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28.09.2012 - Juventude Viva: Gilberto Carvalho e Luíza Bairros falam sobre o plano no Bom Dia Ministro
Confira íntegra do Programa Bom Dia Ministro, de 26 de setembro de 2012, com a Ministra-Chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, e o Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. O vídeo pode ser visto no canal do Youtube da EBC.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Olá, amigos, em todo o Brasil. Eu sou Kátia Sartório, e começa, agora, mais uma edição do programa Bom Dia, Ministro. O programa tem a coordenação e a produção da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em parceria com a EBC Serviços. Hoje, estamos em uma edição especial: temos dois convidados, aqui, no estúdio da EBC Serviços, o Ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e a Ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial. Bom dia, Ministro. Bom dia, Ministra. Sejam bem-vindos.
MINISTRA LUIZA BAIRROS: Bom dia, Kátia.
MINISTRO GILBERTO CARVALHO: Bom dia, Kátia. Bom dia, ouvintes da rede Bom Dia, Ministro.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Na pauta do programa de hoje, os Ministros conversam com emissoras de rádio de todo o país, sobre o Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra. Os Ministros Gilberto Carvalho e Luiza Bairros já estão aqui, no estúdio, prontos para conversar com os âncoras de emissoras de todo pais, neste programa que é multimídia, estamos no rádio e na televisão. Ministros, nós vamos falar, agora, com a Rádio Gazeta 1260 AM, de Maceió, Alagoas. A pergunta é de Rogério Costa. Bom dia, Rogério.
REPÓRTER ROGÉRIO COSTA (Rádio Gazeta 1260 AM / Maceió AL): Bom dia. Bom dia, Kátia. Bom dia, Srs. Ministros. Antes de tudo, sejam bem-vindos, os senhores, que amanhã estarão, aqui, no Estado de Alagoas, terra cheia de belezas naturais, que, infelizmente, está, hoje, entre os estados da Federação mais violentos. Nunca se matou tanto jovem no país e nas Alagoas, infelizmente. Como o Juventude Viva será lançado e executado, aqui? Quais são os pilares do projeto?
MINISTRA LUIZA BAIRROS: Bom dia. Bom dia, Rogério. É, nós estaremos aí, amanhã, lançando esse Juventude Viva, basicamente, trabalhando com quatro dimensões dessa questão da violência entre jovens, principalmente, jovens negros. Temos, portanto, nesse lançamento, toda uma costura que já foi feita com o Governo do Estado, no sentido de trabalhar ações que envolvem a questão de desconstrução mesmo da cultura de violência. Eu acho que isso é um dos aspectos mais importantes: a questão da inclusão dos jovens e a garantia de direitos. Temos, também, uma dimensão, que é de intervenção nos territórios, através da construção de equipamentos, de espaços para a convivência da juventude negra e, finalmente, também, um trabalho voltado para a dimensão institucional, que seria o trabalho que desenvolveremos junto com o Ministério da Justiça, no sentido de capacitar, sensibilizar todos os servidores que operam com jovens e, principalmente, aqueles ligados às forças policiais.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Rogério Costa, da Rádio Gazeta, de Maceió, Alagoas, você tem outra pergunta?
REPÓRTER ROGÉRIO COSTA (Rádio Gazeta 1260 AM / Maceió AL): Sim, Kátia. A nossa próxima pergunta é a seguinte: de que forma essa alta da violência contra os jovens negros, no Brasil, é potencializada pela tolerância racial e étnica, no país? Isso quer dizer: já que a violência aumentou e que essa distorção também está aumentando, essa intolerância também está aumentando? Como mudar a cultura de uma nação que foi forjada, infelizmente, com um histórico de um inegável preconceito étnico, racial, em sua história?
MINISTRA LUIZA BAIRROS: Olha, Rogério, essa é, realmente, uma questão que tem vários fatores que influenciam, e não há dúvida nenhuma que a discriminação racial sofrida pelos negros, ela joga um papel importante, porque, fundamentalmente, o que racismo, as ideias racistas fazem é desvalorizar as pessoas. E, em desvalorizando as pessoas e desumanizando as pessoas, também tem se tem, com relação à população negra, uma dimensão de que a vida vale menos. Felizmente, com o trabalho que tem sido desenvolvido pelos movimentos sociais, em primeiro lugar, e na continuação, o trabalho que temos feito, a partir do Governo Federal, eu acredito que esse tipo de mentalidade na sociedade brasileira tende a mudar. Quer dizer, tanto isso é verdadeiro que nós, agora, no governo da Presidenta Dilma, assumimos como uma dimensão importante essa, a da proteção da vida dos jovens, especialmente, dos jovens negros.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro Gilberto Carvalho?
MINISTRO GILBERTO CARVALHO: Rogério e ouvintes da Gazeta, eu só queria complementar, dizendo que, para nós, essa ida a Maceió é muito importante. Primeiro, porque o programa de menos violência, o programa que o Ministério da Justiça está implementando aí, no estado, felizmente, você sabe que está dando resultados. Nós estamos conseguindo começar a diminuir os índices de violência e de morte, no estado. Agora, para nós, vai ser muito importante essa experiência aí, em Maceió, e nas quatro cidades, porque se der certo, nós teremos um laboratório para lançarmos um programa no Brasil todo. Portanto, o Estado de Alagoas, em que pese o seu sofrimento, por outro lado, tem o privilégio de receber, pela primeira vez, este programa, e, com isso, ser uma espécie de laboratório do Brasil, para que nós possamos, depois, multiplicar essa experiência em outros estados. Então, nós estamos indo com muita alegria, com muito entusiasmo e com todo apoio da Presidenta Dilma, para realizarmos, de fato, um trabalho que mude esta realidade aí, do estado... Aqui, do Estado de Alagoas.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Obrigada, Rogério Costa, da Rádio Gazeta, de Maceió, Alagoas. E vamos, agora, Ministros Luiza Bairros e Gilberto Carvalho, conversar com a Rádio América, lá em Belo Horizonte, Minas Gerais, onde está Kátia Gotijo. Bom dia, Kátia. Kátia? Daqui a pouco, a gente tenta o contato com a Kátia Gotijo, da Rádio América, de Belo Horizonte, Minas Gerais. Vamos, então, a São Paulo, conversar com a Rádio Capital AM, onde está Cid Barboza. Bom dia, Cid.
REPÓRTER CID BARBOZA (Rádio Capital AM / São Paulo SP): Muito bom dia, Kátia Sartório. Bom dia, Ministro Gilberto Carvalho, Ministra Luiza Bairros. Bem, esse mapa da violência contra a juventude negra pode ser considerada até um marco aí, em relação à proteção da juventude, no Brasil. Eu gostaria de saber o seguinte: se existem números indicando em que nível existe a violência policial, os jovens mortos em confrontos com a polícia, nesse levantamento que foi feito?
MINISTRA LUIZA BAIRROS: Bom dia. Bom dia, Cid. Olha, nós não temos, dentro desse trabalho, uma estatística específica de homicídios resultantes de confrontos com a polícia. Nós trabalhamos com os dados do Ministério da Saúde e, nesse aspecto, não se identifica o que está por trás dessas mortes violentas. Agora, a evidência que levou, efetivamente, a esse conjunto de Ministérios a trabalhar o programa Juventude Viva é que, na análise das informações, ao longo dos anos, nós fomos percebendo a existência de uma queda bastante acentuada dos homicídios entre jovens brancos e, por outro lado, um aumento extremamente pronunciado de mortes entre jovens negros. Quer dizer, para você ter uma ideia, nós tivemos, no Brasil, no ano de 2010, 19 mil mortes entre jovens negros, contra sete mil mortes entre jovens brancos. Então, você percebe que existe aí, uma diferença abismal nesses números. Portanto, isso exige, da nossa parte, uma preocupação específica com esse segmento da população. Como você também sabe, no caso, o Estado de São Paulo é um dos estados... Não o estado, mas a Cidade de São Paulo está entre as 12 maiores, ela é a 12ª, do ponto de vista da existência dessas mortes. E isso a gente considerando que acontece mesmo dentro de uma conjuntura, no caso da Cidade de São Paulo, onde esses homicídios caem. Então, isso dá para nós todos bem a ideia de como esse problema é um problema urgente, não apenas para a população negra, mas para o futuro do Brasil, como um todo, porque se refere a jovens. Portanto, é disso que a gente tem que cuidar, é da nossa possibilidade de crescimento e de vida plena, no futuro.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Obrigada, Cid Barbosa, da Rádio Capital AM, de São Paulo, que participa com a gente dessa rede de emissoras que compõem o Bom Dia, Ministro. Lembrando que este programa, o Bom Dia, Ministro, de hoje, é um programa especial, temos dois convidados: o Ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e a Ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, que conversam, ao vivo, com âncoras de emissoras de rádio de todo o país.
Vamos, agora, então, novamente, tentar o contato, Ministros, com Kátia Gotijo, da Rádio América, lá em Belo Horizonte, Minas Gerais. Bom dia, Kátia. Está nos ouvindo, agora?
REPÓRTER KÁTIA GONTIJO (Rádio América / Belo Horizonte MG): Bom dia. Você está me ouvindo?
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Sim.
REPÓRTER KÁTIA GONTIJO (Rádio América / Belo Horizonte MG): Bom dia. Bom dia, Dr. Gilberto. Bom dia, Dra. Luiza. Nós sabemos que vivemos, no país, uma democracia racial instituída aí, pelo nosso brilhante escritor Gilberto Freire, sistematizada na obra Casa Grande e Senzala. Infelizmente, como a Dra. Luiza acabou de falar, 19 mil negros foram mortos, contra seis mil brancos. Essa democracia racial pode ser melhorada nesse preconceito, que a gente sabe que o nosso país, ele é miscigenado. Nós temos uma mistura de raças muito grande. Como fazer, Dr. Gilberto e Dra. Luiza, para acabarmos com essa democracia aí, racial, no nosso país?
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministra.
MINISTRA LUIZA BAIRROS: É o seguinte, Kátia: eu acho que, no Brasil, nós já tivemos uma... Já percorremos um caminho muito importante, no ponto de vista de buscar fazer do país, da sociedade um ambiente racialmente democrático. Obviamente, quando nós falamos de racismo, e eu sempre repito, é um fenômeno extremamente elástico, ele vai tomando formas diferenciadas à medida que a sociedade também vai mudando. Mas o que eu acredito é que também, do ponto de vista das políticas públicas, nós temos feito tudo o que é possível para fazer com que a igualdade racial se estabeleça. Você vê que, recentemente, cerca de três semanas, a Presidenta Dilma sancionou uma lei, que é a lei de reserva de vagas nas universidades federais e nas instituições federais técnicas de nível médio, que reserva metade das vagas para a escola pública e, dentro destas, uma proporção, de acordo com a população, para estudantes negros. Então, na verdade, isso tem que ser visto como sendo uma das mais abrangentes decisões que a sociedade brasileira e o Estado tomaram, no sentido da inclusão. Eu acredito que, na medida em que as pessoas negras tenham acesso a outras oportunidades, possam conviver dentro de espaços que, historicamente, eram espaços ocupados pela maioria branca, a gente, efetivamente, vai conseguir criar um ambiente onde prevaleça o respeito entre as pessoas.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro Gilberto Carvalho?
MINISTRO GILBERTO CARVALHO: Eu só queria agradecer muito a sua pergunta, Kátia, e dizer que, você veja, agora, nesse programa que nós estamos fazendo, lá em Alagoas, uma das questões que nós estamos trabalhando é, inclusive, um processo de reeducação da Polícia Militar e da Polícia Civil. Porque esse investimento? Porque nós temos que rediscutir com eles a própria abordagem tradicional que se faz do jovem negro, porque, infelizmente, para te dar razão desse preconceito, dessa descriminação, nós temos... Ela é tão presente que, nas mínimas atitudes, inclusive, na fórmula... Verificamos que na forma da polícia abordar um jovem branco ou um jovem negro é uma forma diferenciada. Então, um dos itens do processo de reconstrução dessa cultura policial em Alagoas, será esse, será esse processo de mudar o padrão de abordagem, que você não chega já suspeitando, já achando que o jovem é um bandido. E, além de todos os aspectos que a nossa Ministra Luiza já colocou, sempre é bom lembrar esse números. Dos 53... Em todo o homicídio, no Brasil, 53 são de jovens e, destes, 75% são de jovens negros e 91% homens, jovens masculinos. Portanto, há dado, mais uma vez, reforçando esse aspecto do preconceito, ao qual você se referiria. E outro aspecto que eu queria te dizer: que, na medida em que um governo direciona a sua política, com... No caso das vagas mencionadas pela Ministra, por outras políticas e, também, por programas sociais que acertam a raiz do problema, como é o caso do Bolsa Família, como é o caso do Prouni, que permitiu a chegada à universidade de centenas de milhares de afrodescendentes, a gente vai construindo, entre os programas econômicos e sociais, e os programa que trabalham a questão da cultura, de vencer o preconceito racial, nós esperamos poder construir, de fato, uma nova realidade no Brasil.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Este é o programa Bom Dia, Ministro. Eu sou Kátia Sartório. Hoje temos dois convidados, o Ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e também a Ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial. Eles conversam com âncoras de emissoras de rádio de todo o país. Lembrando às emissoras que o sinal dessa entrevista está no satélite, no mesmo canal de A Voz do Brasil. Ministros, vamos agora a Curitiba, no Paraná, falar com a rádio Iguaçu AM, 830, onde está Eduardo Kampa. Bom dia, Eduardo.
REPÓRTER EDUARDO KAMPA (Rádio Iguaçu AM 830/ Curitiba - PA): Bom dia, Kátia Sartório. Bom dia, Ministro Gilberto Carvalho, Ministra Luiza Bairros. Que tipo de programas específicos o governo ainda pretende implementar? Seriam ações sociais voltadas a juventude negra, mais ou menos como já acontece com o Pronaf, Prouni, Bolsa Família, Ministros?
MINISTRA LUIZA BAIRROS: Bom dia. Bom dia, Eduardo. É o seguinte, o programa, esse Juventude Viva, ele conta com a participação de vários Ministérios. Nós temos, além da Secretaria-Geral e a Seppir, que o coordenam, a saúde, a cultura, a educação, esporte, Justiça, todos eles envolvidos nas possibilidades de ações. Então, cada um desses ministérios entra no programa com um conjunto de possibilidades, um conjunto de possibilidades, que vão ser utilizadas de acordo com o diagnóstico que se fizer em cada um dos municípios. Só para exemplificar com relação a isso, o Ministério da Educação, por exemplo, tem uma contribuição muito forte nesse sentido para facilitar a implementação nas escolas estaduais, do Programa Mais Educação, que tem sido uma aposta muito grande desse governo, no sentido de fazer com que as escolas se tornem escolas de tempo integral, fazendo, portanto, com que os estudantes tenham a possibilidade de participar de atividades não só curriculares, mas extracurriculares também. Um outro exemplo, no caso do Ministério da Saúde, tem a ver com a possibilidade de criarmos com o apoio do Ministério uns agentes jovens de saúde, as academias de saúde, que são ações e atividades que incorporam a participação, o protagonismo da juventude, que isso é extremamente importante para que nós possamos criar em determinadas áreas, uma relação mais positiva da juventude com a vida. Do mesmo modo, o Ministério da Cultura entra com as praças de esporte e lazer e com as usinas culturais, que são também, não é, equipamentos extremamente importantes para fazer com que a juventude tenha, especialmente, naqueles territórios mais violentos, alternativas de atividades e etc. Eu não vou aqui me estender em todas as possibilidades de ação. Agora, essas são as mais exemplares e cada uma delas, nós acreditamos, cria efetivamente essa possibilidade do jovem ser encarado, ser tratado como alguém que tem contribuições efetivas para dar à sociedade e, portanto, merece estar vinculado à ações e à atividades que são valorizadoras da vida e dos seus talentos.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Obrigada pela participação, Eduardo Kampa, da rádio Iguaçu AM de Curitiba, no Paraná. E vamos agora a Manaus, no Amazonas, falar com a rádio Amazonas FM. Patrick Motta, bom dia.
REPÓRTER PATRICK MOTTA (Rádio Amazonas FM / Manaus - AM): Bom dia, Kátia Sartório, senhoras e senhores ouvintes. Bom dia aos ministros. Eu faço inicialmente a pergunta ao Ministro Gilberto Carvalho. Ministro, esse plano tem como meta reduzir o elevado índice de homicídios, que atinge aí os jovens negros em todo país. Os dados do Ministério da Saúde afirmam que mais de 53% desse tipo de crime atingem pessoas jovens onde a maioria é negra, de baixa escolaridade e do sexo masculino. Eu pergunto, Ministro, como será feita essa prevenção já que as mortes de jovens brancos diminuíram entre os anos de 2000 e 2010, enquanto que as mortes de jovens negros cresceram no mesmo período, Ministro?
MINISTRO GILBERTO CARVALHO: Bom dia, Patrick. Bom dia, queridos ouvintes da rádio Amazonas FM. Eu quero te dizer, Patrick, que esse programa, na verdade, nós estamos realizando primeiramente um piloto, uma experiência pioneira no estado de Alagoas, por quê? Porque verificou-se que o estado de Alagoas era o estado de maior índice de violência do país, proporcionalmente. Bem, nós, antes do Programa Juventude Viva - isso é muito importante deixar bem claro - nós fizemos um programa muito forte a pedido do governador do estado e por iniciativa do Ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, um programa forte de presença do processo repressivo do estado, nós tivemos a presença forte de presença do processo repressivo no estado. Nós tivemos a presença forte da força nacional, e todo um programa que procurou combater a violência como um conjunto. O que se verificou? É que se caiu, de fato, o índice de violência no geral, persistiam índices que incomodavam muito nessa questão da juventude, e particular da juventude negra. Portanto, é preciso entender que esse programa é complementar, há um outro programa estruturante já em realização lá no estado e que alcança índices bastante satisfatórios. Agora, como já explicou a Ministra Luiza Bairros, o Programa Juventude Viva, ele vem com uma complementação que trabalha sobretudo o aspecto da prevenção de evitar que o jovem ao não ter outra opção, outra opção de trabalho, outra opção cultural, opção de lazer e assim por diante, ele acabe sendo induzido para o crime, e aí naturalmente a presença terrível do tráfico de drogas. Então, o conjunto de ações já explicado pela Ministra, que nós vamos levar lá a Alagoas, que inclui desde a qualificação, oferta de qualificação de jovens, através do Projovem Urbano, os programas culturais, através oficinas urbanas, da construção de quadras e, como ela já explicou, envolvendo vários ministérios, e o programa também de apoio a economia solidária, estimulando o jovem, financiando o jovem a ter um pequeno empreendimento econômico, visa estabelecer uma rede de segurança, de proteção e de prevenção sobretudo que evitem que o jovem tenha, muitas vezes, como quase que única alternativa caminhar para a violência. Portanto, é um programa que ele se casa perfeitamente com o programa do Ministério da Justiça e se volta para a juventude negra nessa perspectiva. E aí também, evidentemente como já explicamos, o tratamento da questão racial que é essencial no Brasil. Nós temos que encará-lo de frente. Existe, sim, a discriminação, existe, sim, o preconceito, em todas as abordagens que nós fizemos culturais, seja, como eu já disse, na formação de policiais, na formação da sociedade e da juventude em particular, nós vamos, sim, abordar esse tema, porque senão você não alcança esse objetivo de nos livrar dessa chaga que é no Brasil, o preconceito e a descriminação racial.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Este é o programa Bom Dia, Ministro. Eu sou Kátia Sartório, estamos hoje com o Ministro Gilberto Carvalho da Secretaria-Geral da Presidência da República, e também com a Ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial. Eles conversam, respondem perguntas de âncoras de rádio de todo país. Ministros, vamos agora conversar com a rádio Liberdade 930 AM de Aracaju, Sergipe. Gabriel Damásio, bom dia.
REPÓRTER GABRIEL DAMÁSIO (Rádio Liberdade 930 AM / Aracaju - SE): Bom dia, Kátia. Bom dia, Ministros. Bom dia a todos da EBC, da NBR. Bom, eu queria saber dos Ministros, vou fazer duas perguntas. A primeira, saber dos Ministros qual a situação, o levantamento da situação no estado de Sergipe, e a gente percebe que grande parte do envolvimento dos jovens, eu não diria somente da juventude negra, mas também da juventude pobre, não é, a juventude de baixa renda, se dá principalmente com o avanço do crack, o avanço de outras drogas, não é, e as faltas de perspectivas, isso tem gerado, inclusive, os assassinatos. E eu queria saber qual a situação no estado de Sergipe e se já alguma outra... Um outro plano semelhante a esse que vai ser implementado em Alagoas, se vai ser trazido também no estado que sofre principalmente com o avanço do crack na periferia, assim, tanto de Aracaju como também de cidades grandes do interior do estado.
MINISTRA LUIZA BAIRROS: Bom dia, Damásio. No que se refere a Sergipe é preciso que a gente coloque uma coisa: esse plano, o Juventude Viva, ele foi pensado para ser trabalhado em 132 municípios brasileiros, que são responsáveis por 70% das mortes violentas de jovens negros. E nós estamos, amanhã, começando uma experiência, digamos, piloto, desse programa no estado de Alagoas, mas obviamente com o que nós vamos ganhar ali de conhecimento, de como operar com essa situação, a ideia de que isso possa ser espalhado por todo o Brasil. Então, é importante que a gente saiba que entre... Entre esses 132 municípios figuram dois municípios do estado de Sergipe, um é Aracaju, que é o 32º entre esses 132, e o outro é o município de Nossa Senhora do Socorro. Então, do ponto de vista dessa questão mais premente de atuação nossa, nós teríamos que, no caso de Sergipe, na medida do interesse do governador do estado, no futuro, trabalhar principalmente essas duas localidades, como forma de com isso superar de maneira muito expressiva os índices de morte violenta de jovens negros aí no estado.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Obrigada, Gabriel Damásio da rádio Liberdade AM de Aracaju, Sergipe. E de Aracaju, Ministros, vamos a São Luís do Maranhão, conversar com a rádio Educadora, onde está Alvaro Luiz. Bom dia, Alvaro.
REPÓRTER ALVARO LUIZ (Rádio Educadora / São Luís - MA): Bom dia a você. Bom dia aos Ministros. Aqui por sinal, em São Luís, um clima muito agradável. E é dentro desse... todo esse programa que está sendo elaborado em relação a questão da violência contra a juventude negra, eu perguntaria uma indagação dentro da linha cultural. Dentro desse processo de desconstrução da cultura da violência, como esse plano é, como esse plano, essa prevenção de violência contra a juventude estará de forma concreta? Bom dia aos senhores aí e bom trabalho.
MINISTRA LUIZA BAIRROS: Olha, Alvaro, a questão da cultura de violência, ela me parece que é uma das questões centrais, ela está por trás de muitos desses números tão perversos que nós temos visto de mortes entre jovens, de uma maneira geral, e jovens negros em particular. Você pode trabalhar isso de várias maneiras, e até por isso que nós temos com uma presença tão grande no programa, o Ministério da Cultura e o Ministério do Esporte. O Ministério da Cultura vem fazendo e emprestou para o programa todo o trabalho de instalação de usinas culturais, que estão previstas para se realizar até o ano de 2014, exatamente como essa possibilidade concreta que tenhamos de ter, dentro desses territórios mais conflagrados, espaços de convivência, espaços de exercício da criatividade, da inovação, que é algo que fundamentalmente os jovens necessitam. Obviamente que o programa ao fazer isso não está criando nada de novo, vamos dizer assim, porque a questão cultural já é entre os jovens, de uma maneira geral, uma das formas de expressão mais valorizadas. Então é exatamente com essa possibilidade de você apontar para outros valores na vida é que você tira da violência o peso que ela tem como expressão principalmente de masculinidade. O outro aspecto tem a ver com o investimento que o Juventude Viva vai fazer, quer fazer, com as forças policiais, no sentido de mobilizá-las para uma forma nova de abordagem, uma forma nova de tratamento dos jovens, que não sejam automaticamente associados à criminalidade ou que não seja o pertencimento racial, ou o fato de serem negros, automaticamente associado com o exercício, vamos dizer assim, de atividades que seriam um motivo para a repressão.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Obrigada pela pergunta de Alvaro Luiz, da rádio Educadora de São Luís de Maranhão. E agora os Ministros conversam com a Rádio Nova Aliança, daqui de Brasília, Distrito Federal. A pergunta é de Priscila Roque.
REPÓRTER PRISCILA ROQUE (Rádio Nova Aliança / Brasília - DF): Bom dia, Kátia. Bom dia, Ministros. Bom, considerando a urgência da questão, em vista do grande número de violências sentidas e vivenciadas todos os dias, o espaço para políticas públicas voltadas à juventude negra é cada vez mais necessário. Sobre o programa, eu gostaria de saber qual é a faixa etária que ele deseja atingir? Aproveitando, também, que nós estamos às vésperas das eleições municipais, esse assunto, ele ainda não faz parte do programa da maioria dos candidatos. De que forma este assunto pode ser incluído nas realidades dos municípios e como este plano pode ajudar nisso?
MINISTRO GILBERTO CARVALHO: Oi, Priscila, ouvintes da Rádio Nova Aliança, o meu bom dia. Olha, nós trabalhamos, normalmente, com o conceito de juventude de 15 até 29 anos. Esse é o conceito com que nós temos trabalhado e o programa vai trabalhar nessa perspectiva. Agora, um dos aspectos mais importantes, como já ressaltamos antes, é toda a questão preventiva. Por isso, um dos parceiros também importante desse nosso programa e, talvez, um dos carros-chefes é a questão da educação. Aí um dos compromissos que o governo federal assumiu inicialmente com o Estado de Alagoas e com esses quatro municípios, que são os municípios de Marechal Deodoro, de Palmares, Arapiraca e Maceió, é exatamente de universalizar, nesses municípios, o chamado Programa Mais Educação, que significa escola integral, da 1ª à 8ª séries, para todos os alunos da rede pública. Esse é um programa, desse ponto de vista, bastante ousado, que naturalmente implica em um custo orçamentário grande e num processo, inclusive, de mudança, de transformação das escolas. Por que isso? Porque nós apostamos que naturalmente quanto mais o jovem tiver presença na escola e uma escola viva, uma escola que ele seja capaz de trabalhar do ponto de vista da sua formação integral, mais nós estamos preservando esse jovem. Ele estando na escola, com uma alimentação adequada, com um programa que complemente o simples programa escolar, com tarefas culturais será, sem dúvida nenhuma, um fator determinante para que ele encontre outros caminhos na vida, além da questão da opção pela... Ou melhor, de quase que a condenação à violência. Então, eu queria destacar esse aspecto. Nós estamos, sinceramente, muito animados, com a grande esperança de que a experiência de Alagoas nos ilumine, inclusive, com os erros e acertos que fizemos nessa experiência de Alagoas, para depois podermos apresentar à Presidenta um programa para todo o país, nessas cidades inicialmente que a Ministra Luiza já mencionou e tentar universalizá-lo em todo o país, porque essa é, digamos assim, a nossa ambição.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Obrigada pela participação, Priscila Roque, da Rádio Nova Aliança, aqui de Brasília. Agora vamos a Barreiras, na Bahia, falar com a Rádio Barreiras AM, onde está Lukas Villasboas. Bom dia, Lukas.
REPÓRTER LUKAS VILLASBOAS (Rádio Barreiras AM / Barreiras - BA): Bom dia, Kátia Sartório. Bom dia, Ministra Luiza Bairros e Ministro Gilberto Carvalho. No estudo do Mapa da Violência 2012, realizado pelo Instituto Sangari, a Bahia se destacou com dados alarmantes. Em números absolutos e proporcionais, o estado lidera o ranking nacional de homicídios cometidos contra jovens, na faixa etária de 15 e 24 anos. Tem três das 10 cidades mais violentas no Brasil e possui o maior número de crimes cometidos contra os negros. Quando o critério observado é o racial, o levantamento mostra, também, uma diferença enorme entre o número de homicídios cometidos contra a população negra em relação à população branca. No ano passado, foram cometidos 337 crimes contra a população branca e 4.659 contra os negros. Com esse resultado, em números absolutos, a Bahia ocupa a primeira posição no ranking nacional de homicídios contra negros, ficando à frente de Pernambuco, São Paulo e do Rio de Janeiro. Por que a Bahia não foi escolhida para ser o piloto desse plano?
MINISTRA LUIZA BAIRROS: Bom dia, Lukas. Realmente, os dados com relação à nossa Bahia são dados lamentáveis e muito entristecedores. Agora, embora e, inclusive, Salvador seja a capital brasileira com os índices maiores, nós optamos por começar o programa na cidade com o segundo maior índice, que é o caso de Maceió, pela oportunidade de poder trabalhar juntamente, concomitantemente com o Ministério da Justiça, como foi falado, que opera dentro de Alagoas um programa chamado Brasil Mais Seguro. Com isso, nós teríamos a possibilidade de fazer com que o Juventude Viva fosse beneficiado por um outro conjunto de ações nessa área da violência também e, principalmente, com a possibilidade de que isso nos daria de trabalhar dentro de uma realidade com uma população total menor, como é o caso de Alagoas, portanto, com uma capacidade muito maior do programa de medir resultados com uma rapidez. No caso da Bahia, embora os índices sejam índices alarmantes, nós já temos, na verdade, por parte do governo do estado, várias iniciativas que estão sendo tomadas já desde o ano passado e retrasado, no sentido de contenção dessa violência. Você sabe que nós temos, no governo do estado, uma Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, que juntamente com a Secretaria de Justiça e a Secretaria de Segurança Pública, já vem operando em várias alternativas de combate a esses índices. Nós esperamos, obviamente, muito em breve, poder chegar até a Bahia, até porque aí nós temos 19 municípios que figuram entre os 132 mais violentos. Mas temos certeza também de que enquanto o programa não chega, o governo do estado já tem trabalhado, no sentido principalmente de modificação do comportamento da polícia em relação aos jovens e eu acho que com resultados que, em breve, nós já vamos começar a sentir a diferença.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Obrigada, Lukas Villasboas, da Rádio Barreiras AM, da Bahia, que participou com a gente dessa rede de emissoras, que compõe o Bom Dia, Ministro. Hoje estamos numa edição especial, temos dois convidados aqui no estúdio da EBC, é o Ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e a Ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial. Eles conversam com âncoras de emissoras de rádio de todo o país. Ministros, vamos continuar rodando o país. Vamos agora ao Rio de Janeiro, falar com a Rádio Record AM, do Rio. Willian Marques, bom dia.
REPÓRTER WILLIAN MARQUES (Rádio Record AM / Rio de Janeiro - RJ): Muito bom dia a você. Bom dia, Ministro Gilberto Carvalho. Bom dia, Ministra Luiza Bairros. Em nome da Rádio Record, mais uma vez, eu agradeço o convite. Sobre um assunto que... Não tem como falar de violência sem falar do Rio de Janeiro, né, Ministros? Voltando e citando o Rio de Janeiro, é difícil não falar do Rio e suas favelas, visto que a incursão em ações de repressão em todo o estado tem deixado um lastro de mortes ao longo dos anos. Se me permite citar, ao longo da história do país, pretos, pardos e negros são os que mais sofrem com a violência ao longo da história. A nossa questão é: há alguma ação para se mudar esse conceito de enfrentamento, esse formato que observamos ao longo do tempo, que acentua muito o número de mortes em todo o estado e nessas regiões?
MINISTRA LUIZA BAIRROS: Willian, eu acho que isso, na verdade, é uma questão complexa de ser respondida, né? Porque quando nós falamos dessa questão da violência, da predominância da morte entre negros, de uma maneira geral, nós estamos falando de um processo histórico, que é extremamente longo. Agora, o que é que é importante e o que é que é novo nessa conjuntura que nós vivemos, nos últimos anos? É o fato de o Estado ter assumido para si isso, algo inimaginável há alguns anos atrás. Quer dizer, o Estado reconhecer que existe um processo de vitimização em um determinado segmento da população, no caso os negros, e, em função dessa constatação, se colocar como um responsável primário para poder modificar esse tipo de situação. Para mim é mais importante, hoje, a gente pensar naquilo que nós ganhamos do ponto de vista não apenas de consciência social, mas de responsabilização do Estado para responder a esse tipo de situação. Por isso é que é possível, hoje, nós termos inclusive aí, no Rio de Janeiro, governos que se preocupam com essa questão, que elaboraram respostas efetivas para a questão da violência. Então... Mas o que é que também interessa para nós hoje? Tratar desses aspectos, que são os aspectos culturais, que são os aspectos simbólicos, de por que essa discriminação existe, de por que essas mortes são tão mais violentas entre esse segmento, jovem negro, da população.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro Gilberto Carvalho?
MINISTRO GILBERTO CARVALHO: Meu caro Willian, ouvintes da Record Rio, é um prazer falar com vocês nessa manhã. Eu só queria complementar essa resposta da nossa Ministra. Sabendo e conhecendo bastante o Rio de Janeiro, da dor e do sofrimento que toda a população passa com todo esse processo. Você sabe o esforço, o governo federal, junto com o governo estadual e municipal, está tentando encontrar saídas. A questão toda da pacificação e a questão toda das UPPs, que se instalam, são de fato tentativas. Agora, nós temos consciência de uma questão. Todas essas tentativas, Willian, elas têm que ser consideradas dentro de um quadro de uma violência, que é o resultado já mencionado pela Ministra, de um longo processo de exclusão no Brasil, de um longo processo em que a excessiva concentração de renda e a negativa de direitos às pessoas levaram a esse processo. Não tem saída na humanidade. Quando você exclui, a exclusão gera a violência. É a violência que responde à primeira violência, que é a violência da exclusão, e nós pagamos um preço por isso, em todo o país. Portanto, para além da questão das medidas propriamente ditas, explícitas contra a violência, nós temos que trabalhar fortemente as outras questões, de devolver às pessoas os seus direitos. Por isso, o esforço do Presidente Lula e da Presidenta Dilma, de diminuir esse fosso brutal que existe no Brasil. Você veja que em oito anos, nove anos, nós devolvemos a cidadania a mais de 40 milhões de brasileiros. Nós fazemos um programa fortíssimo de inclusão da juventude e, particularmente da juventude negra, na questão da escola, da universidade, através do ProUni, através das cotas. E veja o preconceito que há contra as cotas, de gente que se acha muito sábia, muito conhecedora da realidade. Há uma resistência a essa integração. A perseguição que é sofrida, muitas vezes, pelo Presidente Lula, nós sabemos também, vem das elites, que não quiseram e não admitem essa inclusão. Portanto, Willian, não vamos vender ilusão aqui. Nós vamos ter um longo trabalho ainda, um trabalho que combina o processo naturalmente repressivo ao crime, mas com um trabalho preventivo, educativo e, mais do que isso, de medidas econômicas e sociais que promovam essa inclusão. O Rio de Janeiro só terá paz, vamos ser claros aqui, no dia em que nós tivermos um Brasil mais justo. Essa é a luta central que a Presidenta Dilma faz e que esse governo faz. Essa experiência que nós estamos iniciando em Alagoas, esperamos espalhar por todo o Brasil, é uma nova filosofia de ação conjunta que nós estamos tentando fazer, inovando, para, de fato, chegarmos a essa nova realidade que você sonha e que nós todos sonhamos.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Obrigada, Willian Marques, da Rádio Record AM, do Rio de Janeiro, pela participação nessa rede de emissoras que compõem o Bom Dia, Ministro. Lembrando que a íntegra dessa entrevista está em www.ebcservicos.ebc.com.br. Ministros Gilberto Carvalho e Luiza Bairros, vamos agora a Teresina, no Piauí, falar com a Rádio Pioneira AM, onde está Gil Costa. Bom dia, Gil.
REPÓRTER GIL COSTA (Rádio Pioneira AM / Teresina - PI): Bom dia, Ministra. Bom dia, Kátia. Bom dia, Ministro. A nossa pergunta é a seguinte: vocês, para chegarem ao plano, naturalmente, fizeram um mapeamento da violência no Brasil, e eu pergunto o seguinte, a violência, ela se dá, de fato, por uma questão social, ainda, no Brasil, contra o jovem negro ou por intolerância?
MINISTRA LUIZA BAIRROS: Olha, na verdade, Gil, ela ocorre por um conjunto de fatores e principalmente esses que você elencou aqui. Nós temos, ao longo da história do país, vivido uma ideia de que existe inferioridade entre os negros, existe uma associação imediata entre a pessoa negra e a criminalidade, e é exatamente essa desvalorização do humano é que causa esse tipo de coisa. O programa, o Juventude Viva, ele, reconhecendo esses aspectos, identificou, no Brasil, a incidência maior de mortes entre jovens negros e, mais do que isso, identificou que 132 municípios brasileiros são responsáveis por 70% dessas mortes. Então, por isso que juntamos um conjunto de ministérios e estamos indo para o estado de Alagoas começar um trabalho que é um trabalho integrado, de pensar o jovem em várias dimensões e, principalmente, pensar a juventude como detentora de direitos que têm que ser reconhecidos dentro das políticas públicas.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Obrigada pela participação, Gil Costa, da Rádio Pioneira AM, de Teresina, no Piauí. Ministros, vamos agora a Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, falar com a FM Cultura, de Porto Alegre, onde está Mariana Oselame. Bom dia, Mariana.
REPÓRTER MARIANA OSELAME (FM Cultura / Porto Alegre - RS): Bom dia, Kátia. Bom dia, Ministros. A nossa pergunta aqui de Porto Alegre se refere ao Rio Grande do Sul. No Mapa da Violência de 2012, o estado não aparece entre os que mais têm ocorrências contra jovens negros, mesmo assim não quer dizer que isso não aconteça por aqui. Quando o Rio Grande do Sul deve ser contemplado por esse programa? Existe alguma previsão no cronograma de ação dessa iniciativa que começa aí por Alagoas?
MINISTRO GILBERTO CARVALHO: Bom dia, Mariana. Bom dia, ouvintes da Cultura FM. Olha, Mariana, nós, é preciso deixar bem claro, resolvemos fazer primeiro essa experiência desse conjunto do Brasil Mais Seguro e Juventude Viva no estado de Alagoas, como já foi dito, por ser um dos estados mais violentos, por o estado ter pedido, com muita insistência, ao governo federal, o governador Teotônio Vilela insistido para que nós estivéssemos presentes lá no estado, e por essa oportunidade já mencionada pela Ministra Luiza Barros, de ser um estado com uma dimensão menor, portanto onde você pode medir de maneira mais adequada, e até mais rápida, os resultados do conjunto das nossas políticas. Qual é a nossa proposta? Realizada essa experiência no estado de Alagoas, dentro de alguns meses, a gente vai sistematizar essa experiência e apresentar, então, sim, um projeto à presidenta Dilma que contemple, inicialmente, os grandes centros espalhados em todo país, onde os números apontam o índice de violência, sobretudo contra a juventude, maiores, e, a partir daí, então, a gente estabelecer um programa nacional. É evidente que o governo federal tem uma preocupação com todos os estados. O Rio Grande do Sul está, infelizmente, incluído também nessa preocupação, porque a violência se espalha em todo o país, mas a gente prefere ir com muita calma, para apresentar um programa bastante consistente, porque os recursos públicos são escassos e nós temos que usá-los com muita responsabilidade. Portanto, os erros e acertos verificados lá no estado de Alagoas serão, sem dúvida nenhuma, depois, utilizados para a gente fazer uma avaliação e um novo plano que, de fato, atinja a todo país.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Obrigada, então, pela participação, Mariana Oselame, da Rádio FM Cultura, de Porto Alegre. Vamos agora a Fortaleza, no Ceará, falar com a Rádio FM Dom Bosco, onde está Renata Sampaio. Bom dia, Renata.
REPÓRTER RENATA SAMPAIO (Rádio FM Dom Bosco / Fortaleza - CE): Bom dia, Kátia. Bom dia, Ministros. A pergunta é para o Ministro Gilberto Carvalho. Sabemos que o Brasil vai sediar, em 2013, a Jornada Mundial da Juventude. Em que aspecto esse evento pode contribuir no Juventude Viva?
MINISTRO GILBERTO CARVALHO: Olha, de fato, o Brasil... Foi muito bom, Renata, te agradeço e quero cumprimentar, te dar um bom dia a você e aos ouvintes da Dom Bosco FM. Foi muito oportuna, a tua pergunta, porque, de fato, nós teremos, no Brasil, no próximo ano, a felicidade e a oportunidade de recebermos o maior evento de juventude de todo mundo. Nós estamos esperando cerca de três milhões de jovens, entre os brasileiros e muita presença da América Latina, mas também da Europa Ásia e África, em julho do ano que vem, quando receberemos aqui essa Jornada Mundial da Juventude. Esses jovens virão e se espalharão, inicialmente, durante uma semana, na chamada Semana Missionária, em todas as principais dioceses do país, e depois convergirão para o Rio de Janeiro, onde nós teremos, então, um grande evento, inclusive com a presença do Papa Bento XVI. E nós entendemos, de fato, Renata, que será uma grande ocasião de fazermos não apenas o debate, mas uma grande mobilização, em todo o país, de conscientização em torno dos temas da juventude. E, na medida em que nós conseguirmos, de fato, evoluir no Juventude Viva, nesse conjunto de iniciativas que estamos tomando e elas derem o resultado que nós estamos esperando em Alagoas, será, de fato, um ótimo momento para espalharmos esse processo em todo o Brasil, aproveitando esse momento de mobilização e conscientização muito capilar que teremos em todo o país, com a presença, inclusive, solidária de jovens do mundo todo, que vêm com ideais muito elevados e nos ajudem, então, a fazermos, de fato, um grande momento de mobilização nessa perspectiva de um salto de qualidade, particularmente no que diz respeito à questão da juventude negra, da violência contra a juventude negra, porque nós entendemos que os valores cristãos convergem nessa perspectiva da solidariedade e do resgate da dignidade das pessoas. Agradeço muito a sua pergunta, e é evidente que vai ser muito importante a participação de todos nessa grande jornada.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Obrigada, Renata Sampaio, da Rádio FM Dom Bosco, de Fortaleza, no Ceará, que participa com a gente dessa rede de emissoras que compõem o Bom Dia, Ministro, o programa que é coordenado e produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em parceria com a EBC Serviços. Eu queria aproveitar e perguntar para a senhora, Ministra Luiza Bairros, sobre como vai ser a parceria com a sociedade civil, por exemplo, lá em Alagoas, nesse projeto-piloto que começa amanhã?
MINISTRA LUIZA BAIRROS: Olha, essa questão da sociedade civil, ela é um dos aspectos centrais dentro do programa, especialmente naquilo que se refere ao trabalho que a Secretaria Nacional de Juventude vem fazendo. Toda a mobilização que se faz no estado, e no caso mais específico de Alagoas, ela conta com o interesse de promover uma rede de jovens dentro do estado onde o programa está sendo implementado, exatamente no sentido de dar uma legitimidade política para essa intervenção e fazer com que a juventude também incorpore esse programa como sendo dela, na medida em que a sua presença no controle, no acompanhamento da execução, ela é responsável por uma grande parte do sucesso que o programa possa ter.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro Gilberto Carvalho?
MINISTRO GILBERTO CARVALHO: Kátia, eu queria agradecer muito essa oportunidade, a tua condução, como sempre, muito competente, e de todos os amigos aqui da nossa querida EBC, e a todos que nos ouviram e acompanharam. Eu penso que você tocou no aspecto central: sem a participação da sociedade, dos movimentos juvenis e sem a gente conseguir, por exemplo, lembrando aqui a presença do AfroReggae, que tem feito um trabalho extraordinário no Rio de Janeiro nessa questão da cultura, redimensionado a vida das pessoas, pegando ex-traficantes e que hoje são agentes sociais, sem essa participação, o programa não tem como ter sucesso. Portanto, a nossa metodologia implica, de fato, em uma convocação da sociedade. Por isso que, amanhã, o programa começa a ser lançado em um ato público, com a presença forte da sociedade civil, que será não apenas a nossa parceira, como um ator fundamental no processo.
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Obrigada pela participação, Ministro Gilberto Carvalho, e também à Ministra Luiza Bairros, que esteve, mais uma vez, em nosso programa. E a todos que participaram conosco dessa rede de emissoras, o meu muito obrigada e até o próximo programa.