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"A água não pode ter dono, ela é do povo", defende representante do Fórum Alternativo
Água é o tema de dois grandes fóruns mundiais - um oficial e outro alternativo - que estão sendo realizados esta semana em Brasília. O engenheiro agrônomo e especialista em economia política, Gilberto Cervinski, concedeu entrevista sobre o assunto ao portal de notícias G1. Segundo ele, o centro dos debates é a disputa pela água na América Latina. "Nós estamos fazendo esta edição do fórum [alternativo] para mostrar que a água está sendo disputada pelas [grandes] corporações, e o povo corre o risco de ficar sem ela", afirmou o agrônomo, que é coordenador nacional do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), uma organização presente em 15 estados brasileiros.
Criado na década de 1970, o MAB tem promovido ações para garantir o direito de ribeirinhos, quilombolas e agricultores que tiveram que deixar suas terras devido à construção de usinas hidrelétricas. O Fórum Alternativo Mundial da Água (Fama) estabelece propostas de oposição ao Fórum Mundial. "Pretendemos mostrar para o povo todas as estratégias de privatização da água que está presente em rios, nascentes, lagos e todas as 27 regiões aquíferas do Brasil".
"Nós vamos debater o atual momento, em que a disputa pela água acontece no mesmo contexto da crise do capital. A água não pode ter dono, ela é do povo e deve servir ao povo. A defendemos como direito e não mercadoria", enfatizou ele. "Defendemos a água como direto do povo, queremos que a universalizem, e que não a estabeleçam como mercadoria. Queremos que o povo tenha direito à água e que o lucro das empresas seja investido na melhoria dos sistema. Precisamos de tarifas reais e não especulativas e abusivas. Essa é nossa pauta no Fama", ressaltou.
"Se ocorrer a privatização, uma empresa poderá estabelecer uma cerca no lago, por exemplo, e proibir que alguém acesse essa água. Também poderá estabelecer um preço por metro cúbico [de água] e, aí, a população vai ter que pagar esse preço para alguém que ache que é dono do 'território'. Não seria pagar pelo custo do serviço", completou.
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Fonte: com informações do portal G1