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Direto do produtor, sem crise
Plantar, colher e vender diretamente para o consumidor. É assim que a família do agricultor Raimundo Nonato leva a vida.
Plantar, colher e vender diretamente para o consumidor. É assim que a família do agricultor Raimundo Nonato leva a vida. Com a esposa e o irmão, planta diversos tipos de hortaliças. Tudo produzido de forma orgânica, sem o uso de agrotóxicos. Duas vezes por semana, o casal deixa o Assentamento Chapadinha, em Sobradinho–DF, coloca as caixas no carro e roda cerca de 30 km para vender no centro de Brasília. A produção vai bem. “Mas falta mais oportunidade de locais para a gente promover os produtos e levar para o consumidor”, diz Raimundo, que atualmente vende em duas feiras de orgânicos.
É numa dessas feiras na capital que a servidora pública Daniela Ferreira compra o que foi produzido pela família do Seu Raimundo. “Eu acho muito fresco porque vem direto da chácara pra cá, é de boa qualidade e além do mais não tem agrotóxicos”, conta a servidora. “A gente elimina o atravessador e eles vão ter o valor deles mais agregado porque o valor de venda do produtor diretamente para o consumidor acaba sendo mais atrativo pra eles. Pra gente também, pela praticidade e pela qualidade que eu considero superior à do mercado”, diz ela.
A nutricionista Érica França também compra diretamente do produtor rural. “Além da sustentabilidade e do fomento à agricultura familiar, auxilia toda uma rede que a gente considera verde. Polui menos porque eles vão se deslocar por distâncias menores para disponibilizar os produtos para os consumidores”, explica ela.
Para a nutricionista, o pânico gerado pela falta de alguns alimentos no comércio deve-se em parte à “monotonia na dieta das pessoas”. “Só tem batata? Se não tiver batata, não tem o que comer? Olha, nessas gôndolas tem batata doce roxa, batata-baroa, cará, inhame. Não dá pra substituir? Inclusive, estou vendo um saco de batata inglesa ali, do produtor local”, afirma. “Quem está ligado na realidade da produção orgânica e sustentável do Cerrado, não tem medo. Olha a abundância? Tem todas as refeições do dia aqui [na feira]”, completa.
Com a crise gerada pela falta de combustível, o produtor Helvécio Soares precisou acalmar os clientes. “Teve gente que ligou perguntando se a gente vinha [para a feira], se tem produto. E eu disse que tem e estou vendendo pelo mesmo preço”, diz ele. A pequena propriedade familiar produz hoje cerca de 100 litros de leite por dia. Além do produto in natura, Seu Helvécio também vende iogurte e queijo. “O pequeno produtor vive disso, tem interesse em vender e não deixar faltar”, explica ele.
O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) mapeou 740 feiras de produtos orgânicos em todo o Brasil. A localização está disponível na internet. É possível até mesmo baixar um aplicativo no celular para facilitar a busca e encontrar frutas, hortaliças, ovos, leite, queijo, mel, doces e biscoitos vendidos bem fresquinhos na feira mais próxima. Produtos comercializados diretamente pelo agricultor familiar, sem atravessadores e longe da possibilidade de uma crise de abastecimento por falta de transporte de cargas.
O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) tem defendido a adoção de políticas públicas de abastecimento que passem pela valorização desses pequenos produtores e diminuam a distância entre produção e consumo. “Alimentar milhões de brasileiros passa por fortalecer a conexão entre a cidade e o campo”, afirma a presidenta do Consea, Elisabetta Recine.
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Fonte: Ascom/Consea