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Representante das mulheres alerta sobre “caminhos errados” para erradicar fome na reunião da ONU
Representante das mulheres alerta sobre “caminhos errados” para erradicar fome na reunião da ONU
A co-coordenadora do grupo Constituinte de Mulheres e Gênero do Mecanismo da Sociedade Civil (MSC) da Organização das Nações Unidas (ONU), Iridiani Seibert, participou nesta segunda-feira (15) da abertura da 45ª Sessão Plenária do Comitê Mundial de Segurança Alimentar (CSA) da Organização para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU), em Roma. Na ocasião, ela saudou todos os estados-membros do comitê, instituições participantes e observadores presentes.
Afirmou esperar que esse encontro, que será realizado até sexta-feira (19), seja marcado pela renovação do compromisso de todos com o CSA, a fim de fortalecer a instituição e sua contribuição para a superação da situação alarmante da fome e da desnutrição enfrentada pelo mundo atualmente.
Antes de prosseguir nesse tema, Iridiani, que é integrante da Via Campesina, informou que a partir desta data o Mecanismo da Sociedade Civil incluirá os Povos Indígenas em seu próprio nome. “Após um ano de consulta, o Comitê de Coordenação da entidade decidiu por unanimidade que passará a se chamar, a partir de agora, ‘Mecanismo da Sociedade Civil e Povos Indígenas’ para efeito de suas relações com o Comitê Mundial de Segurança Alimentar”, destacou, manifestando satisfação com a iniciativa.
Explicou que, com esse acréscimo, o Mecanismo reconhece a identidade dos povos indígenas e expressa uma completa solidariedade com suas lutas históricas para serem reconhecidos em sua identidade, bem como em seu direito à autodeterminação.
Caminhos errados
Ao voltar a falar sobre a presente 45ª Sessão Plenária, Iridiani Seibert declarou que o grupo Constituinte de Mulheres e Gênero do MSC estava extremamente preocupado ao constatar que “caminhos errados” têm sido trilhados no rumo ao atingimento da meta de erradicação da fome, estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. “Hoje 821 milhões, entre homens, mulheres, meninos e meninas, sofrem com a fome e a insegurança alimentar e nutricional. São 821 milhões de pessoas em todas as regiões do mundo que a cada dia vão para a cama sem ter se alimentado”, alertou.
Lembrou que o relatório oficial da ONU sobre o Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (Sofi 2018) impõe a todos que ações concretas e compromissos sejam assumidos de uma vez por todas. “A fome e a insegurança alimentar são os problemas mais importantes que enfrentamos no mundo atual. É um assunto de direitos humanos. A resposta mais importante para os dados alarmantes apresentados pelo Sofi 2018 é que a comunidade internacional tem de se comprometer mais do que nunca em relação ao respeito, à proteção e à garantia do direito humano à alimentação adequada”.
Mulher rural não tem o que comemorar
Chamou a atenção para o fato de que nesta segunda-feira (15), que marca o décimo aniversário do Dia das Mulheres Rurais, as condições em que “nós, mulheres rurais, nos encontramos não nos permite celebrar [a data]. Sessenta por cento das 821 milhões de pessoas que sofrem com a fome são mulheres e meninas. Nesse aniversário, queremos reiterar a necessidade de comprometimento dos países na promoção de ações e políticas para a superação de tais números”, conforme está expresso na quinta meta dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: “Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”. Para isso, de acordo com Iridiani Seibert, é preciso construir ações e políticas para a promoção dos direitos das mulheres no âmbito dos direitos humanos, garantindo o direito à comida, bem como promovendo a igualdade e eliminando a violência e a discriminação contra as mulheres.
“Construímos o Dia Internacional das Mulheres Rurais juntos, neste espaço, a fim de destacar o valor delas e esta é a razão pela qual entendemos que o Comitê Mundial de Segurança Alimentar (CSA) precisa se comprometer em fazer com essa importante data se torne visível nas reuniões plenárias anuais [da entidade]”, ponderou a representante da Via Campesina.
Ela acrescentou que, “enquanto mulheres rurais, camponesas, indígenas, pescadoras, pastores, trabalhadoras do setor de agricultura e alimentação, jovens, consumidoras e sem-terra”, as integrantes do Mecanismo da Sociedade Civil (MSC) acreditam ser fundamental que os países reconheçam notadamente a contribuição feita pelas mulheres para a superação da insegurança alimentar e da fome. “Com a nossa produção, alimentamos as pessoas e contribuímos tanto para a segurança alimentar quanto para a soberania alimentar dos povos, a partir de práticas agroecológicas e de uma perspectiva feminina de igualdade de gênero”, acrescentou.
Por fim disse esperar que no 20º aniversário do Dia das Mulheres Rurais, daqui a dez anos, possa ser verdadeiramente comemorado um progresso na direção deste objetivo comum entre os representantes dos países presentes. “Acreditamos que as mulheres têm muito a colaborar nesse sentido. Que as mulheres, povos e indivíduos realizem o seu direito à comida, à igualdade e ao direito de viver sem violência e sem discriminação”, concluiu.
Fonte: Consea com informações do Comitê Mundial de Segurança Alimentar (CSA)