Notícias
Órgão defende restrição de publicidade de alimentos não saudáveis dirigida às crianças
O posicionamento do Inca destaca que a obesidade infantil compromete o bem-estar físico, social e psicológico das crianças.
Cerca de 13 em cada 100 casos de câncer no Brasil são atribuídos ao sobrepeso e a obesidade, sugerindo uma carga significativa de doença pelo excesso de gordura corporal. A informação faz parte do documento lançado nesta sexta-feira (4) pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca).
“O excesso de peso corporal está fortemente associado ao risco de desenvolver 13 tipos de câncer: esôfago (adenocarcinoma), estômago (cárdia), pâncreas, vesícula biliar, fígado, intestino (cólon e reto), rins, mama (mulheres na pós-menopausa), ovário, endométrio, meningioma, tireoide e mieloma múltiplo e possivelmente associado aos de próstata (avançado), mama (homens) e linfoma difuso de grandes células B”, destaca o Posicionamento do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva Acerca do Sobrepeso e Obesidade.
O documento alerta para o fato de as práticas alimentares não saudáveis e a exposição precoce ao sobrepeso e obesidade atuarem diretamente sobre o risco de câncer pelo efeito cumulativo dos fatores carcinogênicos. O posicionamento do Inca também destaca que a obesidade infantil não apenas compromete o bem-estar físico, como também o social e psicológico das crianças.
O Inca se posiciona favorável à adoção de medidas intersetoriais de regulação que favoreçam escolhas alimentares saudáveis que objetivem a prevenção e o controle do excesso de peso corporal e auxiliem na prevenção do câncer.
Entre as medidas sugeridas estão o aumento da tributação de bebidas açucaradas e adoçadas com adoçantes não calóricos ou de baixa caloria; restrição da publicidade e promoção de alimentos e bebidas não saudáveis dirigidas ao público infantil; restrição da oferta de bebidas e alimentos ultraprocessados nas escolas e aprimoramento das normas de rotulagem de alimentos que deixem a informação mais compreensível e acessível ao consumidor.
O documento é embasado no Relatório da Comissão para o Fim da Obesidade Infantil, da Organização Mundial de Saúde (OMS), no plano de implementação do relatório discutido na Assembleia Mundial da Saúde em 2017, e no Plano de Ação para a Prevenção da Obesidade em Crianças e Adolescentes, da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS, 2014).
O texto está alinhado ainda aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável adotados pela Assembleia Geral das Nações Unidas e ao Plano de Ação Global para Prevenção e Controle de Doenças Não-Transmissíveis (2013-2020), da OMS.
Posicionamento do Consea
Publicidade de alimentos ultraprocessados ― Para o conselheiro do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) Irio Conti, a mudança dos padrões alimentares e nutricionais está entre as principais causas do aumento dos casos de obesidade e de sobrepeso dos brasileiros.
“Mais e mais a população brasileira está sendo bombardeada pela publicidade de alimentos que estimulam o consumo de produtos ultraprocessados, que não são saudáveis mas são de interesse das indústrias de alimentos”, afirma Írio, que é professor e pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Segurança Alimentar e Nutricional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Rotulagem dos alimentos ― Para a nutricionista e conselheira do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) Ana Paula Bortoletto, a prevenção de doenças crônicas precisa estar associada com a adoção de uma série de outras medidas, como a questão da rotulagem dos alimentos.
“O Brasil ainda está muito atrasado em relação à revisão das normas de rotulagem, principalmente rotulagem nutricional. Na América Latina vários países avançaram muito rapidamente nesse tema, no sentido de ter informação na frase frontal da embalagem, de forma precisa e fácil de entender”, afirma a representante do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) no Consea.
Clique aqui para acessar o Posicionamento do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva Acerca do Sobrepeso e Obesidade.
Fonte: Ascom/Consea, com informações do Inca