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G20 SOCIAL
Sociedade civil apresenta propostas contra a fome e a pobreza em evento do G20 social na capital piauiense
Propostas da sociedade civil refletem questões estruturantes do combate à fome e à pobreza
Muito além de receber um alimento e de comer, há diversas questões que devem ser levadas em consideração quando se fala no combate à fome e à pobreza. O encontro, que ocorreu nesta segunda-feira (20), no âmbito do G20 Social em Teresina, contou com um debate rico e com a contribuição da sociedade civil, apresentando várias óticas que perpassam o tema da fome e da pobreza.
As principais propostas encaminhadas pela sociedade civil brasileira serão levadas para a 3ª reunião da Força-Tarefa da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, que ocorre também em Teresina, entre os dias 22 e 24 de maio.
Entre as sugestões apresentadas estão: o fortalecimento da agricultura familiar; políticas de geração de renda e combate à fome; políticas de igualdade racial; segurança alimentar de pessoas celíacas e busca ativa por famílias em situação de vulnerabilidade com difícil acesso aos programas de governo.
Alicerces da injustiça
Para a presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Elisabetta Recine, as contribuições da sociedade mostram que existem outros fatores, além da comida na mesa, que devem ser trabalhados para que a fome seja erradicada no mundo. “Quando se fala em acabar com a fome as pessoas acham que é entregar um alimento e ponto. Para acabar com a fome de fato, a gente precisa de uma mudança naquilo que gera fome, que é o racismo; a ausência do direito de ter terra e território; as desigualdades de gênero; as desigualdades geracionais. É isso que vai alimentando o dia a dia dessa injustiça”, afirmou.
Pacto transformador
Elisabetta Recine elencou, ainda, dois pontos importantes para o diálogo do G20 com a sociedade civil. "Existem duas coisas que são divisores de águas para o desenvolvimento das nações: precisamos estabelecer um pacto entre os países para, não só acabar com a fome, mas seguirmos com a garantia da justiça social e da igualdade; e incentivar a participação social, pois, muitas vezes, os governos só procuram a sociedade quando precisam dela, como é o caso das eleições", explicou.
O ex-deputado Nazareno Fonteles, criador da Frente Parlamentar de Segurança Alimentar e Nutricional na Câmara Federal, foi homenageado durante o evento por sua atuação na frente e por ter sido o autor do Projeto de Lei n.º 3508, em 2012, que instituía a Renda Básica Familiar como garantia mínima do direito social à alimentação. O projeto foi incorporado à Constituição Federal por meio do Art. 6º e é considerado um dos embriões do Programa Fome Zero e do Bolsa Família.
“Foram os anos mais gratificantes, que não foram ligados a votos, mas à garantia de direitos. A gente se emociona porque realmente foi muito bonito. Hoje tenho uma compreensão de um novo momento, não basta o direito à renda familiar, é preciso que o direito ao trabalho, ao emprego. Precisamos que uma política de pleno emprego seja instalada como política nacional”, declarou Fonteles.