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08.04.2013 - 'A Justiça valeu', diz bispo de MT sobre desintrusão de terra indígena
O bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga, mostrou-se satisfeito com a entrega oficial da terra indígena de Marãiwatsédé, no nordeste de Mato Grosso, à etnia xavante nesta sexta-feira (5). Após 20 anos de conflito entre produtores rurais, índios e União, o dia foi marcado pela solenidade em que o ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República, transferiu definitivamente a posse dos 165 mil hectares aos ocupantes originais.
“Pelo menos nessa hora a Justiça valeu”, declarou Casaldáliga, hoje com 85 anos idade, ao G1. Mesmo com a voz vacilante, os sintomas do mal de Parkinson e o cansaço após um dia cheio de compromissos da Prelazia com autoridades indigenistas e do governo federal, o catalão retomou sua posição de defesa dos direitos dos povos indígenas que tanta insegurança lhe causou durante o processo de desintrusão de Marãiwatsédé, entre dezembro de 2012 e janeiro deste ano.
Durante o processo, no qual forças policiais nacionais cumpriram mandados judiciais de despejo contra a verdadeira cidade formada sobre a terra indígena, Casaldáliga chegou a sofrer ameaças de morte e precisou se retirar da região por um período. Tudo por conta de seu apoio histórico à causa indígena e de outras minorias.
A Polícia Federal precisou instaurar inquérito para investigar os autores das ameaças. Hoje, o sacerdote está muito mais tranquilo, segundo o padre Paulo Santos, que vive e auxilia o bispo em São Félix do Araguaia. Isso porque as ameaças cessaram e a Força Nacional de Segurança permanece trabalhando na região, explicou o padre.
Para o bispo emérito, o caso da desintrusão de Marãiwatsédé não só cumpriu o compromisso do governo com a justiça para com o povo xavante. Análise elaborada sobre o processo de desintrusão por Casaldáliga e os demais membros da Prelazia sugere ao governo federal que a conduta adotada para conduzir a situação delicada em Marãiwatsédé se torne modelo, exemplo para demais casos de atuação da política indigenista nacional.
O relatório produzido pela Prelazia foi oficialmente entregue ao ministro Gilberto Carvalho nesta sexta-feira pelo bispo efetivo da região, Dom Adriano. A ocasião também contou com a presença de representantes do Ministério da Justiça, da Fundação Nacional do Índio, do Ministério Público Federal e da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos.