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PAA é um dos temas mais falados pelos participantes das Oficinas Sisan
O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é dos temas mais abordados nas falas dos participantes da Oficina Regional do Sisan [Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional], encontro que está sendo realizado nesta quinta e sexta-feira em Porto Alegre (RS) e reúne governos e sociedade civil de municípios e estados do Sul do País.
Antes, na primeira oficina, que ocorreu em São Paulo no final de junho, e reuniu os quatro estados do Sudeste, o programa também foi verbalizado por diferentes vozes da sociedade civil nos debates e grupos de trabalho.
Neste encontro em Porto Alegre (RS), uma dessas vozes é de Gervásio Plucinski, presidente da União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária do Rio Grande do Sul (Unicafes-RS). Ele levou ao encontro as seguintes considerações:
“O PAA foi a razão de algumas cooperativas surgirem e outras cooperativas se fortalecerem muito. Porque, principalmente o PAA doação simultânea, ele teve uma importância muito grande.
Eu digo ‘teve’ porque hoje praticamente pouco se opera aqui no estado [essa modalidade], mas ele teve uma importância muito grande porque ele possibilitava que as cooperativas colocassem a produção dos seus associados na sua própria cidade.
Isso evitava que ele [associado] tivesse que se deslocar para levar sua produção para fora. Isso tinha outra vantagem: ele entregava o produto da época, que ele mesmo produzia, e a partir disso, se formavam as cestas que eram distribuídas para as pessoas necessitadas.
O “doação simultânea” tinha essa importância porque dialogava com a realidade que o agricultor vivia. Não tinha o problema da logística, ou seja, aquilo que ele produzia na sua propriedade era colocado.
Hoje o PAA compra institucional é muito importante, pelo seu volume, aqui no nosso estado [Rio Grande do Sul], são R$ 328 milhões, mas ele tem isso – o agricultor muitas vezes precisa levar seu produto para uma distância bastante grande, que não tem na sua cidade consumo para esse produto.
Muitas vezes são feitas chamadas públicas em épocas que o agricultor não tem aquela produção. Às vezes o produtor tem laranja para vender mas a época da chamada pública não coincide com a safra da laranja. Então há essa dificuldade para ele colocar esse produto.
O “doação simultânea” teve uma importância enorme aqui no estado e a gente, enquanto Unicafes, acha que nós temos que trabalhar no sentido de voltar, de fortalecer, de ter um orçamento maior para essa modalidade, porque é uma modalidade que consegue fazer esta inclusão de produtores -e obviamente das cooperativas que são as representantes.
Uma questão importante quando a gente faz o debate do PAA, quando a gente faz o debate da segurança alimentar, é a gente discutir esse tema do cooperativismo. A gente tem a clareza de que o agricultor, se ele não estiver organizado numa cooperativa, ele tem extrema dificuldade de levar o produto dele para qualquer mercado.
Então, essa política pública teria que também fortalecer esta atenção, fortalecer esses instrumentos do cooperativismo que a gente vem construindo. O fortalecimento do cooperativismo é estratégico para que a gente possa manter o agricultor no campo e também para que a gente possa inclusive operar qualquer programa público com muito mais qualidade, seja nas modalidades do PAA, seja do PNAE ou outro. É fundamental esta organização em cooperativas”.
Fonte: Ascom/Consea