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Em ato na Câmara, presidenta do Consea defende políticas públicas de segurança alimentar
No evento, a presidenta do Consea lembrou que a agenda do Consea reconhece “o protagonismo das mulheres, da população negra, dos povos indígenas, de cada um dos povos e comunidades tradicionais".
A Frente Parlamentar de Segurança Alimentar e Nutricional (FPSAN), em parceria com o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), realizou na última terça-feira (10) o “Painel em Defesa do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Segurança Alimentar e Nutricional (SAN)”, na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Convidada para falar no evento, a presidenta do Consea, Elisabetta Recine, fez um balanço sobre a trajetória da segurança alimentar e nutricional no país, defendeu os avanços conquistados pelo Brasil e chamou a atenção para a possibilidade de o país voltar a figura no Mapa Mundial da Fome, com o congelamento dos investimentos sociais e cortes de recursos em políticas públicas.
514 anos de exclusão
“Sair do Mapa da Fome não foi uma ilusão”, disse ela, logo na abertura de sua fala. “O risco de voltar também não é”, alertou. “Por que repetir tantas vezes esse fato?”, ela se indagou, para em seguida responder: “Porque sempre estivemos lá [no Mapa Mundial da Fome], por 514 anos a exclusão e a injustiça marcaram a nossa história”.
Segundo a presidenta do Consea, essa é a história de “um país construído com o trabalho de muitas pessoas ocultas e invisíveis” e “a própria trajetória da segurança alimentar e nutricional é um dos exemplos desta invisibilidade”.
Ela lembrou que Josué de Castro, na década de 1930, revelou que a fome é o resultado de um sistema econômico e social injusto.
Bandeiras da sociedade brasileira
Ela destacou como bandeiras de luta da sociedade brasileira, para a conquista da democracia nos anos 1980, “a luta contra a fome, contra o alto custo dos alimentos, a reforma agrária, a demarcação de terras e territórios, a proteção e promoção da agricultura familiar”.
De acordo com a presidenta do Consea, “esta luta culminou na priorização desta agenda a partir de 2003 e do entendimento que a alimentação adequada e saudável é um direito humano”.
Lembrou ainda que a agenda do Consea reconhece “o protagonismo das mulheres, da população negra, dos povos indígenas, de cada um dos povos e comunidades tradicionais, dos jovens, de todas e todos aqueles que parte da nossa sociedade não olha nos olhos”.
Dados irrefutáveis de pesquisas
“Reconhecemos e valorizamos que o Brasil é feito de todas estas mãos e saberes, pois quando parte de nós é renegada, quando parte de nós tem negados seus direitos legítimos e essenciais, sofremos todos. O caminho para nossa soberania é trilhado pela inclusão econômica, social e política com sustentabilidade ambiental”, defendeu ela.
“Estamos mobilizados para denunciar, resistir e reverter os cortes drásticos em ações estratégicas, as reiteradas investidas legislativas para fragilizar e até mesmo anular conquistas, as manifestações que desqualificam programas que foram responsáveis pela inclusão de milhões de famílias”, disse.
“Não somos apenas nós que valorizamos estes programas, são os dados irrefutáveis de pesquisas nacionais e as avaliações internacionais”, lembrou.
Clique aqui para ler a íntegra do pronunciamento.
Texto: Marcelo Torres
Fonte: Ascom/Consea