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Conselheiras revelam dor e indignação sobre crime brutal no Rio
Marielle nasceu em 27 de julho de 1979 e foi criada na Maré, bairro da periferia do Rio. A parlamentar cursou Sociologia na Pontifícia Universidade Católica (PUC). Imagem: Mário Vasconcellos (EFE)
O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) é um órgão composto, em dois terços, por representantes da sociedade civil, muitos deles ativistas, lideranças sociais e militantes dos direitos humanos.
A morte brutal da socióloga e vereadora carioca Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, assassinados na noite de quarta-feira no Rio de Janeiro, teve repercussão imediata entre conselheiras e conselheiros, todos revelando dor e indignação com o triste episódio.
“Quantos vão precisar morrer?”
O site do Consea colheu algumas mensagens enviadas por conselheiras na manhã desta quinta-feira. A presidenta do conselho, Elisabetta Recine, iniciou sua mensagem usando uma das últimas frases postadas por Marielle nas redes sociais. Na verdade, trata-se de uma pergunta que ao mesmo tempo é um apelo: "Quantos ainda vão precisar morrer para que essa guerra acabe?". Elisabetta escreveu: “Todas e todos nós ficamos sem esta resposta”.
“Ou, pior”, continuou ela, “pelo que estamos vivendo a cada dia, parece que banalizamos as situações indignas de lideranças comunitárias, representantes populares, defensores de direitos humanos, serem brutalmente mortos”, lamentou, antes de concluir com um “luto por Marielle”.
Do silêncio ao grito
Já a conselheira Auridenes Alves Matos disse que “é angustiante ver mais uma mulher ser brutalmente assassinada no Brasil, uma mulher cheia de luz, de caminhos e de esperança”.
“Foi o mais duro golpe que levamos até aqui”, escreveu a conselheira Daniela Frozi, para quem a morte pode provocar dois tipos de reação: o silêncio e o grito. “A juventude negra da periferia do Rio”, disse ela, “já foi por muito tempo silenciada, agora é hora do grito coletivo; meu sentimento agora é de que muitas lideranças jovens como ela virão com força em todo o Brasil”.
“Que nos inspire a seguir na luta”
Em sua mensagem, a conselheira Inês Rugani escreveu que “o assassinato da vereadora Marielle é uma afronta à democracia, à justiça social, à luta pelos direitos humanos, é uma afronta às mulheres negras, de origem da favela, que buscam sua emancipação e a garantia de seus direitos”.
Inês Rugani destacou que “Marielle era uma pessoa iluminada, corajosa, que amava a vida e inspirava a todos que conviviam com ela”. Por fim, a conselheira deixou uma mensagem de esperança: “Que todas essas lindas características que ela possuía nos inspire para a gente seguir na luta”.
Voz da periferia
A conselheira Vanessa Schottz disse que recebeu a triste notícia “com muita indignação e com muita preocupação”. Segundo ela, “uma execução como essa tem o objetivo de calar a voz de uma mulher, militante, negra e que dedicava a sua vida à luta pelos direitos humanos e pelos direitos da população que vive na periferia”.
Vanessa Schottz destacou que Marielle “era uma mulher que veio da periferia, falava a voz da periferia e, não à toa, foi assassinada com o objetivo de que calassem a sua voz; ela representava e ainda representa muito para nós, que somos mulheres, militantes de direitos humanos e que víamos nela uma esperança muito grande de mudança na política”.
“Nós vamos resistir”
Na mensagem, Vanessa escreveu: “Fica para a gente toda a história de luta dessa mulher fantástica, de fibra, alegre, de luta. De uma mulher que dedicava a vida por uma sociedade mais justa, menos violenta, que garanta os direitos das mulheres negras e o povo da periferia”.
Por fim, ela lembrou: “Neste momento há muita consternação no Brasil. As pessoas estão indo às ruas manifestar sua solidariedade à família da Marielle e à família de Anderson, motorista que trabalhava com ela e que também perdeu a vida. Mas também as pessoas estão indo às ruas para passar um recado de que vão resistir”.
“As pessoas estão na rua para dizer que a luta pelos direitos humanos continua. Nosso sentimento hoje é de muita tristeza, indignação. O ocorrido foi claramente uma ameaça a nós que lutamos pelos direitos humanos. Mas nós vamos continuar lutando por igualdade, por uma sociedade mais justa. Nós vamos resistir”, concluiu ela.
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Texto: Marcelo Torres
Fonte: Ascom/Consea