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Diálogos Amazônicos começam a ouvir as vozes das amazônias
Mais de 3 mil pessoas participaram, na noite desta sexta-feira (4), da cerimônia de abertura dos Diálogos Amazônicos. O evento foi desenhado pela Secretaria-Geral da Presidência da República para ouvir os desejos das populações das amazônias, brasileiras e de outros países e assim conseguir entregar aos chefes de Estado presentes à Cúpula da Amazônia, cinco relatórios com as principais propostas apresentadas nas plenárias-síntese.
A cerimônia de abertura teve manifestações culturais das populações quilombolas e indígenas, mas também teve discursos fortes como o do líder indígena Raoni Metuktire que listou uma série de angústias dos povos originários da Amazônia. Ele pediu a defesa da floresta e dos povos indígenas. “Eu não gosto nem de garimpeiro, nem de madeireiro. Eles destroem a floresta e os rios” reclamou o líder. Outras lideranças indígenas também puderam discursar durante a cerimônia de abertura. A cerimônia teve a participação da atriz paraense, Dira Paes que apresentou a parte inicial da abertura, seguida da jornalista Giovana Teles que apresentou a parte final do evento.
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo disse que ouviu de um amigo um questionamento sobre a qualidade do evento. “Meu amigo me disse: esse evento tá muito grande. E eu respondi: tá do tamanho da Amazônia. Ele disse: tá muito sofisticado. E eu o perguntei: para os chefes de Estado, pode ser muito sofisticado. Para os empresários pode ser sofisticado, mas para o povo não pode ser sofisticado? Mas esse é o padrão do nosso compromisso com o povo brasileiro” ressaltou o ministro Márcio. Ele ainda falou sobre a importância do meio ambiente assumir protagonismo na agenda nacional. Ao final ele lembrou o ambientalista Chico Mendes, que dá nome ao plenário principal do evento: “No início eu pensei que eu lutava para defender as seringueiras, depois eu pensei que lutava para defender a floresta amazônica e hoje eu vejo que eu lutava pela defesa da humanidade”.
O governador do Pará, Helder Barbalho, lembrou que os Diálogos devem ajudar a construir um modelo de desenvolvimento para a floresta que seja sustentável para o povo da floresta e para o povo do Pará. “A partir deste momento, chamamos a todos os que debatem a Amazônia, a todos os que falam sobre nós, que, com os pés nos chão, possam nos ouvir e conhecer um povo lutador e que deseja ser ouvido e ser escutado no desenvolvimento de uma região que abriga 30 milhões de brasileiros e que possam fazer chegar ao Planeta inteiro, os nossos anseios”.
Também participaram da abertura o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, Cida Gonçalves, Ministra das Mulheres, Aniele Franco, Ministra da Igualdade Racial, Sílvio Almeida, Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Wellington Dias, Ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Joênia Wapichana, presidente da Funai, Paulo Freixo, presidente da EMBRATUR e Jorge Viana, presidente da APEX, além de representantes de entidades dos países amazônicos.
Ao todo, vão circular pelas atividades dos Diálogos Amazônicos mais de 12 mil pessoas que participarão de 5 plenárias-síntese, 3 plenárias transversais e mais de 400 atividades autogestionadas.
PLENÁRIAS
A primeira plenária dos Diálogos Amazônicos tratou da participação dos territórios, ativistas, sociedade civil e dos povos das florestas e das águas no desenvolvimento sustentável da Amazônia, além da erradicação do trabalho escravo no território.
Foi destacado que não se pode preservar a Amazônia sem proteger as pessoas que vivem nesses territórios, lideranças e ativistas, que enfrentam ameaças constantes de projetos econômicos envolvendo a exploração desordenada e ilegal dos recursos amazônicos. Os direitos humanos, a plena participação da população nas decisões que impactam seu modo de vida também foram questões em pauta.
Com o tema Mulheres da Panamazônia – Direitos, Corpos e Territórios por Justiça Socioambiental e Climática, a segunda plenária do dia debateu, dentre outros temas, a garantia ao direito à vida digna das mulheres indígenas respeitando sua cultura e identidade ancestral, a maior participação das mulheres nos espaços de debates para apoiar o fortalecimento e articulação das redes de mulheres e a construção de políticas públicas e apoio para formação de lideranças de jovens na panamazônia.
Também foi reivindicado o enfoque de gênero na distribuição e titulação das terras e a garantia aos direitos políticos, de cidadania e a proteção da vida das mulheres.
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