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G20 SOCIAL
“O compromisso do governo federal no G20 Social é mostrar que favela é potência”
Reunir pessoas que moram nas favelas brasileiras, que pensam coletivamente seus territórios, não só nas comunidades, mas também na academia, é a marca de duas iniciativas de comunicação e gestão colaborativa no Rio de Janeiro: Voz das Comunidades e Favelas 20 (F20).
Com participação de lideranças de diferentes favelas cariocas, trabalham numa via de mão dupla. De um lado, buscam trazer o olhar da comunidade sobre si mesma, sob suas perspectivas e suas próprias narrativas. De outro, traduzem o mundo para as favelas e, as favelas, para o mundo. Trazem as grandes discussões para o entendimento popular, para possibilitar que as pessoas das comunidades entendam e se apropriem dos debates geopolíticos e econômicos nacionais e globais. Mas também traduzem para o mundo a imensa potência transformadora das favelas, das iniciativas sociais, empreendedoras, educacionais, culturais e ambientais concebidas e realizadas pelas comunidades desses territórios.
Um processo inovador em que comunidades se apropriam das próprias narrativas para deixarem de ser pautados, muito pelo contrário, pautam de forma sistêmica, dentro e fora de seus territórios, a partir de suas perspectivas e realidades.
“O objetivo do F20 é fazer a população da favela participar da tomada de decisão. A gente quer incluir muito mais a favela nos debates locais, regionais e especialmente globais a partir do que acontece dentro dela. Vamos levar a favela para as discussões globais dentro do G20”, afirmou Gabriela Santos, diretora-executiva do Voz das Comunidades.
A partir do encontro realizado com o ministro, o projeto do F20 passa a participar mais ativamente da organização da Cúpula Social do G20, que acontece em novembro, entre os dias 14 e 16, no Rio. Todas as discussões realizadas pelo F20 serão sistematizadas em um documento final, que será entregue ao governo federal durante a Cúpula. O grupo também contribuirá com a construção de agendas e ações das favelas para o território da Cúpula Social.
Uma trilha de partilha
“A gente acompanha o G20 e sabe que pouco se ouve, que quase não se ouve a sociedade civil. Quando vimos os esforços do governo federal ao criar o G20 Social, vimos também a necessidade de incluir as favelas estrategicamente neste debate global. Decidimos montar uma estrutura para que as favelas pudessem participar, pois queremos amplificar essas vozes para que elas tenham espaço de fala, pois todos os temas debatidos passam diretamente pela realidade dos moradores das nossas comunidades”, explicou René Silva, fundador do Voz da Comunidade e cofundador do Favelas 20 junto ao Erley Bispo e à Gabriela Santos, que também participaram da roda de conversa com o ministro.
“Fazer o G20 no Brasil não teria nenhum sentido se não fosse dialogando com o povo, com as organizações e movimentos sociais, mas também com as pessoas, com as comunidades de territórios vulneráveis” disse o ministro Márcio Macêdo. “Trazer este debate para os líderes mundiais do G20 é um compromisso que o presidente Lula tem: mostrar que favela é potência, valorizar as suas juventudes, suas mulheres, sua cultura, a sua sabedoria, a sua criatividade e a sua capacidade inovar”, exaltou o ministro.
Valter Manuel, do projeto Favela 3D, é testemunho do potencial transformador desta experiência: “faço parte do comitê de combates a crises climáticas e temos falado como essas questões afetam principalmente esses territórios mais vulneráveis, que não tem infraestrutura. Como a gente consegue prevenir e estar num grupo de pessoas da comunidade da Maré ou do Complexo do Alemão e, também, de outras comunidades, para trocar experiências entre esses territórios. Tudo isso é muito enriquecedor e desafiador para nós”.
João Vitor, que integra a frente de comunicação do F20 e do jornalismo ativista e independente de vanguarda feito pela ONG Voz das Comunidades, falou do processo cuidadoso e diário junto às comunidades. “Fazemos um trabalho, praticamente, de tradução dos termos que são difíceis, dos temas que são tratados lá no G20, para que as pessoas possam entender, para que a informação possa circular. Porque se a gente quer fazer com que essas vozes sejam, de fato, amplificadas, elas precisam ter acesso à informação e ao conhecimento, a partir da sua realidade, dos seus territórios, para poderem ir além”, explicou.
Também participaram da roda de conversa Lucas Padilha, Secretário da Casa Civil da Prefeitura do Rio de Janeiro e Ronald Sorriso, Secretário Nacional de Juventude da Secretaria-Geral.