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O debate sobre a importância do empoderamento de mulheres e meninas para o combate à fome e à pobreza
Painel sobre políticas públicas de combate à fome, evento paralelo à Reunião Ministerial de Desenvolvimento do G20. - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Na última quarta-feira (24), ocorreu um encontro paralelo à Reunião Ministerial da Força Tarefa do G20, no Rio de Janeiro, para discutir a importância de políticas públicas com foco em mulheres e meninas para o combate à fome e à pobreza.
O debate "Políticas Públicas de Combate à Fome e à Pobreza: Empoderando Mulheres e Meninas para o Desenvolvimento Sustentável", contou com a participação da primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, da presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Elisabetta Recine, bem comoda comissária europeia para parcerias internacionais, Jutta Urpilainen; a diretora executiva do Programa Mundial de Alimentos, Cindy McCain; e o presidente do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Alvaro Lario. A moderação foi conduzida por Sabrina Dhowre Elba, ativista e embaixadora da Boa Vontade da ONU para o FIDA.
A cesta de políticas públicas que deverá integrar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza foi o tema central do debate. Em consenso as participantes expressaram a necessidade de todos os programas e ações desenvolverem medidas assertivas que sejam direcionadas às mulheres e meninas em situação de vulnerabilidade.
Durante a sua fala, Janja destacou que, por sua transversalidade, as questões de gênero foram objeto de discussão em diferentes sessões do G20. Entre algumas medidas, anunciou que, em outubro, o Grupo de Trabalho de Transição Energética do G20 discutirá a criação de um programa de produção de gás de biodigestores, que converte resíduos orgânicos em biogás. A tecnologia beneficiará as comunidades rurais e periféricas, protegendo, principalmente, as mulheres de acidentes domésticos ocasionados pelo uso de fogão a lenha. “Precisamos proteger meninas e mulheres que, muitas vezes, se expõem a queimaduras e demais problemas de saúde por estarem cozinhando com lenha, além de reduzir o tempo dedicado à busca de lenha, por exemplo”.
A presidenta do Consea destacou que, no Brasil, a participação social tem sido uma marca importante para o combate à fome e à pobreza. No entanto, Elisabetta Recine elencou diversos desafios. “As desigualdades de gênero impactam diretamente a vida de meninas e mulheres, mas é fundamental reconhecer que também geram consequências para a sociedade como um todo, portanto garantir o pleno exercício dos direitos das mulheres e meninas é a única alternativa civilizatória”.
Segundo ela, a prevenção e punição de todas as formas de violência contra as meninas e mulheres e o investimento em processos informativos e educativos para o fortalecimento dos valores de direitos e equidade também são medidas urgentes para o alcance dos objetivos propostos pela Aliança Global.
“As mulheres e meninas são as que mais sofrem com a pobreza e padecem de fome. Cuidam dos filhos, das sogras, dos irmãos. Seja no campo ou na cidade, possuem uma carga enorme de trabalho, invisível e não reconhecida. A humanidade precisa e as mulheres exigem viverem livres do medo e da violência, definirem seus destinos, terem acesso à educação”, enfatizou.
Entre os principais desafios das mulheres no Brasil, Elisabetta Recine destacou que elas ainda necessitam do direito à terra e territórios, acesso a financiamento, reconhecimento e investimento no papel das mulheres na produção de alimentos com práticas sustentáveis e regenerativas e da oferta de serviços púlbicos que evitem a dupla ou tripla carga de trabalho, como creches, entre outros.
“Quando uma menina e/ou uma mulher passa fome, isso se torna um problema coletivo e toda uma nação sofre.. As meninas precisam olhar os espaços de poder como um lugar delas. Para isso, as políticas públicas precisam contribuir para essas mudanças”.
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