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22.05.2012 - Seminário discute políticas públicas que atendam às necessidades da juventude rural
De acordo com a SNJ, o Brasil possui 8 milhões de jovens vivendo no campo, nas diversas regiões do país. Os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência da República) e Pepe Vargas (MDA) estiveram na abertura do evento, junto com a secretária nacional de Juventude, Severine Macedo, o secretário de extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Paulo Guilherme, além de representantes de 40 organizações e movimentos sociais do campo, dos povos e comunidades tradicionais e da juventude indígena.
Os ministros da Secretaria-Geral e do MDA falaram da realidade dos jovens que vivem na zona rural e da importância desse debate para a construção de políticas que sejam realmente capazes de atender às suas necessidades. O ministro Gilberto Carvalho destacou que para enfrentar o êxodo rural, que é uma das grandes preocupações do segmento, é preciso garantir uma vida plenamente cidadã a esses jovens, assegurando-lhes o emprego, mas também o acesso à educação de qualidade, à cultura e ao lazer, entre outros direitos. Os dois ministros falaram, ainda, da expectativa com os resultados do encontro, que deverão orientar o governo na definição de diretrizes focadas nesses desafios.
A secretária Severine Macedo, que vem da agricultura familiar e conhece bem a realidade do campo, ressaltou que o tema ganha maior visibilidade agora, com a realização da Conferência Rio+20, que acontece em junho no Rio de Janeiro. A SNJ, em parceria com o Conselho Nacional de Juventude, está desenvolvendo uma campanha de mobilização dos jovens brasileiros para o encontro, incluindo a juventude que vive no campo. De acordo com a secretária, este é o momento da juventude brasileira e do Brasil como um todo mostrar ao mundo a sua concepção de desenvolvimento sustentável, atrelado à igualdade social. Essa posição foi reforçada pelo secretário do MMA, Paulo Guilherme, que defendeu a participação da juventude na construção das políticas de Meio Ambiente, citando como exemplo a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, que deverá ser lançada durante a Rio+20.
O que dizem os jovens
Alex Nepel veio ao seminário como representante da Pastoral da Juventude Rural. É filho de camponeses e trabalha como educador em uma escola rural. A sua expectativa é que o seminário seja um espaço de unidade entre os diversos movimentos presentes no encontro. “O mais importante é que estamos tendo a chance de ser ouvidos. Eu espero que juntos, movimentos e governo, seja possível encontrar alternativas para vencer os desafios que vamos discutir aqui”.
Filha de agricultores, Gleisa Campigotto nasceu em um acampamento do Movimento Sem Terra (MST), em 1986. Desde muito jovem iniciou a sua militância, motivada, segundo ela, pela própria experiência de vida. Gleisa acha que faltam incentivos para que o jovem permaneça no campo. “É preciso aumentar os investimentos na produção, com a oferta de valores que garantam ao jovem iniciar e levar adiante o seu negócio”. Ela ressalta, ainda, que ao marcar presença no encontro, os movimentos fazem uma “provocação” ao governo, por intermédio da SNJ, para que essas dificuldades sejam superadas.
Aos 31 anos, Elizandro Krajczyk, integra a juventude da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf). Para ele, o seminário representa um momento histórico para o movimento, já que é a primeira vez que o governo dá essa abertura para ouvir os jovens rurais. Elizandro enfatiza que a grande prioridade dos movimentos é a permanência dos jovens no campo. Para isso, “é preciso criar alternativas econômicas, sociais, culturais e de lazer para que os jovens permaneçam no interior”. Ele ressalta que após os debates, as entidades deverão lutar para que o governo assuma o compromisso de colocar as propostas em prática.