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Censo aponta aumento de número de produtores que utilizam agrotóxicos na lavoura
Aumentou em mais de 20% o número de produtores rurais que utilizam agrotóxicos na lavoura, diz o Censo Agropecuário de 2017, divulgado nesta quinta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A última edição da pesquisa foi realizada em 2006.
Em números absolutos, o número de estabelecimentos que usam este tipo de substâncias saltou de 1,39 milhões em 2006 para 1,68 milhões em 2017.
Já o número de produtores rurais que disseram não empregar agrotóxicos caiu de 3,62 milhões, em 2006, para 3,2 milhões em 2017.
Concentração
Nos últimos 11 anos, os grandes produtores rurais, que detinham 45% das terras de estabelecimentos agropecuários em 2006, elevaram sua fatia para 47,5%.
O Mato Grosso é o estado que tem mais propriedades acima de 10 mil hectares, com 868 fazendas. Em segundo lugar, o estado vizinho, Mato Grosso do Sul, concentra 341 grandes latifúndios.
O Pará, em terceiro lugar na lista de quantidade de latifúndios, registrou 188 estabelecimentos rurais com 10 mil hectares ou mais. No entanto, com uma média de tamanho de 300 km² por latifúndio – equivalente a 42 mil campos de futebol –, o estado registra os maiores latifúndios do país.
A área ocupada pelos pequenos produtores ficou praticamente estagnada. As propriedades que têm até 10 hectares de terra representam metade dos estabelecimentos no país, mas utilizam uma área de apenas 2,2% do território produtivo. Em 2006, elas ocupavam 2,7% do total.
Perfil do produtor
O Censo Agropecuário de 2017 também traz dados sobre alfabetização, idade e, pela primeira vez, cor ou raça do produtor. O recorte racial mostrou que a maioria dos produtores é negra: pretos e pardos somam 2,66 milhões, o que representa 52,8% dos produtores.
Mais de 2,29 milhões se autodeclararam brancos, correspondendo a 45,4% do total. Indígenas somam 56 mil e amarelos, 33 mil.
Participação feminina
A participação feminina na direção de propriedades rurais está longe de ser equânime, mesmo com o aumento na última década (o percentual foi de 12,7%, em 2006, para 18,6%, em 2017).
Para cada mulher à frente de um estabelecimento agropecuário, quatro homens chefiam a produção. De acordo com os primeiros resultados do Censo Agropecuário de 2017, são 4,1 milhões de homens conduzindo propriedades rurais contra 945 mil mulheres.
Envelhecimento
Pessoas com mais de 60 anos correspondem a mais de 1,7 milhão dos produtores no campo, ou seja, 34,2%. Já os menores de 30 anos não chegam a 280 mil. Eles equivalem a 5,4% dos produtores rurais.
“Os produtores que já estavam no campo estão envelhecendo, o que é um processo natural. O que nos chama a atenção é que não há uma renovação. Não estão chegando produtores mais novos, os jovens não estão indo para o campo, estão procurando emprego em outro lugar. Isso é preocupante porque, em algum momento, não vai haver mais braços. E aí, quem vai produzir o arroz e feijão que comemos?”, avalia Antônio Carlos Florido, diretor técnico do Censo 2017 do IBGE.
Arrendamento
De acordo com o Censo Agropecuário de 2017 aumentou a área de terras arrendadas. Há 11 anos, elas somavam mais de 14,9 milhões de hectares. Em 2017, este número dobrou e ultrapassou 30 milhões de hectares. Áreas arrendadas são propriedades de terceiros explorada pelo produtor mediante pagamento fixo.
Na comparação com 2006, os produtores individuais diminuíram em terra e em área, enquanto as Sociedades Anônimas (S/A) e a propriedade por Cotas de Responsabilidade Limitada (LTDA) avançaram em área.
O número de estabelecimentos dirigidos por produtores individuais caiu de 4,9 milhões, em 2006, para 3,6 milhões. A área reduziu em 12,5%: de 278 milhões de hectares, há 11 anos, para 243 milhões.
Resultados parciais
Os resultados divulgados pelo IBGE nesta semana ainda serão consolidados e, de acordo com o instituto, podem sofrer revisões. Informações como valor de produção, receita e despesas dos estabelecimentos e tipificações, como dados sobre a agricultura familiar, estarão na série de resultados definitivos do Censo Agropecuário 2017, que será divulgado em julho de 2019.
Principais pontos do Censo
- Área ocupada pela agropecuária cresceu 16,5 milhões de hectares em 11 anos (alta de 5%);
- Maior concentração de propriedades: havia 5,07 milhões de unidades em 2017 contra 5,17 milhões em 2006 (redução de 2%)
- Caiu em 1,5 milhão o total de trabalhadores em propriedades rurais;
- Cresceu em 20,4% o total de produtores que usam agrotóxicos na lavoura, chegando a 1,7 milhão.
Fonte: Ascom/Consea, com informações do IBGE, Agência Estado e sites G1, UOL e Brasil de Fato.