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Redução de açúcar em produtos alimentícios trará poucos benefícios, afirma conselheira
Redução de açúcar em produtos alimentícios trará poucos benefícios, afirma conselheira
“O acordo voluntário assinado para redução de açúcar nos produtos alimentícios industrializados é uma medida que trará poucos benefícios para a saúde pública, porque foram estabelecidas metas baseadas no conteúdo máximo de açúcar por categoria, o que vai ter um impacto bem pequeno em relação à redução do açúcar na média dos produtos”.
A afirmação é da nutricionista e conselheira do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) Ana Paula Bortoletto, ao comentar para o site do Consea e para veículos da imprensa os impactos do novo acordo voluntário assinado nesta segunda-feira (26) entre o Ministério da Saúde e a indústria alimentícia.
O pacto tem como meta, segundo o Ministério da Saúde, retirar voluntariamente 144 mil toneladas de açúcar de alimentos industrializados no país até 2022. O documento prevê reduzir em 144 mil toneladas a quantidade de açúcar consumida nos próximos quatro anos no país. A redução equivale a cerca de 1,5% da ingestão de açúcar advinda de alimentos processados no país. São cinco categorias de alimentos que sofrerão mudanças: bebidas adoçadas, biscoitos, achocolatados em pó, bolos e mistura para bolos e produtos lácteos.
“Na prática, a medida é mais uma busca pela redução de danos do que de fato uma promoção da alimentação saudável. As metas pouco ambiciosas fazem com que o acordo tenha grandes chances de fracassar em seu objetivo de reduzir as doenças causadas pelo excesso de açúcar”, afirma Ana Paula Bortoletto, líder do Programa de Alimentação Saudável do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
“Medidas como o aumento do preço dos produtos que tenham conteúdo alto de açúcar, como as bebidas açucaradas, são muito mais efetivas no impacto do consumo”, diz a conselheira. Ela destaca a importância de restringir a publicidade de alimentos com alto conteúdo de açúcar para desestimular o seu consumo, principalmente por parte das crianças, além de proibir a venda desses produtos em cantinas escolares.
Para Ana Paula Bortoletto, o consumidor precisa também ter informação clara nos rótulos dos alimentos industrializados, por meio de modelos de advertência em relação ao conteúdo alto de açúcar. “As pessoas precisam poder saber identificar o que elas estão comendo e, a partir disso, escolher alimentos saudáveis”.
Posição do Consea
O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) defende a ideia de que o Estado deve intervir para salvaguardar a saúde da população do país. Para atingir esse objetivo, segundo o órgão, há um conjunto de medidas que devem ser adotadas por meio de políticas públicas que promovam mudança de hábitos alimentares.
O conselho tem feito recomendações a representantes dos poderes constituídos, chamando a atenção para os impactos provocados pelo consumo de bebidas adoçadas, com efeitos adversos à saúde como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares, entre outras.
Na Exposição de Motivos 001/2018, encaminhada pelo Consea à Presidência da República em maio deste ano, o órgão defende a taxação das bebidas adoçadas não apenas como uma medida fiscal, mas como ferramenta de saúde pública, harmonizada com a pauta da segurança alimentar e nutricional.
Para o Consea, a tributação de bebidas adoçadas, assim como a garantia do direito à informação clara e correta nos rótulos sobre a composição nutricional dos alimentos, são duas áreas críticas que merecem atenção, dada a gravidade dos impactos na saúde e na segurança alimentar e nutricional da população brasileira.
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Fonte: Ascom/Consea