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Cooperativas ajudam a reduzir custos e a viabilizar as pequenas agroindústrias
Cooperativas ajudam a reduzir custos e a viabilizar as pequenas agroindústrias
Quem é pequeno agricultor e quer produzir no campo precisa unir forças. Foi o que revelou o depoimento dado pela produtora orgânica Diva Vani Deitos nesta quarta-feira (20), em Brasília, ao participar da reunião plenária do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). O evento teve como tema a Regulação sanitária para inclusão produtiva na perspectiva da soberania e segurança alimentar e nutricional.
Ela relatou as experiências da Associação dos Pequenos Agricultores do Oeste Catarinense (Apaco). Segundo Diva, há até poucos anos, encontrar fornecedores de equipamentos em pequenas quantidades era apenas uma das muitas dificuldades enfrentadas pelas 33 mil famílias que processavam alimentos informalmente em Santa Catarina.
“Os pequenos produtores, excluídos do complexo agroindustrial de grandes empresas do oeste catarinense, sabiam produzir apenas matérias primas. O custo para a elaboração de projetos era muito alto e não havia um debate sobre a melhor forma jurídica de comercialização”, contou Diva Vani. Um dos primeiros passos para superar essa situação foi a construção de cooperativas e bases de serviços. “Criamos a Lei de Inspeção Sanitária 10.610/98, o Selo Sabor Colonial e formalizamos as pequenas unidades”.
Essas unidades familiares de produção artesanal se desenvolvem geralmente em propriedades de pequeno porte, de até 12 hectares. São gerenciadas pelos próprios proprietários, ficam distantes dos centros consumidores e precisam enfrentar a concorrência de grandes complexos exportadores de carnes e leite.
Por meio das cooperativas, contou Diva, elas podem trabalhar a partir de cadeias produtivas conhecidas, elaborar planos de negócios e projetos de viabilidade, encontrar pequenos fornecedores de equipamentos, montar equipes multidisciplinares e definir formatos jurídicos de funcionamento. “São sociedades de pessoas de natureza civil, com forma jurídica própria, não sujeitas a falência e constituídas para prestar serviços aos seus associados”, explicou.
As vantagens da associação em redes
Hoje a Apaco reúne mais de 168 grupos em diversas redes, como o Sistema Cressol de Crédito, a Rede Ecovida de Agroecologia e a Cooperativa Central Sabor Colonial. De acordo com Diva, as vantagens de montar redes como essas são muitas: articular-se em redes com outras cooperativas pode facilitar a superação de problemas comuns. O uso de identidades em comum também facilita a identificação pelos consumidores, cria uma identidade entre os agricultores e os associados, facilita a distribuição dos produtos e o fechamento de contratos.
“Dados mostram que 50% das cooperativas ou experiências isoladas quebram no primeiro ano de vida e 80% delas quebram no segundo ano, devido ao alto custo dos serviços. Em rede, é possível melhorar a logística de comercialização e reduzir os custos dos serviços especializados”, afirmou Diva.
Ela falou ainda sobre a importância da descentralização da gestão jurídica da cooperativa, com a criação de filiais, o que dá maior autonomia às agroindústrias familiares. “Melhora a gestão, por estar próxima do produtor, atua melhor na formalização do agricultor e atribui responsabilidade administrativa, jurídica e tributária ao associado.
Entre as facilidades para serviços de implantação de agroindústrias, Diva citou a dispensa da licença ambiental; a elaboração de rótulos e o encaminhamento ao órgão de legalização; a análise da água; a elaboração da planta e do projeto técnico, entre outros.
Reportagem: Ivana Diniz Machado
Fonte: Consea