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Segurança Alimentar e Nutricional
Consea discute mudanças climáticas, soberania e segurança alimentar e nutricional
- Foto: ASCOM/SGPR | Adriano Henrique
A sustentabilidade dos sistemas alimentares, enfrentamento da crise climática e o cenário de calamidade que assola o Rio Grande do Sul foram temas centrais da plenária do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - CONSEA, realizada nesta terça-feira (7), em Brasília.
Durante a abertura do encontro, a presidenta do Consea, Elisabetta Recine, ressaltou a importância desse encontro entre Governo e Sociedade Civil para debater as mudanças climáticas, a soberania e a segurança alimentar e nutricional na atual conjuntura.
“Esse tema seria importante por si, mas frente ao que estamos vivendo e enfrentando nos últimos dias, com a tragédia no Rio Grande do Sul, a nossa plenária torna-se ainda mais estratégica para que possamos discutir o que precisa ser feito para mitigar esse cenário. Precisamos enxergar e assumir que o planeta é outro e, portanto, devemos encontrar novas formas de viver, é disso que se trata quando falamos de adaptação", destacou a Presidenta do Consea, Elisabetta Recine.
O Ministro de Estado Chefe da Secretaria-geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, participou do encontro e informou que, junto com o Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, assumiu a coordenação de um grupo de trabalho para a organização do fluxo de triagem e distribuição das doações que estão chegando para a população gaúcha afetada por chuvas sem precedentes.
“A pedido do presidente Lula, vamos atuar na triagem de alimentos, remédios, roupas, materiais de higiene pessoal, utensílios em geral para que sejamos assertivos nas mobilizações e na distribuição das doações que estão chegando de todos os cantos do Brasil”, explicou.
Segundo ele, o trabalho será realizado para auxiliar no armazenamento das doações e na divisão estratégica dos insumos que são recebidos. “A situação é muito difícil, um caos social. Está tudo completamente destruído, as pessoas que sobreviveram seguem abaladas, pois perderam entes queridos e tudo o que construíram ao longo da vida. O cenário é de guerra e nós não podemos nos dispersar, precisamos unir forças e energia”, completou.
O ministro Wellington Dias também destacou a preocupação com o abastecimento alimentar no Rio Grande do Sul e detalhou a situação de calamidade que se encontra a região. “ 60% da população ainda está sem energia, no entanto, já conseguimos recuperar a conectividade em 36 municípios. Mas 12 municípios ainda se encontram em isolamento completo e estamos trabalhando para conseguir reverter essa situação”, afirmou.
A Ministra de Estado dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, agradeceu o Consea pelo debate e lembrou que as consequências das mudanças climáticas não são mais cenário futuro, mas a realidade de muitas regiões brasileiras.
“Discutir mitigação aos desastres naturais, adaptação às mudanças climáticas não são mais problemas do futuro. Essa é a nossa realidade. O momento é de solidariedade ao povo do Rio Grande do Sul, o que importa agora é salvar vidas. Mas sabemos que também precisamos falar de estratégias para convivermos com esses problemas e, assim, evitarmos novas tragédias”.
A Ministra ratificou a necessidade do equilíbrio social, econômico e ambiental para a agenda climática e disse que os Povos Indígenas são imprescindíveis nesse debate, pois são eles os guardiões da natureza. “Não podemos colocar a culpa nas chuvas, mas devemos olhar para tudo que os seres humanos estão causando à Terra. Da nossa ganância em pensar em lucros e não em pessoas”.
Ela aproveitou o momento para destacar a necessidade das demarcações de terras indígenas e afirmou que é imprescindível para a justiça climática.
A Ministra de Estado das Mulheres, Cida Gonçalves, alertou para a necessidade da inclusão das mulheres nas discussões para o enfrentamento da crise climática e os sistemas alimentares, já que são elas as principais guardiãs do meio ambiente. “52% da população brasileira são mulheres, e são elas que mais protegem o meio ambiente, mesmo na área urbana. Seja plantando uma árvore, colhendo, cuidando de um jardim ou, de uma horta, são elas que cuidam desses sistemas. Portanto, as mulheres precisam integrar a luta pela justiça climática, no centro do desenvolvimento econômico do País e, assim, também combater a insegurança alimentar”, completou.
A plenária do Consea ainda contou com a participação de representantes da sociedade civil e do governo federal que discutiram o nexo entre os sistemas alimentares e a crise climática, os impactos das mudanças do clima na soberania e segurança alimentar e nutricional, a forma desigual como esses impactos são vivenciados por segmentos que já sofrem com as desigualdades e racismo como os Povos Indígenas, Povos e Comunidades Tradicionais, pessoas negras, mulheres e outros segmentos historicamente vulnerabilizados. Foram debatidos também estratégias para o enfrentamento da crise climática, como a Política Nacional sobre Mudança do Clima: Plano Clima 2024-2035, que devem estar orientados a transformação do modelo atual de produção e consumo de alimentos e à conformação de sistemas alimentares sustentáveis.