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Fama 2018: Feira Agroecológica movimenta Pavilhão de Exposições de Brasília
Tambores, berimbau, colares, anéis, livros, revistas, roupas, calçados, doces, mudas de plantas, tapetes... Todos esses alimentos e produtos são encontrados na Feira Agroecológica do Fórum Alternativo Mundial da Água (Fama 2018), que é realizado no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília (DF), até quinta-feira, dia 22.
São mais de 90 banquinhas no espaço, que poderia facilmente ser chamado de Feira dos Povos. Atrás de uma mesa repleta de pequi, doce de leite, urucum e conservas de legumes, lá está dona Maria Vilma, 53 anos, e seu sorrisão. Ela é quilombola da Comunidade Pega, situada no município mineiro de Virgem da Lapa, no Vale do Jequitinhonha.
Com 65 famílias, a comunidade está presente nesse território há diversas gerações. Maria, por exemplo, nasceu nesse local. Antes dela, a mãe, os avôs e bisavôs já residiam lá. Naquele pedaço de chão, Maria e as demais famílias cultivam oito hortas, e também banana, mandioca, laranja, mamão e pimenta.
“Mas esse ano plantamos milho e quando começou a embonecar, faltou água e perdemos tudo”, relata ela, que também é militante do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB). Para o Fama 2018, ela não podia deixar de fora o fruto da estação – o pequi –, e as conservas de legumes, ela faz questão de dizer, foram feitas pela comadre Vanderlânia. “Trouxe para ajudar ela”. Lá em Virgem da Lapa, os produtos são comercializados em feiras e para as escolas públicas da região.
Entretanto, um elemento fundamental para toda essa produção anda cada vez mais escasso. “Nós temos água quando Deus manda. Se não for isso, temos que pagar”, afirma a quilombola. Mas nem sempre foi preciso consumir e desembolsar dinheiro pela água da empresa Copasa. Tempos atrás, antes de uma hidrelétrica chegar ao Rio Jequitinhonha, os quilombolas tinham água em abundância próxima de casa.
Hoje, conforme Maria, a água já não pode mais ser consumida e os peixes que eram nativos estão cada vez mais raros. Mas o impacto poderia ser pior se não fosse a mobilização da comunidade e do MAB para barrar a construção de outra hidrelétrica, dessa vez no Rio Araçuaí. “Não nos consultaram, e quando vimos já estavam marcando os locais para construção, aí não deixamos”, revela.
Para ler essa e outras reportagens, acesse o site oficial do evento: www.fama2018.org.
(Texto de Elvis Marques/CPT)
Fonte: FAMA 2018