento da União diretamente com a Copa.
"Não dá para aceitar que, por causa de investimentos ligados à Copa, a educação e a saúde estejam em péssima situação, como dizem alguns críticos mais exaltados." Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, sobre críticas aos gastos com a Copa
Nos 12 estádios, que custaram R$ 8 bilhões, o governo federal entrou com R$ 3,9 bilhões de financiamento do BNDES. Mas esses financiamentos serão pagos. Nas obras ligadas à Copa, realizadas nas cidades-sedes, o governo investiu R$ 17,6 bilhões, principalmente nos aeroportos, no transporte público de massa e nas telecomunicações. E essas obras permanecerão como benefícios permanentes para nosso país.
Não dá para aceitar que, por causa desses investimentos, a educação e a saúde estejam em péssima situação, como dizem alguns críticos mais exaltados. Em primeiro lugar, porque os R$ 25,6 bilhões gastos com estádios e obras ligados à Copa, desde 2010, não são comparáveis aos R$ 825,3 bilhões que o governo federal investiu em educação e saúde nesse mesmo período.
Em segundo lugar, porque − ainda que tenhamos muito a melhorar − esses investimentos têm trazido avanços muito importantes. Na educação, basta perguntar a quem teve acesso à universidade graças ao Reuni e ao Prouni, aos milhares de formados pelo Pronatec, aos alunos de tempo integral do Mais Educação, ou aos jovens que estão estudando no exterior pelo Ciência Sem Fronteiras.
"Os movimentos sociais estão aproveitando a oportunidade da Copa para fazer manifestações e reivindicações, e esse é o papel deles." Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, sobre protestos contra o Mundial
O mesmo vale para os milhões de usuários do SUS, o maior sistema público de saúde do mundo, para os beneficiários das novas UPAS e para aqueles atendidos pelos mais de 14 mil profissionais contratados pelo Mais Médicos. Um exemplo importante da melhoria na saúde é o fato de que nos últimos dez anos o Brasil reduziu em 40% a taxa de mortalidade infantil.
Ainda assim, os movimentos sociais querem mais e estão aproveitando a oportunidade da Copa do Mundo para fazer manifestações e reivindicações. Esse é o papel deles. E esse também é o principal significado da Copa: ela traz amplas oportunidades e é uma conquista para nosso país.
Legado
Não é por acaso que o Brasil tem hoje uma das menores taxas de desemprego do planeta. O processo de preparação para a Copa contribuiu para isso, pois gerou centenas de milhares de novos postos de trabalho, principalmente nas áreas da construção civil e do turismo. Segundo a Fundação de Estudos e Pesquisas Econômicas da USP, só a Copa das Confederações, em 2013, gerou 303 mil empregos. E a Copa do Mundo como um todo vai gerar três vezes mais, acrescentando cerca de R$ 30 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2014.
A Copa do Mundo também trouxe a possibilidade de ações de inclusão social e de sustentabilidade ambiental. Serão destinados 50 mil ingressos gratuitos a beneficiários do Bolsa Família e representantes dos povos indígenas.
Nas cidades-sede, haverá coleta seletiva de materiais recicláveis dentro e fora dos estádios, em parceria com cooperativas de catadores. O Pronatec Copa está capacitando milhares de trabalhadores para a recepção aos turistas.
"O governo federal não está tomando nenhuma iniciativa para inibir críticas ou protestos, o Brasil é um país democrático e as manifestações populares são essenciais para nossa democracia." Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, sobre possíveis manifestações durante a Copa
A previsão, no setor de turismo, é de que se abram cerca de 50 mil novos empregos no período da Copa, para atender os 600 mil turistas estrangeiros (o dobro da África do Sul) e os 3 milhões de turistas brasileiros que vão viajar pelo país para acompanhar os jogos. E a ampliação do turismo, com a divulgação da imagem do país no exterior, é um ganho que vai permanecer por muitos anos.
A Copa só veio para o Brasil, depois de uma grande disputa internacional, porque antes nós vencemos a batalha contra a miséria e a batalha da inclusão social. Mas há muitas outras batalhas a vencer. E estamos dispostos a caminhar juntos nessa perspectiva. O governo federal não está tomando nenhuma iniciativa para inibir críticas ou protestos. O Brasil é um país democrático e as manifestações populares são essenciais para nossa democracia.
Os turistas que presenciarem essas manifestações durante a Copa vão testemunhar que o Brasil é um país livre, onde a cidadania se manifesta, protesta e expressa seus anseios. Nós só temos a preocupação de que as manifestações, seja em relação à Copa ou aos temas sociais, ocorram sem violência, a partir de informações corretas, completas e sem distorções.
Finalmente, a Copa do Mundo será também uma oportunidade de reflexão, pois o tema da disputa no Brasil será "Pela paz e contra o racismo". Em todos os jogos haverá ações nesse sentido. O povo brasileiro vai receber os turistas com sua alegria e hospitalidade e vai celebrar a Copa como um momento de festa e congraçamento entre os países que aqui estarão representados. É assim que vamos fazer a Copa das Copas.
Fonte: UOL