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06.05.2011 - Artigo: "Querida Mamãe" (Selvino Heck)
Selvino Heck
Assessor Especial da Secretaria-Geral da Presidência da República
Hoje eu queria escrever uma carta pra dizer que te amo muito, querida mamãe, agora que eu completei seis anos e já sou quase grande. Das primeiras vezes que me lembro de ti, e que tu, o pai, o tio Marino, o tio Selvino e o tio Caco sempre me contam, é que eu era um guri muito arisco. Não aceitava carinho, não dizia bom dia, boa tarde, boa noite. Hoje já dou a mão e cumprimento o tio Selvino quando ele vem de Brasília, lá da tia Dilma. Quando alguém queria me abraçar, eu sempre dava um empurrão. E quando era um brinquedo, então... Meu primo Murilo que sabe bem. Se ele chegava perto de um brinquedo que era meu, saía faísca, era briga na certa. O que era meu era meu, sem conversa. Minha bola, meu carrinho minhas coisas, tudo era meu, só meu.
Hoje já sou um pouquinho maior e mais velho, já vou na escola São Luiz e já aprendi muitas coisas. Já não brigo com os amigos; brinco com todos, como na festa de aniversário domingo passado no salão da Sociedade de Mato Leitão.
Meu tio Marino sempre me leva no trator para a roça e eu vou ajudar ele a trabalhar. Pena que agora o Fiel não pode mais ir conosco, correndo atrás. Tem um cachorro novo na casa da vó Lúcia. Eu dei o nome de Totó pra ele, que é bem pequeninho e fica correndo atrás de todo mundo querendo carinho e atenção. Um pouco como eu quando fico chorando em cima do sofá porque o tio Marino e o tio Selvino querem ver notícia e futebol e eu quero ver ‘disenho’. Aí eu fico brabo e de cara feia.
Eu gosto de ir na cidade de Venâncio nos sábados na Feira do Produtor e te ajudar, mamãe, a vender tomates, laranjas, bergamotas, ‘schmia’ e ovos. Lá eu posso comer pastel e ir brincar na praça ao lado da igreja. É lá na cidade que meu pai Ione trabalha de pedreiro. E ele é um bom pedreiro e é gremista. Aí, mamãe, eu também sou gremista, mesmo tu sendo colorada. Nesta parte puxei o papai, eu sempre uso camiseta do Grêmio. Mas eu uso também camiseta do São Luiz. Aí eu sou como tu, torcedora do São Luiz de Santa Emília, onde tu jogou futebol e sempre ficou campeã.
As professoras dizem que sou muito inteligente na escola, que aprendo rápido, às vezes até na frente dos outros. Mas estes dias a professora Ana mandou um bilhete pra dizer que não estou me comportando direito. E ela também mandou bilhete pro filho dela, o Duda, pra ele entregar para seu papai Sérgio.
Eu sempre cuido das tuas coisas e do papai. Quando o tio Marino bateu com o nosso carro novo no caminhão, eu disse: “Tu paga, senão eu chamo a polícia”. E agora, depois que tu bateu o carro e eu estava dentro, eu sempre fico de olho bem aberto quando tu dirige, pra tu cuidar e andar bem devagar.
Eu gosto muito de sentar na cadeira de balanço da ‘bisa’, principalmente quando o tio Selvino está em casa, que ele também gosta muito e aí eu tiro o lugar dele.
Mas o que eu queria mesmo dizer, mamãe, é que gosto muito de ti, que foi a coisa melhor que me aconteceu na vida, que tu é a melhor mãe do mundo.
Ah, e eu vou comer mais carne verdura e carne, que é pra ficar bem forte, e não comer só os chocolates que a tia Ivoni sempre traz lá de Caxias onde ela mora. Eu também gosto dela porque sempre me traz presentes quando vem visitar a vó Lúcia. O tio Marino diz que eu já sou muito forte, e ainda vou ficar mais forte que o amigo Isaac, que é mais velho que eu.
Ainda não sei o que vou ser na vida. Não sei se vou trabalhar na roça como tu, se vou ser pedreiro como o papai, ou posso ser jogador de futebol, porque o meu chute é bem bom. Ou se vou ser como o tio Bruno, o Caco, que sempre me incomoda e cuida na prefeitura para as estradas ficarem bem bonitas e eu poder andar de ‘bici’ e não cair.
Muito obrigado, mamãe. Eu queria desejar pra ti um feliz dia das mães e também para todas as outras mamães que têm uma mamãe tão boa como eu.
Do teu filho Gabriel