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Maior taxação pode inibir o consumo de bebidas açucaradas, defendem especialistas
Ana Paula Bortoletto é uma das autoras do artigo: evidências indicam que aumento de impostos ajuda a reduzir consumo de bebidas açucaradas, da mesma forma que reduz consumo de cigarros. E é por isso que organizações internacionais como a OMS recomendam esse tipo de medida. Imagem: Consea
O jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, publicou na última segunda-feira (15) um artigo de opinião de autoria da nutricionista Ana Paula Bortoletto e da socióloga Paula Johns, no qual elas defendem o aumento de impostos sobre bebidas açucaradas, como refrigerantes e sucos industrializados, por exemplo.
“As evidências indicam que o aumento de impostos ajudaria a reduzir o consumo de bebidas açucaradas, da mesma forma que ajuda a reduzir o consumo de cigarros, e é por isso que organizações internacionais como a OMS [Organização Mundial da Saúde] recomendam a adoção desse tipo de medida”, afirmam as autoras.
“A OMS já declarou que o consumo de bebidas açucaradas é uma das principais causas da obesidade e do diabete”, argumentam elas. “A maior parte das bebidas açucaradas não tem nenhum valor nutricional”, lembram. Ainda segundo elas, “os açúcares contidos nessas bebidas alteram o metabolismo do corpo, afetam os níveis de insulina e colesterol e podem causar inflamações e pressão alta”.
No texto, as autoras lembram que, até o fim do século passado, o cigarro aparecia em filmes, novelas e propaganda. Fumava-se em aviões, restaurantes e escritórios. Mas as evidências da ligação do cigarro com doenças, como o câncer, fizeram com que o Brasil adotasse medidas que acabaram reduzindo a um terço o número de fumantes. Uma das medidas para controlar o tabagismo foi o aumento de impostos sobre cigarros, fato que acabou criando uma barreira financeira, desestimulando o vício e salvando vidas.
“A obesidade é hoje um dos principais riscos para o desenvolvimento de câncer no Brasil”, dizem as autoras do artigo. “Segundo a OMS, 13 em cada 100 casos de câncer no país são atribuídos ao sobrepeso e à obesidade. Este fato se torna ainda mais alarmante quando se leva em conta que 54% da população brasileira tem excesso de peso e quase 20% está obesa”.
Elas concluem o artigo afirmando: “Houve um tempo em que era normal guiar sem uso de cinto de segurança carros que não tinham sistemas de airbag, um tempo em que era aceitável fumar em ambientes fechados e na companhia de crianças. Esperamos que esteja perto do fim este nosso tempo em que é considerado natural beber dez colheres de açúcar dentro de uma embalagem colorida”.
Ana Paula Bortoletto é nutricionista, líder do Programa de Alimentação Saudável do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), entidade que representa no Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). Paula Johns é socióloga e diretora geral da ACT Promoção da Saúde, antiga Aliança de Controle do Tabagismo.
Elas também integram a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, uma rede formada por organizações da sociedade civil, profissionais, associações e movimentos sociais com objetivo de desenvolver e fortalecer ações coletivas que contribuam com a realização do Direito Humano à Alimentação Adequada por meio do avanço em políticas públicas para a garantia da segurança alimentar e nutricional e da soberania alimentar no Brasil.
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[Texto de Marcelo Torres]
Fonte: Ascom/Consea