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19.09.2011 - “Classe Média: como desatar o nó?” foi o tema da palestra de Marilena Chauí no Fórum Direitos e Cidadania
A filósofa e professora da USP, Marilena Chauí, foi a palestrante, na última quinta-feira (15/9) do 1º Ciclo de Debates do Fórum Direitos e Cidadania, com o tema “Classe Média: como desatar o nó?”. A palestra aconteceu no Salão Leste do Palácio do Planalto, com as presenças dos ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência da República); Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Garibaldi Alves (Previdência Social).
De acordo com Marilena Chauí, estudos e pesquisas recentes garantem que houve uma mudança profunda na composição da sociedade brasileira, graças aos programas governamentais de inclusão social e erradicação da pobreza e à política econômica. A professora afirma que se costuma organizar a sociedade numa pirâmide seccionada em classes designadas como A,B,C, D e E. “Por esse critério, chegou-se à conclusão de que, entre 2003 e 2011, as classes D e E diminuíram consideravelmente, passando de 96,2 milhões para 63,5 milhões; também no topo da pirâmide, houve crescimento das classes A e B, que passaram de 13,3 milhões a 22,5 milhões; mas a expansão verdadeiramente espetacular ocorrer com a classe C, que passou de 65,8 milhões para 105,4 milhões”.
“A distribuição das classes pela sociologia e pelos institutos de pesquisa de mercado se faz com base na renda, na propriedade de bens imóveis e móveis, na escolaridade e na ocupação ou profissão”, afirmou a professora. Entretanto, segundo ela, “há uma outra maneira de analisar a divisão social das classes, maneira que se originou com o marxismo”.
Na opinião de Marilena Chauí, outros olhares são necessários sobre a chamada “nova classe média”. A professora afirmou que no Brasil, entre 2003 e 2011, o crescimento maior foi o da classe trabalhadora, seguido do crescimento da classe média. Segundo ela, os segmentos ligados à ciência, à técnica que no capitalismo industrial se encaixavam na classe média.
“Hoje, porém, com a revolução eletrônica e a informática, as ciências e as técnicas tornaram-se parte essencial das forças produtivas e por isso cientistas, técnicos e intelectuais passaram da classe média à classe trabalhadora. Dessa maneira, renda, propriedades e escolaridade não são critérios para distinguir entre os membros da classe trabalhadora e os da classe média”, concluiu.
Outro aspecto enfatizado pela professora foi o posicionamento político da classe média. “A classe média tende a ser um problema político sério porque, estando fora do núcleo econômico definidor do capitalismo, encontra-se também fora do núcleo do poder político: ela não detém o poder do Estado nem o poder social da classe trabalhadora organizada”, completou.
O Ciclo de Debates do Fórum tem como proposta debater a recente mobilidade social brasileira não apenas em seus aspectos econômicos e sociais, mas também nas potenciais transformações que vem desencadeando na sociedade no que diz respeito aos seus valores, expectativas e símbolos. O primeiro palestrante foi o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann. A próxima palestra será ministrada por Maria Rita Kehl, psicanalista e escritora, em 6 de outubro.
Direitos e Cidadania – O Fórum Direitos e Cidadania é um dos quatro fóruns temáticos que estruturam a gestão da administração Dilma Rousseff – os demais são: Desenvolvimento Econômico; Gestão, Infraestrutura e PAC; e Desenvolvimento Social e Erradicação da Miséria. O Fórum Direitos e Cidadania é a instância que promove a articulação política e gerencial, no âmbito do governo federal, das prioridades para a garantia e expansão dos direitos que materializam, fortalecem e ampliam a cidadania brasileira. Tem por finalidade debater, propor e articular ações de governo relacionadas à redução da desigualdade, à valorização da diversidade sociocultural e étnica, à garantia dos direitos humanos e ao fortalecimento dos valores de cidadania e da autonomia das pessoas com vistas ao fortalecimento de suas capacidades para o exercício dos seus direitos. Compete ao Fórum Direitos e Cidadania promover a pactuação de prioridades e monitorar o alcance das metas do governo associadas a essa temática para o período 2011-2014.
O Fórum Direitos e Cidadania é coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência da República, de forma compartilhada com as Secretarias de Direitos Humanos, de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e de Políticas para as Mulheres e pelos Ministérios da Cultura e do Esporte. É composto, além daqueles citados anteriormente, por 15 ministérios (Justiça; Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Educação; Desenvolvimento Agrário; Saúde; Trabalho e Emprego; Comunicações; Meio Ambiente e Pesca e Aquicultura), seis empresas estatais (Banco do Brasil, Caixa, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Petrobras, Eletrobrás e Correios), bem como pela Fundação Nacional do Índio, Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas/MJ e pelo 'Sistema S'.