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Indígenas querem debater acesso a sementes de verdade, diz conselheiro Dourado Tapeba
Sementes distribuídas aos indígenas são híbridas, transgênicas, só servem para plantar uma vez, explica o líder Tapeba. Imagem: Ivana Diniz/Consea
Cerca de 120 pessoas marcaram presença nesta segunda-feira (5), em Brasília, nos preparativos para o Encontro Nacional 5ª+2, que será realizado pelo Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), no Hotel Nacional, de 6 a 8 de março. O encontro deve reunir cerca de 300 participantes, entre representantes da sociedade civil, do governo e observadores.
“Nossa expectativa é de que o encontro seja positivo. Vamos participar ainda hoje de uma reunião com alguns facilitadores, que vão atuar no evento, em apoio às discussões”, afirmou o conselheiro Antonio Ricardo Domingos da Costa, o Dourado Tapeba, representante da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas no Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme).
Segundo ele, as principais demandas relacionadas aos indígenas estão tradicionalmente ligadas às questões da terra, como ocorreu durante a 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, realizada em novembro de 2015. Dourado, que esteve presente no encontro, disse esperar que dessa vez seja tratada uma importante questão, que é a das sementes nativas.
“A Embrapa dispõe de um banco de geoplasma, de sementes. Mas as que chegam para nós são híbridas, transgênicas, só servem para a gente plantar uma vez. Ficamos sempre na dependência de receber outra remessa. Queremos ementes de verdade, que podem ser plantadas e, depois de colhidas, que sejam férteis”.
De acordo com o conselheiro, os indígenas cultivam algumas plantas, das quais mantém grãos para replantio. Mas afirmou que é preciso investimento para aumentar e diversificar a circulação de outras variedades “Fui agora mesmo, há poucos dias, a uma feira de troca de sementes do Povo Kraô e constatei que as sementes de milho que eles têm são iguais às nossas, dos Tapebas. Assim como os feijões que chamamos de Chumbinho ou o Feijão de Corda e o milho branco. Então, seria necessária uma ação mais forte da Fundação Nacional do Índio (Funai) para apoiar a distribuição de novas sementes e as trocas”.
(Texto: Ivana Diniz Machado
Fonte: Ascom/Consea