Notícias
Incra já cadastrou 350 famílias não indígenas em operação de desintrusão no Pará
Foto: EBC/ Profissionais do Incra cadastram famílias que vivem ilegalmente na terra e deverão deixá-la até 31 de maio.
Na segunda semana da operação de desintrusão da Terra Indígena Alto Rio Guamá, no Pará, as equipes em campo deram continuidade ao trabalho de esclarecimento sobre a ação e ao cadastramento de não indígenas que moram na região, além de terem feito novas apreensões na área de 280 mil hectares onde vivem os povos Tembé, Timbira e Kaapor.
No período de 9 a 15 de maio foram apreendidas três armas, um motosserra e uma motocicleta irregular. Na semana anterior, foi feita apreensão de um caminhão de madeira com carga estimada entre 20 e 30 toneladas, e encontrada uma serraria clandestina dentro da terra.
O número de cadastros subiu para 350, com equipes do Incra atuando em busca ativa em toda a área, de segunda a sábado. As famílias cadastradas que estiverem aptas serão encaminhadas a programas sociais do governo federal.
A primeira fase da operação, na qual as famílias que ocupam ilegalmente a terra indígena são orientadas a saírem de forma voluntária, segue até 31 de maio com continuação do cadastro, rastreio da área e apoio para a saída das famílias.
Estados e municípios também estão se movimentando para dar assistência para as famílias vulneráveis que estão saindo da terra que ocupam ilegalmente, assegurando transporte das famílias da terra indígena para outros locais e buscando outras soluções para realocação das que precisam.
Desde o início dos trabalhos, órgãos do Governo Federal que participam da operação iniciaram uma série de diálogos com o Poder Público Municipal e entidades da sociedade civil para esclarecimentos sobre a operação. Equipes em campo distribuíram comunicado com informações sobre a operação para a população residente na área e fizeram apreensões dentro e no entorno da terra.
TRINTA ANOS À ESPERA DA TERRA
A Terra Indígena Alto Rio Guamá é habitada por cerca de 2,5 mil indígenas das etnias Tembé, Timbira e Kaapor, distribuídos em 42 aldeias. A área fica localizada nos municípios de Santa Luzia do Pará, Nova Esperança do Piriá e Paragominas.
A TIARG foi reconhecida em 1945 e homologada em 1993. Na época da homologação, havia não indígenas no território e o processo de retirada foi realizado no fim dos anos 1990 até começo dos anos 2000, com pagamento de indenização por construções feitas na terra e assentamento em projetos de reforma agrária.
Mesmo assim, famílias não indígenas permaneceram na área, o que levou o Ministério Público Federal do Pará a ajuizar ação de reintegração de posse. Uma decisão judicial liminar de 2003, confirmada por sentença de 2014, determinou que a União providenciasse a retirada dos invasores da área para que os indígenas tivessem plena posse de suas terras e pudessem viver de acordo com os seus costumes e tradições, como lhes garante a Constituição Federal.
Em 2018, a Justiça Federal determinou que a União apresentasse um plano de retirada dos invasores, sob pena de multa de 2 mil por dia de atraso na apresentação do plano, até um total de R$ 400 mil em multas.