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04.09.2013 - Gilberto Carvalho debate modelo de desenvolvimento sustentável em Conferência Ethos 2013
Na abertura do módulo “Empresas brasileiras: conexões transversais”, sob o tema “Ampliando a competitividade do país por meio de suas empresas transnacionais”, Carvalho afirmou que as ações das empresas brasileiras que se instalam no exterior precisam refletir o ideal de desenvolvimento sustentável que permeia os discursos de governo, sociedade e corporações em território nacional. “O trabalho das empresas brasileiras no exterior só pode ser tratado adequadamente se estivermos abertos ao debate e a transformar em prática efetiva uma postura que considere a sustentabilidade em relação à natureza e às sociedades onde elas estão”.
O ministro ressaltou que “antes de pensarmos no papel das empresas brasileiras no exterior e replicarmos nosso modelo para fora, devemos aprimorar nossas práticas internas. E a atuação interna deve ser pautada pela adoção de um modelo que traga novas soluções frente aos nossos desafios e que necessariamente passam por soluções de sustentabilidade”.
Gilberto Carvalho falou que “nossa cultura baseia-se muito fortemente no consumo e na questão do ‘ter’ como objetivo a ser perseguido. Todo o nosso modelo de desenvolvimento encontra respaldo nessa mentalidade, que precisa ser rediscutida frente aos problemas que temos atualmente”.
Carvalho enfatizou que nos últimos anos o Brasil trabalhou para retirar 40 milhões de pessoas da linha da pobreza extrema, dando acesso ao consumo para essas famílias. “O fato de termos incluído mais 40 milhões de consumidores no país gerou um estresse. O grito das ruas em junho questionou um modelo de desenvolvimento que tornou a vida insustentável nas cidades. Esta foi uma mudança social extremamente importante, mas que nos coloca um novo desafio que passa por outras questões sociais, como mobilidade urbana. As recentes manifestações populares são um reflexo direto disso e nos exige uma ampla reflexão na busca de novas soluções e de um novo modelo de desenvolvimento. Para tal, é necessário o envolvimento conjunto do governo, sociedade e meio empresarial”, disse.
O ministro concluiu falando da necessidade de haver parceria e co-responsabilidade dos atores sociais – governo, empresas e sociedade – na construção e condução dos processos de mudança pelos quais o Brasil vem passando.
O embaixador do Brasil na Venezuela, José Antônio Marcondes de Carvalho, afirmou que “ao absorver a mão de obra local, nossas empresas se tornam indutoras do desenvolvimento e deixam no país um legado que é o nosso modelo de negócio, de empreendedorismo e nossas técnicas, que são muitas vezes mais avançadas”, ressaltou. O embaixador destacou o esforço feito pelo governo nos últimos anos em ampliar a presença das empresas brasileiras nos países da América Latina e África e as dificuldades que isso traz, já que a legislação desses países nem sempre é rígida nas questões socioambientais. Ele lembrou que “é complicado chegar lá e dizer que vamos cumprir as nossas leis porque são melhores que as deles”.
O presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão, lembrou a importância de que as empresas trabalhem no exterior com base em seus melhores padrões. “Não basta ser o melhor padrão no Brasil. Tem que ser o melhor padrão combinado. A América do Sul tem bons padrões na questão social. Já a Europa tem uma legislação bastante avançada na questão ambiental e os Estados Unidos no âmbito da transparência. É preciso compilar tudo isso. Uma ferramenta importante são os marcos regulatórios”, enfatizou.
Presentes na mesma mesa, que foi mediada pela jornalista Cristiana Lobo (GloboNews), a superintendente nacional de Operações Internacionais da Caixa Econômica Federal, Beatriz Vianna von Bentzeen Rodrigues, e o gerente do Departamento de Economia Solidária da Área Social do BNDES, Guilherme Montoro, lembraram que a atuação no exterior representa principalmente oportunidades para as empresas. Porém, essas oportunidades estão atreladas a responsabilidades.
Segundo Montoro, “o BNDES fomenta a internacionalização e contribui para dar maior competitividade para as empresas no exterior, mas elas têm que estar em dia com suas responsabilidades socioambientais”. Seguindo a mesma filosofia, Beatriz destacou que “a sustentabilidade está no DNA da Caixa e nós queremos levar isso para outros países. Queremos semear isso”.
Agenda SG na Conferência – Nesta quarta-feira (4/9), o assessor para Assuntos Internacionais da Secretaria-Geral da Presidência da República, Murilo Vieira Komniski, participa como palestrante do painel “Esferas de progresso socioambiental: empresas, cidades e países”. Na quinta-feira (5/9), o diretor do Departamento de Participação Social da Secretaria-Geral, Pedro Pontual, ministrará palestra com o tema “Mecanismos de reclamação e diálogo”. Também no dia 5, a assessora do Gabinete da SG/PR, Laís de Figueiredo Lopes, participará do painel “Tecnologia e inovação a favor da inclusão”.
Conferência – Neste ano, em sua 15ª edição, a Conferência tratará do tema “Negócios Sustentáveis” em seus mais diversos aspectos, por meio dos seguintes módulos temáticos: ‘Negócios e Direitos Humanos’, ‘Conversa de Líderes’, ‘Educação e Tecnologia’, ‘Negócios Sustentáveis’ e ‘Negócios Brasileiros’. O evento deve contar com a presença de cerca de 40 palestrantes e 1.400 participantes, entre líderes empresariais e representantes do governo federal, da sociedade civil e da imprensa.