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27.11.2012 - Governo e sociedade civil debatem Plano de prevenção à violência contra a juventude negra
Na cerimônia de abertura, o ministro da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, destacou o esforço interministerial para que a iniciativa assegure os direitos dessa juventude, que é hoje a principal vítima de homicídios no país. Além de envolver vários Ministérios, o Plano, denominado Juventude Viva, conta com a parceria de entidades e movimentos da sociedade civil, que participaram de sua elaboração. A ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, também ressaltou a importância dessa parceria e lembrou que o Estado, além de ouvir e dar respostas à sociedade, deve provocá-la, estimulando o debate de temas relevantes, como é o caso das mortes que atingem milhares de jovens negros em todo o Brasil.
A ministra da Seppir mencionou dados da pesquisa DataSenado, realizada recentemente, mostrando que a maioria das pessoas reconhece que os jovens são as principais vítimas da violência, mas ainda olham para o problema de forma estigmatizada. Diante de questões afirmativas, quando o entrevistado deveria responder sim ou não, 55% das pessoas concordaram que a morte violenta de um jovem negro choca menos do que a morte de um jovem branco. Luiza Bairros frisou que a questão racial precisa ser tratada como referência para que o Plano consiga mudar efetivamente os indicadores atuais. “É nosso papel despertar a consciência social, colocando em pauta questões como essa para reflexão”.
A jovem Rúbia Nascimento, que integra a Rede de Jovens do Nordeste, falou em nome da juventude alagoana. Ela afirmou que Alagoas tem uma dívida histórica com a questão racial, tendo sido, inclusive, o último estado brasileiro a abolir a escravidão. “É muito triste para nós contar o número de jovens negros que morrem no nosso estado. E é mais triste ainda ver a nossa juventude rotulada. Precisamos fazer com que esses jovens saiam da invisibilidade e sejam vistos como seres humanos” Rúbia destacou a importância do Juventude Viva para as cidades onde foi implementado, no caso, Maceió, Arapiraca, União dos Palmares e Marechal Deodoro, e convocou a sociedade civil a acompanhar de perto todas as ações. Segundo ela, se o Plano trouxer bons resultados nessas cidades, terá tudo para dar certo nos demais estados.
A secretária nacional de Juventude, Severine Macedo, explicou o objetivo do encontro, que é justamente avaliar o andamento das ações em Alagoas, dando retorno aos parceiros que contribuíram na elaboração do Plano. A partir dessa troca, pretende-se definir os próximos passos da iniciativa, que no primeiro semestre de 2013 deve ser estendida aos estados da Paraíba, Espírito Santo, Distrito Federal, Bahia e Rio Grande do Sul. A secretária aproveitou o encontro para apresentar uma campanha publicitária que será veiculada em Alagoas, com o objetivo de sensibilizar a população e divulgar as ações e programas do Juventude Viva oferecidos aos jovens alagoanos. A campanha é composta por um filme para a tv, narrado pelo jovem ator negro, Darlan Cunha, um spot de rádio e anúncio para revistas e jornais locais.
O secretário-executivo da Secretaria-Geral, Rogério Sottili, destacou que apesar dos grandes avanços sociais alcançados pelo Brasil na última década, nesse período o país perdeu mais de 270 mil jovens, vítimas da violência. Segundo ele, isso demonstra que a juventude brasileira precisa de um apoio especial para ter a sua inclusão assegurada, o que passa pela garantia efetiva de todos os seus direitos, tanto os básicos quanto os específicos. O que é, de acordo com Sottili, a proposta do Juventude Viva.
Sobre o Juventude Viva - O Plano reúne ações de prevenção que visam reduzir a vulnerabilidade dos jovens em situações de violência física e simbólica, criando oportunidades que garantam a inclusão social e a autonomia; a oferta de equipamentos, serviços públicos e espaços de convivência em territórios que concentram altos índices de homicídios. Outro eixo de atuação é o aprimoramento da atuação do Estado no enfrentamento ao racismo institucional e na sensibilização dos agentes públicos para a questão.
O Plano foi construído de forma participativa, com o envolvimento dos movimentos juvenis; do movimento negro, de representantes do Hip Hop, de especialistas em segurança pública e pelos diálogos com atores governamentais, nas esferas federal, estaduais e municipais. A execução envolve, além da Secretaria-Geral, por meio da Secretaria Nacional de Juventude, e a Seppir, os ministérios da Justiça, Saúde, Educação, Trabalho e Emprego, Cultura e Esporte, em conjunto com os estados, municípios, sociedade civil, e prevê parcerias com Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública, entre outros