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12.09.2013 - Ministro pede ousadia aos jovens para aprofundar mudança global
“Pertenço a uma geração que sonhava muito com a destruição do capitalismo. Tivemos vitórias contras ditaturas, conseguimos criar um processo de democratização importantíssimo, mas o modelo de produção, distribuição e consumo não se alterou”. Essas foram algumas das primeiras palavras do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, ontem (11/09) em palestra no Fórum Internacional de Juventudes, em Cusco, no Peru.
Muito aplaudido pelo público de 130 pessoas, vindas de 20 países da América Latina e de Portugal e Espanha, o ministro fez uma balanço, incluindo autocríticas, da trajetória de sua geração que chegou ao poder em diversos países da região e convidou os jovens a darem sequência ao processo de mudanças atualmente em curso. “Vivemos um momento onde a nossa responsabilidade, dos cidadãos e dos jovens, é muito maior do que em qualquer outro momento. Não vivemos somente uma crise do capitalismo, mas uma verdadeira crise civilizatória”, afirmou.
O ministro lembrou que quando o projeto liderado por Lula chegou ao governo no Brasil – “não ao poder”, salientou – foi possível fazer um-contra movimento de desenvolvimento que incluiu 40 milhões de pessoas até então marginalizadas, porém, por não conseguir mudar o modelo capitalista, agudizou outras tensões sociais. “As manifestações de junho em dezenas de cidades brasileiras foram a representação disso”, disse.
Entre os desafios colocados pelas ruas ao processo de transformação brasileiro, Carvalho citou o investimento em uma nova filosofia de mobilidade urbana – que democratize efetivamente o acesso aos bens da cidade –; a qualificação de serviços públicos, em especial a Saúde e a Educação; e a transformação do sistema político. “É preciso sim questionar os modelos sobre os quais fizemos todo o desenvolvimento de nossos governos, desde a forma de fazer a política. Temos que ter a capacidade de protestar interna e externamente contra este modelo”, apontou Carvalho.
Por se tratar de uma questão cultural muito sedimentada na sociedade, envolvendo fortes interesses econômicos, com incrível capacidade de cooptação e forte oposição midiática, o ministro chamou atenção para a dificuldade de se criar um novo modelo. ”A saída é de fato a criação de um novo modelo que não se fará em laboratório e nem de repente. Não penso que ninguém tem a verdade sobre essa questão. É necessário que nós, que estamos nas esferas de governo, comecemos a criar espaços e formas novas de governança de prática democrática, econômica e social. Mas não podemos pensar em ser simplesmente vanguarda. Ou nossa estratégia é de maioria ou não será vitoriosa”, apontou.
Diante deste quadro, o ministro convocou à ousadia a Organização Ibero-americana de Juventude (OIJ), organizadora do Fórum, tendo consciência do papel que deve cumprir nesse debate. A OIJ é a maior organização de governos no mundo voltada especificamente ao tema de juventude, mas, para o ministro, ela não deve se restringir aos limites ibero-americanos. “Temos que abrir nossas fronteiras. Há outros povos além dos nossos e podemos fazer da OIJ uma referência de troca de projetos. É da troca de nossas vitórias e derrotas que nós vamos poder gerar e praticar esse novo modelo que chamamos de uma estratégia de maiorias”, concluiu.
O Fórum – O Fórum Internacional de Juventudes é organizado pela OIJ, entidade atualmente presidida pela secretária nacional de Juventude do Brasil, Severine Macedo. Ele acontece em Cuzco, Peru, desde o dia 10 de setembro até o dia 12 do mesmo mês, com 130 representantes de organizações sociais e movimentos de jovens, ONG, líderes políticos, empresários, governos e cooperação internacional, que contribuirão para a elaboração de uma Agenda Regional de Juventude consensual. 20 países ibero-americanos estão representados.
No dia 13 de setembro haverá a conferência extraordinária da OIJ, na qual um dos temas em debate será a ampliação do escopo da entidade. Em conjunto com outros países, o Brasil defende que OIJ se torne internacional, abrindo-se para a entrada de representantes de juventude de governos de todo o mundo.