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Investir no controle de doenças crônicas pode evitar mortes e economizar bilhões de dólares
Cálculos da OMS indicam que, para cada US$ 1 investido na ampliação de ações para tratar as doenças crônicas não-trasmissíveis em países de baixa e baixa-média renda, haverá um retorno à sociedade de pelo menos US$ 7 em aumento de empregos, produtividade e longevidade. Imagem: OMS
As principais causas de morte hoje no mundo não são novos vírus desconhecidos ou grandes acidentes. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), sete em cada dez pessoas morrem em decorrência de doenças crônicas não-transmissíveis: diabetes, doenças cardiovasculares, câncer, doenças respiratórias crônicas e transtornos mentais. Agora, pela primeira vez, a entidade calculou os custos e as vantagens financeiras de investir nas melhores práticas de saúde, as chamadas políticas “best buy” (rentáveis e viáveis).
Os resultados estão no relatório“Saving lives, spending less: a strategic response to NCDs” (Salvando vidas, gastando menos: uma resposta estratégica às DCNTs), divulgado em maio último. O relatório indica que a adoção de medidas eficazes para prevenir e controlar as DCNTs custa apenas US$ 1,27 por pessoa a cada ano em países de baixa renda.
Os ganhos em saúde desse investimento, por sua vez, poderão gerar US$ 350 bilhões, evitando os custos com a saúde e aumentando a produtividade até 2030, além de salvar 8,2 milhões de vidas durante o mesmo período.
Os cálculos da OMS indicam que, para cada US$ 1 investido na ampliação de ações para tratar as DCNTs em países de baixa e baixa-média renda, haverá um retorno à sociedade de pelo menos US$ 7 em aumento de empregos, produtividade e longevidade. "A mensagem abrangente deste novo e poderoso relatório da OMS é otimista", diz o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Combater as DCNTs é uma oportunidade para melhorar a saúde e as economias”.
Países de baixa e baixa-média renda são os que mais sofrem, atualmente, com as mortes prematuras por DCNTs. Quase metade (7,2 milhões) das 15 milhões de pessoas que morrem em todo o mundo a cada ano, entre 30 e 70 anos, são dos países mais pobres do mundo. No entanto, o financiamento global para essas doenças é severamente limitado, recebendo menos de 2% de todo o financiamento em saúde.
OMS recomenda mais impostos sobre álcool e tabaco
Segundo a OMS, se todos os países usassem as propostas do relatório, o mundo poderia se aproximar significativamente do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3.4, que visa reduzir mortes prematuras causadas por doenças não-transmissíveis em um terço até 2030.
Entre as ações de melhor custo-benefício estão o aumento dos impostos sobre o tabaco e o álcool; a redução da ingestão de sal por meio da reformulação de produtos alimentares; a administração de terapia medicamentosa e aconselhamento para pessoas que tiveram ataques cardíacos ou acidentes vasculares cerebrais; vacinação de meninas com idades entre 9 e 13 anos contra o papilomavírus humano (HPV); e rastreio de mulheres com idade entre 30 e 49 anos para câncer do colo do útero.
Resumo do relatório
Para US$ 1 investido em cada área, foram documentados os seguintes retornos:
- US$ 12.82 de promoção de dietas saudáveis;
- US$ 9,13 de redução do uso nocivo do álcool;
- US$ 7,43 de redução de consumo do tabaco;
- US$ 3,29 por fornecer terapia medicamentosa para doença cardiovascular;
- US$ 2,80 do aumento de atividade física;
- US$ 2,74 de gerenciamento do câncer.
As doenças crônicas não transmissíveis matam 41 milhões de pessoas a cada ano, abrangendo 72% de todas as mortes no mundo. O número de mortes por DCNTs está aumentando globalmente, inclusive nos de baixa e baixa-média.
Como condições tipicamente de longo prazo, essas enfermidades são especialmente prejudiciais para as famílias em ambientes de poucos recursos, uma vez que o tratamento demorado e dispendioso drena os recursos domésticos, força as famílias à pobreza e sufoca o desenvolvimento.
Os dados deste relatório apresentam de maneira inequívoca a importância dos recursos públicos serem destinados a ações de prevenção de doenças e promoção da saúde em diferentes áreas de governo. A aplicação de recursos nestas ações não são gastos e sim investimentos.
Confira o relatório na íntegra, na versão em inglês
Fonte: Consea com informações da Organização Mundial de Saúde