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G20 SOCIAL
“A riqueza de uns traz a fome e a pobreza da maioria”, diz a presidenta do Consea durante o Encontro preparatório da Cúpula Social do G20
- Foto: Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil
“Mudar a governança global não pode ser mais uma alternativa, ela é a única opção que nós temos para o enfrentamento da crise climática e para o enfrentamento das desigualdades no mundo”, afirmou a presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Elisabetta Recine, nesta terça-feira (20), durante o Encontro preparatório da Cúpula Social do G20, no Rio de Janeiro.
A presidenta integrou a mesa de debate sobre o “Combate à Fome, Pobreza e Desigualdades” e discursou sobre o tema “A centralidade da participação social e do protagonismo dos sujeitos de direitos para erradicar a fome com comida de verdade, democracia e equidade”. Segundo ela, a Cúpula do G20 está muito distante do diálogo com as populações, principalmente os países mais desenvolvidos. “Veja no Exterior, de fato, quantos são os países que conversam com seus povos? Quantos reconhecem que existem pessoas em situação de rua, pessoas passando fome. Nós temos que ecoar as nossas práticas, porque o Brasil possui legitimidade para falar sobre o que nós precisamos para erradicar a fome e a pobreza, pois possuímos experiências valiosas que não são perfeitas, mas são reais”, ressaltou.
Sobre a Aliança Global, Elisabetta Recine ratificou a necessidade da participação social como diretriz no desenho de governança da Aliança, como caminho para a institucionalização de estratégias e espaços formais de participação social. Sobre os sistemas de financiamento, ela pediu que sejam justos aos povos indígenas e comunidades tradicionais, ao combate ao racismo, contra a desigualdade de gênero e a favor dos agricultores familiares.
Segundo Elisabetta, os sucessos e os retrocessos do Brasil na superação da fome, evidenciam a rica experiência brasileira no intercâmbio internacional de conhecimento para erradicar a fome e garantir o direito à alimentação adequada.
No entanto, para ela, a questão não está nas propostas, mas em como executá-las.
“Não é o que precisa ser feito. A chave da mudança está em como deve ser feito. Por que tantos anúncios de acabar com a fome são fracassados? Porque os compromissos não enraízam nas sociedades dos países? A fome é consequência das escolhas do mundo. E a força popular é a única força que consegue resistir aos grandes poderes. Nós precisamos não apenas mudar as regras do jogo, mas o jogo em si e isso não é utopia, é uma emergência mundial”.
Também participaram do debate Valéria Burity, Secretária Extraordinária de Combate à Fome do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome; Márcia Helena Carvalho Lopes, Assistente Social e Professora (UEL); Barbara Loureiro, Direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Clemente Gunz Lucio, Coordenador do Fórum das Centrais Sindicais, Membro do CDESS e do Conselho da Oxfam Brasil; Sarah Luiza Moreira, Marcha Mundial das Mulheres.
Brasil Participativo – G20 Social
Nesta terça-feira (20), também foi lançada a ferramenta G20 Social Participativo, onde pessoas, organizações da sociedade civil, instituições internacionais e governos de todo o mundo podem enviar sugestões para os debates dos líderes do fórum por meio da plataforma interativa.
O site bilíngue (inglês e português) receberá documentos com propostas de temas prioritários até o dia 9 de setembro, realizando uma das iniciativas inéditas no fórum de criar mecanismo para as pessoas levarem aos líderes mundiais questões sobre suas realidades. Além disso, pessoas e organizações poderão inscrever eventos e atividades autogestionadas relacionadas às prioridades do fórum, marcando o início do processo de articulação para a Cúpula do G20 Social, que acontecerá de 14 a 16 de novembro, no Rio de Janeiro.
Para conhecer a Plataforma G20 Social Participativo acesse aqui
*Com informações do site g20.org