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01.03.2013 - Comunidades quilombolas produzem alimentos saudáveis
A produção de alimentos saudáveis é uma das preocupações dos quilombolas de Engenho II, em Cavalcante (GO), na Chapada dos Veadeiros. “A gente evita ao máximo o uso de agrotóxicos nas lavouras”, diz a agricultora familiar Lourença dos Santos Rosa, 42 anos, casada, mãe de cinco filhos e beneficiária do Programa Bolsa Família.
A assistência técnica e a extensão rural às comunidades quilombolas é uma das ações do Plano Brasil Sem Miséria. Segundo Lourença, o apoio técnico pode ajudá-la a diversificar a lavoura. “A gente precisa de mais cultura. Na época da chuva, por exemplo, as folhagens como alface e couve não se reproduzem e ficamos meses sem ingerir esses alimentos.”
A agricultora quilombola vende parte da produção de frutas e verduras por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), e outra parte diretamente à comunidade de Cavalcante. A mulher e a família vivem com uma renda mensal de cerca de R$ 500.
Lourença acredita que é possível aumentar o rendimento médio mensal familiar com orientação técnica rural. “Temos muitas bananeiras no quintal, mas não sabemos como cultivá-las de forma certa e sempre perdemos parte da produção. As frutas nascem e amadurecem antes do tempo correto da colheita e depois a planta morre. Com isso, a gente deixa de ganhar muito dinheiro.”
De acordo com ela, a ampliação da assistência social na comunidade quilombola de Engenho II não depende apenas de uma decisão de governo. “Os moradores mais antigos e algumas lideranças comunitárias ainda são muito resistentes em relação às nossas tradições e dificultam muito a chegada de novas informações e benefícios para a comunidade.”
Pecuária - Para que os quilombolas de Engenho II não fiquem restritos à agricultura, a Universidade Federal de Goiás (UFG) incentiva a expansão da pecuária, por meio de projeto coordenado pela professora Clorinda Santos Fioravante. Ela está trabalhando para que a comunidade passe a criar gado da espécie curraleiro. “Além de ser um animal de tração, ele facilita as atividades que demandam mão de obra pesada; o gado serve como alimento e como moeda de troca local”, assinala Clorinda.
O projeto também incentiva a criação de cabras em Engenho II. Segundo ela, a falta de animais produtores de leite na comunidade causa deficiência de cálcio visível nas crianças.
“É fundamental que os quilombolas recebam assistência técnica rural especializada para produzir de acordo com as políticas de segurança alimentar e nutricional”, acrescenta o técnico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Roberto Carvalho, que visitou Engenho II para avaliar as condições da comunidade.
Oficina testa estratégia para busca ativa de famílias quilombolas
A Paraíba foi escolhida para iniciar um mutirão nacional de busca ativa e atualização cadastral de todas as famílias nas comunidades quilombolas certificadas do país. O objetivo é garantir a inserção no Cadastro Único (CadÚnico) para Programas Sociais e no Bolsa Família do Plano Brasil Sem Miséria do governo federal. “Há um esforço para fazer com que os direitos das comunidades quilombolas de todo o país possam avançar e ganhar visibilidade”, afirma Bárbara Oliveira, diretora de programas da Secretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).
As comunidades quilombolas representam um patrimônio cultural e um símbolo da sociedade brasileira. Estima-se que o Brasil tenha hoje 1,17 milhão de quilombolas e cerca de 214 mil famílias de um total de 1.834 comunidades certificadas pela Fundação Cultural Palmares (FCP).
Fonte: Em Destaque