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Programa Mundial de Alimentos, FAO e Fida se unem por ação rápida contra a fome
Durante encontro em Roma, José Graziano (Esq) advertiu ser necessária uma visão de sustentabilidade agrícola que disponibilize, a um só tempo, oferta de alimentos, serviços ecossistêmicos e resiliência climática. Imagem: Alliance to End Hunger
Os próximos seis meses serão cruciais para enfrentar a maior crise humanitária internacional em 50 anos, com o crescimento da insegurança alimentar no mundo, a exemplo da fome no Sudão do Sul, Somália, Iêmen e Nigéria, além de situações emergenciais, como os conflitos na Síria, afirma o novo diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA), David Beasley. “Precisamos enfrentar essas emergências agora”, conclamou ele. Se a forme não for cortada agora pela raiz, alertou, os gastos com respostas militares poderão crescer.
A declaração feita em 6 de junho, poucos dias após um evento sobre sistemas alimentares sustentáveis, realizado no final de maio último, pelo Ministério das Relações Exteriores e da Cooperação Internacional da Itália, no Palácio Della Farnesina, sede da chancelaria. Ali foram reunidos, pela primeira vez, os dirigentes da PMA, da Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).
O encontro teve como propósito a apresentação de relatório do Painel Internacional de Especialistas sobre Sistemas Agrícolas Sustentáveis (Ipes-Food), intitulado "From Uniformity to Diversity: a paradigma shift from industrial agriculture to diversified agroecological systems", com a presença dos representante da entidade, Olivier de Schutter e Emile Frison, e da Iniciativa para a Economia dos Ecossistemas e Biodiversidade (TEEB), Alexander Müller. A reunião abre perspectivas para uma nova etapa na relação entre FAO, PMA e Fida, por meio de cooperação mais estreita em temas de interesse comum.
Sustentabilidade
O diretor-geral da ONU, José Graziano da Silva, também advertiu ser necessária uma visão de sustentabilidade agrícola que disponibilize, a um só tempo, oferta de alimentos, serviços ecossistêmicos e resiliência climática. A chamada “revolução verde”, por exemplo, programa implementado na década de 60 para aumentar a produção agrícola global por meio do uso de insumos industriais, novas sementes, mecanização e redução dos custos de manejo nas plantações, elevou em 40% a quantidade de alimentos em menos de 50 anos.
Mas não foi capaz de erradicar a fome no mundo e ainda gerou consequências negativas para o meio ambiente, lembrou Graziano. Acrescentou ainda que cerca de um terço dos alimentos produzidos são perdidos ou desperdiçados, embora 800 milhões de pessoas ainda passem fome. Ademais, recordou que a atividade agrícola corresponde por cerca de 30% das emissões de gases do efeito estufa, além de contribuir para a degradação dos solos, da biodiversidade e da qualidade da água.
Ao sublinhar a contribuição da agroecologia para a resiliência dos agricultores familiares, para a oferta de alimentos nutritivos, a salvaguarda dos recursos naturais e da biodiversidade e para a adaptação aos efeitos da mudança do clima, José Graziano enfatizou que nenhuma ferramenta, tecnologia ou abordagem oferece isoladamente solução para os desafios do setor agroalimentar.
Fonte: Consea, com informações do MRE e Aliança para Acabar com a Fome