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18.06.2012 - Ministro Gilberto Carvalho participou de debate sobre democracia e direitos na Arena Socioambiental
De forma unânime, os debatedores do painel defenderam e reconheceram a participação popular e a democracia como pontos fundamentais para o desenvolvimento humano e social em todos os níveis. Formas diferentes de aprofundar a democracia foram apresentadas pelos debatedores, na mais acalorada discussão ocorrida na Arena Socioambiental até agora. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, ressaltou a abertura do governo federal em dialogar e ouvir a sociedade civil para a construção de políticas públicas, e o sociólogo Boaventura Sousa Santos, lembrou que mesmo direitos pretensamente garantidos podem ser perdidos, citando a situação da Europa neste momento. Segundo o sociólogo, em crise, os países cortam salários e revisam direitos historicamente adquiridos.
A mesa contou com a participação de uma integrante do movimento Occupy Wall Street, Vanessa Zettler, que defendeu, em intervenção via web, uma participação direta sem intermediários (“não represento ninguém além de mim mesma”), e o coordenador do Afroreggae José Junior, cuja expertise é justamente mediar conflitos e fortalecer o papel da instituição que ajuda a reinserir ex-detentos e pessoas envolvidas com o tráfico na sociedade. A importância do engajamento individual, independente da forma, foi uma das ideias-força apresentadas no debate. Seja livre de representações, seja participando de canais abertos pelo governo, seja de forma direta – em manifestações ou via web -, ou em atitudes diferenciadas e livres de preconceitos no dia-a-dia, o engajamento pode se dar de diversas maneiras.
O sociólogo Boaventura ressaltou, porém, que os movimentos populares precisam manter a independência em relação aos governos, mesmo quando estes são progressistas e têm posições avançadas. “É preciso manter um pé dentro e outro fora, evitando a profissionalização dos movimentos”, disse, lembrando que temas como o Código Florestal merecem uma cobrança mais contundente da sociedade civil.
Neste ponto, o ministro Gilberto Carvalho fez questão de lembrar que a maior parte dos programas e políticas implantadas pelo governo federal nos últimos anos foram construídas a partir de propostas feitas pelos movimentos sociais. E que, mesmo assim, o governo é bastante criticado e cobrado pelos interlocutores da sociedade civil – o que demonstra que abertura de diálogo não pressupõe cooptação dos ativistas.
O debate teve mediação da filósofa Viviane Mosé. Diferentes posições não significaram divergências inconciliáveis e sim formas diferenciadas de vivenciar a participação e aprofundar a democracia. E a Arena Socioambiental foi, na noite deste domingo, um palco privilegiado para vivenciar a prática da democracia.
Fonte: Texto do site www.arenasocioambiental.org
Foto capa: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr